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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Palocci, Garcia, Amorim e a solidão política

Ontem à noite, aqui em Brasília, o ex-ministro Antonio Palocci errou seu posicionamento no palco em que Dilma Rousseff fez seu pronunciamento. Manda o espectro político que ele fique à direita da presidente, ao lado de Michel Temer e José Sarney. Tarso Genro também errou: deveria estar à esquerda ou logo atrás de Dilma, ao centro. Bem, é dado como certo que Palocci terá força no próximo governo. Deve ocupar algum cargo de coordenação. Casa Civil é a principal possibilidade. O que se viu em Brasília apenas confirmou a impressão: Palocci esteve com Dilma a tarde toda e chegou com a presidenta ao local do pronunciamento. No discurso da vitória, deu para perceber um dedo palocciano em pontos como compromisso fiscal e com a estabilidade econômica.
Um dos pontos positivos da vitória de Dilma é que a América Latina segue unida. A Argentina terá nosso apoio caso a oposição tente novamente colocar as mangas de fora, bem como qualquer outro país. A relação segue respeitosa com todos, independentemente do tamanho do PIB, do alinhamento ideológico e da origem étnica do chefe de Estado. O chanceler Celso Amorim afirmou ontem a este repórter que a reforma da ONU seguirá como pauta, qualquer que seja o governo brasileiro.
Muito se fala na permanência de Amorim e de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência. Garcia, elo do governo com a América Latina, foi na semana passada ao velório de Néstor Kirchner e voltou comovido com a força do povo argentino. Por aqui, foram muitos os colunistas que se colocaram a afirmar que a presidente Cristina “não vai aguentar.” Igual ao que o PSDB difundiu sobre a agora presidente. Perguntei a Garcia sobre que tipo de pensamento conecta as ideias de que Cristina e Dilma não aguentam: “O pensamento machista. Isso significa mais uma concessão que eles (PSDB) fazem ao conservadorismo.”
Para Garcia e outros quadros da base aliada, a campanha de Serra ficou muito aquém do que se poderia esperar de um político com a experiência do ex-governador paulista. O assessor especial lamenta que o tucano tenha se aliado ao que “há de pior na sociedade brasileira.” O exemplo escolhido por ele é o vice na chapa de Serra, o deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ), autor de frases nada felizes desta campanha. Palavras de Garcia sobre o vice: “Ou é sinal da mais absoluta solidão política de Serra ou é sinal de falta de critério.”

João Peres é jornalista, colunista do Nota de Rodapé (de Brasília)

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