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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

domingo, 5 de junho de 2011

SlutWalk SP: um grito diversificado contra o machismo

Aconteceu ontem, 4 de junho, a primeira Marcha das Vadias em São Paulo (versão brasileira da SlutWalk), com cerca de 300 participantes - pode parecer pouca gente, mas foi bonita e forte.
Cartazes com frases como: “Respeito é sexy, machismo brocha” e “Sou mulher, não sex toy” eram carregados entre a cantoria e a batucada. Muita gente fotografando, filmando, registrando. Por onde passava a marcha, era possível notar olhares curiosos de pedestres, comerciantes e moradores da região.

Jovens, velh@s, homens, mulheres. Homem vestido de mulher, mulher com adesivo “periguete”, mulheres com roupas “provocantes”, mulheres com roupas mais “discretas” e protegidas do frio, ou até mesmo quase sem roupa andavam junt@s.

Mulher diz não é "pedaço de carne"
Eram manifestantes com perfis diferentes e que, mesmo se tratando de um assunto tão sério, se mantiveram sorridentes e animad@s. Defendiam em alto e bom som o direito de se vestirem como quiserem e convidando quem observava a “ir pra rua contra o machismo”.

A Marcha, que tinha como principal objetivo questionar a ideia de que vítimas de violência sexual tem culpa por serem violentadas, começou na av. Paulista e desceu a rua Augusta até a porta do clube de comédia dos CQCs Rafinha Bastos e Danilo Gentili.

“Machismo mata,
estupro não é piada”


Rumo ao Comedians, na rua Augusta.
O destino foi escolhido por causa de uma “piada” contada por Rafinha Bastos, durante uma de suas apresentações de stand up, na qual afirma que estupro de mulher feia “é uma oportunidade” e que o estuprador “não merece cadeia, merece um abraço”. Segundo o amigo e sócio, Danilo Gentili, a piada é contada há anos, mas só ficou mais conhecida depois de uma matéria com o perfil do apresentador.

“A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria”, “Preste atenção, o corpo é meu, a minha roupa não é problema seu”, cantavam @s manifestantes, que, ao chegarem na porta do Comedians, emendaram “Me processa, Tas”, em referência à ameaça de processo que o apresentador Marcelo Tas fez a blogueira feminista Lola.
Ponto final: cartazes em protesto

Um dos policiais que fazia a escolta ficou curioso como os comentários e cartazes que criticavam Rafinha Bastos e perguntou “qual deles é o Rafinha”. Depois quis saber qual tinha sido a piada. Quando contei, fez uma cara de indignação e afirmou com firmeza “Vocês têm razão”.

Já começaram a ser organizadas mais Marchas em outras cidades, como Brasília e Belo Horizonte.



Natalia Mendes é jornalista
(Imagens/Vídeo de Thiago Domenici/Natalia Mendes)

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