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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

domingo, 3 de outubro de 2010

Gaspari, sobre o "grande escândalo"

O Nota de Rodapé, no dia 2 de setembro, já antecipava algumas coisas do livro. Hoje, em sua coluna na Folha de S. Paulo, Elio Gaspari, dá a informação. Leia o que publicamos aqui.

"UM GRANDE REPÓRTER E UM GRANDE ESCÂNDALO
Está chegando à livrarias "O escândalo Daniel Dantas", do repórter Raimundo Rodrigues Pereira. Será uma surpresa para quem acompanhou a vida do banqueiro que nos últimos oito anos foi do céu da grande finança ao inferno da cadeia com a Operação Satiagraha.
Aos 70 anos, com 45 anos de jornalismo e um memorável currículo, Raimundo sustenta, com documentos e investigação, que o empresário foi linchado por interesses políticos e econômicos. Em poucas palavras: "A satanização de Daniel Dantas foi uma conveniência para o governo do PT, substituindo a discussão das privatizações pela demonização de um culpado. Não mexeram no que fizeram os tucanos, não mexeram no comportamento dos fundos de pensão, muito menos na estrutura de interesses privados que surgiu nos anos 90".
Poucos jornalistas têm biografia capaz de ofender com tanta ousadia a sabedoria convencional. Em 1969, quando a tortura começou a se instalar em quartéis brasileiros, Raimundo coordenou a investigação que resultou numa capa histórica da revista "Veja" intitulada "Torturas". Peixe fora d'água na grande imprensa, criou o semanário "Opinião", desentendeu-se com a semente do que viria a ser o tucanato e fundou o "Movimento".
O repórter expõe teatralidades e inconsistências da Operação Satiagraha, com a apresentação de grampos manipulados, diligências espetaculares e tolices em matéria financeira. Ele atravessou 10 mil páginas de documentos, dezenas de entrevistas e 15 horas de conversas com Daniel Dantas. Em alguns casos, narra sua investigação na primeira pessoa.
O leitor de "O Escândalo Daniel Dantas" poderá atravessá-lo sem mudar de opinião sobre Dantas, a privataria, o PT e os companheiros dos fundos de pensão, mas perderá muitas de suas certezas. Sua utilidade está em permitir que não se continue acreditando em espetáculos e narrativas inconsistentes. O pior que pode acontecer quando uma história dessas aparece é pretender destruí-la pelo silêncio. Foi isso que fizeram os generais quando Raimundo botou na rua a reportagem sobre as torturas: apertaram o parafuso da censura em cima da revista "Veja"."

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