.

.
30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brasília é o futuro do Brasil

Talvez seja pela cidade ser um microcosmo do Brasil. Brasília tem apenas 50 anos, e se compõe, basicamente, de gente vinda de outros estados. Hoje, já há gerações de adultos (mais de 20 anos) cujos pais são brasilienses, mas eles ainda são raros. A cidade é meio que um simulacro do Brasil.
O casal Roriz
A verdade é que Brasília antecipa tendências, comportamentos e etc., que ainda vão acontecer de maneira ampliada. Reparei isso nas eleições presidenciais. Todas as oscilações entre Dilma, Serra, Marina e Plínio puderam ser percebidas, via de regra, poucas semanas antes na capital federal.
Isso, de maneira nenhuma, quer dizer que a cidade é mais “avançada” do que a média do país. Não se pode dizer isso de uma unidade da federação que levou para o segundo turno dona Weslian Roriz, a mulher-laranja que se tornou candidata a nove dias do primeiro turno por “amor” ao marido que estava sendo “humilhado”.
Além disso, no Distrito Federal a primeira colocada foi Marina Silva. Dilma ficou em segundo e Serra, em terceiro. No segundo turno, muito mais movidos pelo desejo, analistas estomacais afirmaram que, com essa característica de Brasília, provavelmente Serra ganharia no segundo turno. Quebraram a cara – os analistas e o Serra. Dilma ganhou aqui, no Brasil e foi eleita.
De fato, equipes de campanha que queiram fazer a sintonia fina de suas táticas, verificando os reflexos de suas peças publicitárias e o tom dos discursos dos candidatos, devem usar o DF como tubo de ensaio. Quem sabe daqui a quatro anos?

Agnelo e Filippelli.
GDF
Em total sintonia com seus pares e lideranças nacionais, o PT, com Agnelo Queiroz, encabeçou a chapa que se elegeu para o governo do DF, derrotando pela primeira vez o rorizismo, tendo como vice um cacique do PMDB, Tadeu Filippelli.

Mudança
Agnelo, assim como Dilma, era de outro partido (Agnelo do PCdoB, Dilma do PDT), mas migraram para alçar voos mais altos em termos eleitorais.

PMDB
Os dois vices, Temer e Filippelli, são tidos como extremamente habilidosos, astuciosos e mestres da articulação política. Temer é presidente nacional do partido. Filippelli é presidente do PMDB-DF.

Hábitos semelhantes
Agnelo e Filippelli mostravam sintonia desde o começo da campanha. Os dois usam o mesmo modelo de celular e têm o mesmo protetor e fundo de tela no computador!

Política local
Estranhamente, não consigo encaixar o rorizismo na tese de que Brasília antecipa tendências. A força de Joaquim Roriz, hoje no nanico PSC – depois de perder batalha interna justamente para Tadeu Filippelli –, é impressionante. A origem disso está em uma geração de pessoas, muito pobres e sem recursos materiais, que ganhou lotes de terra de Roriz. Ele criou uma cultura e um vício. Hoje, ganha eleição quem disser que vai dar lote.

Curral
Roriz tem um eleitorado cativo, de aproximadamente um terço da população, que só vai se reduzir à medida em que as pessoas envelhecerem, morrerem e outras gerações forem se formando, sem a cultura clientelista e patronalista da doação do lote. Roriz nunca, nem em pesquisas nem em eleição nenhuma, teve menos de 30% dos votos.


Fim de uma era
Weslian, a senhorinha católica que virou candidata arrojada, conseguiu herdar todos os votos do marido. E não teve NADA além dos votos do marido. No primeiro turno, teve um terço dos votos válidos, ou 440 mil votos. No segundo turno, depois de um mês de campanha violenta, virulenta, que botou a baixaria entre Serra e Dilma no chinelo, ela teve 449 mil votos. Um crescimento insignificante. É o fim de uma era.

Rodrigo Mendes de Almeida, jornalista, colunista do NR é editor do Jornal da Comunidade em BSB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ofensas e a falta de identificação do leitor serão excluídos.

Web Analytics