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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

As lições de um velho caturra

A entrevista de Antonio Candido no Brasil de Fato (de 30 de junho a 6 de julho) para Joana Tavares é uma aula, como só um bom professor consegue dar. Ele está com 93 anos e goza de uma lucidez e simplicidade ímpar ao tratar dos temas sobre os quais foi perguntado.

Socialismo. “O socialismo é uma finalidade sem fim. Você tem que agir todos os dias como se fosse possível chegar no paraíso, mas você não chegará. Mas se não fizer essa luta, você cai no inferno”. Ou. “O que se pensa que é a face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue.”

Literatura. “O Machado de Assis, mesmo mal traduzido, continua grande. Se dizem: ‘a tradução matou a obra’, então a obra era boa, mas não era grande”

Informação. “Qualquer atividade que não seja estritamente técnica, acho que a clareza é necessária inclusive para poder divulgar a mensagem, a mensagem deixar de ser um privilégio e se tornar um bem comum.”

Geração. “Cada geração tem o seu dever. O nosso dever era político.” E o dever da atual geração? “Ter saudade. Vocês pegaram um rabo de foguete danado”.

Candido diz estar afastado de todas as novidades a cerca de 30 anos. “Parei no telefone e máquina de escrever”. Se define, singelamente, como um velho caturra. Entrevista para  ler, guardar e reler sempre que possível.

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