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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sábado, 19 de março de 2011

Ode a poesia

Thiago Domenici, o comandante deste blog, levantou uma questão que julgo extremamente oportuna: a importância da poesia.
Recentemente li um livro que reúne os discursos mais importantes ditos por Gabriel García Márquez durante sua vida - logo ele, que dizia odiar falar em público. Em “No vengo a decir un discurso” (inédito ainda em português), talvez o tema mais recorrente das falas de Gabo é seu amor pela poesia.
Capa do novo livro de Gabo
“Em cada linha que escrevo trato sempre, com maior ou menor fortuna, de invocar os espíritos inequívocos da poesia, e trato de deixar em cada palavra o testemunho de minha devoção pelas suas virtudes de adivinhação e por sua permanente vitória contra os surdos poderes da morte”, disse o escritor colombiano em 1982, durante o banquete de recebimento do Nobel, na Suécia. Gabo termina sua fala citando o poeta Luis Cardoza y Aragon, que definiu a poesia como a “única prova concreta da existência do homem”.
Estou totalmente de acordo com Domenici. Não me sinto capaz (e não tenho a menor vergonha de dizer isso) de avaliar o projeto da Bethânia em termos de custos, mas não tenho a menor dúvida de quão importante é que a poesia volte a ser lida, dita, escutada. Enfim, que faça parte das nossas vidas.
Ainda no livro dos discursos, Gabo nos presenteia com uma frase que merece ser escrita nas portas de banheiros de bares e colégios, pichada nos muros das capitais pelo mundo afora e pronunciada em alta voz durante os engarrafamentos que enfrentamos diariamente: “Creio que as vidas de todos nós seriam melhores se cada um de vocês levasse, em suas mochilas, um livro”.
O pedido era dirigido a militares colombianos, mas poderia, muito bem, se estender a qualquer um de nós – ou a todos nós. Se o livro for de poesia, então, dá para sonhar com um mundo bem menos amargo.

Ricardo Viel, jornalista e colunista do NR

Um comentário:

Maíra disse...

Ricardo, é urgente a necessidade de voltarmos e ler e escutar poesia...
Parabens! Muito bem colocado a questão da poesia.

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