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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sábado, 19 de dezembro de 2009

COP 15: absolutamente incompreensível

Fuçando sites e afins vejo algumas coisas em meio as discussões sobre o clima do mundo. Algumas manchetes uma embaixo da outra, ou intenção do editor ou mera coincidência: “Copenhague não chega a acordo” e “Recorde de venda de carros no Brasil” ou algo desse tipo. Isso é só o contraditório. Mas me aborrece muito pensar no descaso e futilidade das discussões sobre tema tão importante que é Copenhague. Outro dia publiquei postagem “Copenhague não é brincadeira não, se liga!”.
Daí que nem quem lá estava se ligou, porque foi um bate cabeça e não se chegou a um acordo minimamente respirável. Ficou adiado para o México em 2010, COP 16. Nem foto oficial dos chefes de Estado. Vincular a imagem a uma catastrófe? Nem pensar. A verdade é que enquanto parte do mundo (já que a outra nem sabe o que está acontecendo preocupado que está com o próprio umbigo ou os desinformados em geral) esperava uma mudança positiva em prol do clima com o COP 15 o que se viu, infelizmente, foi um desabar nas negociações que se pautaram pelos interesses econômicos que gritam bem mais alto que a questão ambiental.
No palavreado rasteiro que fiz na mesa do almoço outro dia para o camarada João Peres, desabafei. “O gelo derrete, ilhas vão sumir com o aumento do nível do mar, catástrofes virão cada vez mais e quem vai decidir se a gente deve morrer com 2ºC ou 4ºC de aquecimento do planeta é uma meia dúzia de gente que, tirando os chefes de Estado, nunca vi a cara.” Que porra de democracia, hem?
Fora o discurso do presidente Lula, que achei muito razoável, a única proposta que me agradou foi a de Evo Morales, presidente da Bolívia. Ele propôs que as metas de redução das emissões de gases com efeito estufa sejam decididas através de um referendo mundial a se realizar em abril de 2010, já que os lideres não se entendem. Por que não? Já pensou? Em casos graves que afetam todo o globo não seria uma ideia de toda inviável. Eu gostaria de contribuir. Queria ter voz. “Se não estivermos de acordo ao nível dos presidentes, por que não colocar isso às pessoas?”, desafiou Evo Morales.
É claramente insuficiente as reduções de 50% até 2050 defendidas por países desenvolvidos. Estão empurrando a morte anunciada do planeta com a barriga. Por puro jogo político e de interesses privados. Sugar o planeta dá lucro, né?
É aquela história, quem pode decidir, não faz o que pode ou não quer. Como disse Lula em seu discurso. "Não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até a hora de agora. Não sei", criticou. Eu também não sei presidente. Alguém sabe? É absolutamente incompreensível.

Thiago Domenici é jornalista e está indignado com o fracasso irresponsável de Copenhague.

O discurso de Lula em Copenhague.

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