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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mídia social é uma droga?

Você entrou nesse tal Twitter e se chocou com o tanto de coisa que aparece? Pensou “nunca vou conseguir acompanhar isso, tenho mais o que fazer!”? Se deu ao trabalho de escrever algo tipo: “Oi, como usa isso?” ou “Descobrindo pra que serve isso” e depois ficou meses sem entrar e nem lembra mais sua senha? Entrou no Facebook e, repetidas vezes, pensou “Não tô entendendo”? Pois é, posso te garantir que não está só no mundo.
Mas também posso te garantir que essas coisas estão ganhando importância. A importância varia de acordo com a necessidade - ou vontade - mas ela existe nas suas variadas formas. Isso não significa, necessariamente, que VOCÊ precise usar. Mas pode te fazer mais falta do que imagina. Ou pode te fazer mais mal do que você imagina.
Minha amiga Alice não tinha muita experiência e nem compreensão sobre mídias sociais. Aliás, nem sabia direito o que é uma mídia social (o vídeo abaixo explica o que é) e só tinha ouvido falar sobre um tal de Orkut - que lhe parecia muito invasivo e esquisito.



Aí chegou o Facebook (saiba mais) e os amigos e os parentes dela faziam parte - não é muito surpreendente, afinal a rede social tem hoje mais de 515 milhões de usuários pelo mundo. Todos conversavam sobre coisas que liam no Facebook, fotos que um colocava, outra pessoa (que estava na mesa ao lado) deixava um comentário (virtual) fazendo uma piadinha, em seguida as duas (dessa vez “pessoalmente”) riam e comentavam o que elas mesmas tinham acabado de escrever uma para outra, uma loucura!
Alice ficava um pouco confusa, não entendia por que era tão divertido. Por que alguém fica até de madrugada cuidando de uma fazenda virtual? Por que escrever um comentário pelo computador em vez de olhar pro lado e falar diretamente com a pessoa? Começou a se sentir excluída, já não conseguia conversar com todos como antes, ninguém tinha mais paciência de explicar cada coisa que acontecia naquela agitada rede social. Esqueciam de convidá-la pra uma festa porque o convite era enviado pelo Facebook. Ela não tinha dicas de games e nem se preocupava quem cuidaria da sua fazenda virtual quando fosse viajar. Então decidiu se arriscar e criou um perfil.
Ah, Alice ficou maravilhada! Quantos amigos achou sem precisar se esforçar... Como o Facebook sabia que a Joana tinha estudado com ela no ginásio e lhe recomendou como amiga? É um universo mágico! O Carlos casou, a Ana tá grávida, a Roberta, sua melhor amiga do prézinho, virou uma advogada bem sucedida. Coisas incríveis aconteceram! E se não fosse o Facebook, ela nunca saberia disso!
Em poucos dias tinha um monte de amigos, o Facebook dizia que tinha 80% de desempenho, um verdadeiro sucesso. Convite para aplicativo? Sim. Recomendação de página? Sim. Fulano é seu amigo? Sim. Convite para jogar? Sim. Acessar todos os seus dados pessoais pra te oferecer mais aplicativos e sugerir amigos? Sim. Acessar seu e-mail pra sugerir mais amigos ainda? Sim. Você curte esse anúncio de sabão em pó que um dia usou e sua roupa até que ficou limpa? Sim!
Deu palpite no almoço de um, riu do comentário de outro, tentou combinar uma cerveja com uma, descobriu a festa de outra, ajudou a amiga a interpretar um sonho, planejou uma festa que nunca aconteceu, “cantou” uma música. Um verdadeiro crescimento na sua vida social. “Eu vi (as fotos no seu Facebook) o jantar surpresa que preparou pra sua esposa de aniversário de casamento, tava lindo”. “Eu vi (as fotos no seu Facebook) que o seu churrasco de aniversário foi muito bom! Muita gente né? E o Bruno?! Hahaha ficou muito bêbado!”.
Alice já é usuária do Facebook há mais de um ano. Ainda não entende tudo o que acontece ali. Mas sente que voltou a ter uma vida social, finalmente. Mas precisamos ter cuidado, mídia social vicia, como bem esclarece o escritor Antonio Prata no seu antigo blog do Estadão.
Claro, caros leitores tuiteiros, facebookeiros e orkuteiros, que as mídias sociais não têm só esse lado “perigoso”, elas podem ser um grande diferencial pra quem busca conteúdo, informação, notícias (muitas vezes em primeira mão). Mas isso é tema para outro texto aqui no Nota de Rodapé.

Natalia Mendes
é editora de serviços do site Catraca Livre e colunista do NR

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