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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 27 de julho de 2010

O gaúcho que a Seleção precisava

Mano Menezes deixou uma boa impressão depois da primeira convocação como técnico da Seleção Brasileira. O treinador mostrou tranquilidade, segurança e conhecimento ao anunciar o início da reformulação no time após a era Dunga. A CBF atirou no que viu e acertou no que não viu. A entidade conduziu mal a contratação do novo treinador e acabou perdendo Muricy Ramalho por falta de habilidade de Ricardo Teixeira, inimigo político de Fluminense, Palmeiras e São Paulo, por coincidência, os últimos clubes de Muricy.
A postura de honrar o contrato com o time das Laranjeiras é louvável e digna de elogios. Poucos profissionais hoje, em qualquer ramo, agiriam com a mesma ética em uma negociação. Sorte de Mano, que já era cotado para o cargo antes mesmo da Copa de 2010. O gaúcho que conquistou, com muito trabalho, honestidade e bons resultados, os corações das exigentes torcidas de Grêmio e Corinthians (aliás, quem viu a homenagem que ele recebeu da Fiel no Pacaembu sabe que um dia ele voltará ao Parque São Jorge, como Felipão voltou ao Palmeiras, idolatrado).
Durante mais de uma hora de sabatina dos jornalistas no Rio, Mano deu seu cartão de visitas à CBF. A fala mansa não deve criar a ilusão de uma pessoa submissa. Mano não deixou de apontar falhas da CBF na condução de trabalhos anteriores e garantiu que não vai aceitar ingerências, assim como deixou claro que não vai comprar brigas que não lhe pertencem. A contratação de um psicólogo e a descentralização dos poderes serão benéficas ao time. O treinador mandou também seu recado aos jogadores, tanto os novos quanto os experientes e deixou claro que não vai aceitar que a vida pessoal de cada atleta interfira na Seleção. No trato com a imprensa, Mano não quis criar um personagem. Mano foi Mano e ponto, como sempre foi desde o início de sua carreira. O bom senso do técnico vai guiar todo o trabalho à frente da seleção em todos os aspectos, desde as futuras convocações, até o relacionamento com a imprensa. Mano é o gaúcho que a Seleção precisava depois da ditadura Dunga.

Mais brilho nas quadras que no campo
Faz parte da nossa cultura achar que o futebol é a única coisa que presta no esporte. Temos muitas vezes uma certa arrogância: enchemos o peito para valorizar o único pentacampeão do mundo; não cansamos de dizer que Pelé é o maior esportista de todos os tempos; enaltecemos que o jogador brasileiro é diferenciado e que temos uma renovação constante de bons atletas. Mas essa paixão futebolística nos faz cometer injustiças com outros esportes. O vôlei, por exemplo, tem trazido muitas glórias ao país. Seja com a seleção feminina ou masculina, as medalhas olímpicas e outras conquistas vão se acumulando. Fica aqui a sincera e humilde homenagem aos garotos comandados por Bernardinho que conquistaram a Liga Mundial pela nona vez. Prometo abordar mais vezes as lutas e as glórias dos chamados esportes olímpicos e por justiça vou trazer aos leitores do blog uma coluna exclusiva às modalidades. Hoje, a homenagem ao campeões do vôlei veio como uma “Nota de Rodapé”, o que reforça a importância do NR.

Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos", editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes e colunista do Nota de Rodapé.

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