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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O melhor lugar da casa # 2


Comida vegetariana é sem graça?


As nossas refeições normais têm uma estrutura bastante naturalizada pela maioria das pessoas: uma carne com acompanhamentos. Se pensarmos comida vegetariana como a mesma comida que a gente come normalmente, mas sem a carne, então a gente tem um belo prato de acompanhamentos. Ugh.
Normalmente, o sabor e o prazer estão na carne – na “mistura”. Ela que concentra temperos, gordura – e gordura é sabor, sempre. O resto é só acompanhamento.
Mas viver a experiência de uma boa comida vegetariana pode proporcionar a oportunidade de desenraizar a estrutura alimentar mais comum para nós. Transformar os “acompanhamentos” em parte central também.
A primeira coisa é ser um pouco generoso com a gordura. Como, em geral, a carne tem muita gordura, o resto é mais seco. Portanto, mesmo que se apronte uma comida com doses generosas de gordura, provavelmente ela será menos gordurosa que uma carne.
Segundo, é preciso inovar e ter generosidade também com os temperos. Dá para fazer melhor que o arroz branco refogadinho com um pouquinho de alho e cebola. Ou pior, arroz sem tempero, feijão sem gordura, salada só com sal e um pouquinho de azeite. Se a pessoa for extravagante, bota umas batatas fritas. Sinto muito, isso não é gostoso, saudável, nada.
Terceiro que não vale ficar só nos pratos sem carne que a maioria das pessoas normalmente já comem. O mais comum é uma massa com molho sem carne, é bastante comum. Mas tente comer macarrão com molho de tomate cinco dias seguidos. Novamente, ugh.
Enfim, imaginar pratos e refeições diferentes, sem nenhum tipo de carne, é um exercício delicioso para quem gosta de ficar horas na cozinha, mexendo com comida, tentando novas combinações. De verdade, saem coisas fantásticas daí.

Polêmicas à parte
O vegetarianismo é uma opção, assim como suas diferentes vertentes (veganismo, crugivorismo, frugivorismo...), de milhões de pessoas no mundo todo. Há inúmeras razões para se assumir esse modo de vida – sim, porque uma opção de alimentação determina sua vida em vários aspectos.
Nesse texto, não pretendi tratar das razões políticas, econômicas, espirituais ou éticas de se optar pelo vegetarianismo. Apenas pegar um ganchinho pra levantar a discussão.
Historinha real: certa vez, um jovem vegetariano, alvo da curiosidade dos colegas pela sua opção vegetariana, foi se servir de café em seu trabalho. Espantada, sua chefe perguntou:
- Ué, mas você não é vegetariano?
- Sim. Mas café é vegetal.
- Ah, mas vegetariano não pode tomar café...
- Pode sim, oras.

Rodrigo Mendes é jornalista, colunista do Blog Rodapé e chef de cozinha sem diploma; alçado ao posto pelos amigos que curtem suas misturebas gastronômicas

2 comentários:

Natalia disse...

mesmo sendo bem carnívora, por causa desse moço que escreveu o texto, aprendi que comida vegetariana é uma delícia e nada sem graça!

Thiago Domenici disse...

Eu conheco pouco de comida vegetariana. Mas neste ano passei a almoçar num restaurante por quilo muito bom no centro que mudou radicalmente meu conceito quanto a comida vegetariana. Hoje gosto e como menos carne. Boa, Mendão.

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