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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A mobilização via rede em Wall Street

Alguns sites e blogs dizem que foram centenas. Outros falam de cinco mil. Em síntese, a história é a seguinte: manifestantes nos Estados Unidos, denominados Adbusters (movimento anarquista sediado nos EUA) acamparam desde a noite de sábado, 17, nas imediações da Bolsa de Valores de Wall Street, em Nova Iorque, para protestar contra a corrupção no sistema financeiro e os cortes orçamentários propostos pelo governo de Barack Obama. A manifestação começou pela internet e foi batizada de Ocupar Wall Street (em tradução livre).

#OCCUPYWALLSTREET é hashtag do
grupo Adbusters no twitter.
Uma das justificativas da mobilização se traduz em declarações de um dos manifestantes e organizadores. “A resposta é simples. Wall Street tem cativa a classe política deste país. O setor financeiro tem cerca de três mil lobistas em Washington, cinco por congressista, que asseguram que seus interesses sejam resguardados”, diz Martin Newton.

Na mídia
No geral, a mídia internacional divulgou – sempre em reduzido espaço – que cerca de 700 manifestantes passaram, no sábado, a primeira noite acampados em Trinity Place, a 300 metros de Wall Street, e permaneceram ali até a tarde de domingo. Os manifestantes portavam cartazes onde se podia ler "Basta de corrupção" e "Freiem os cortes”, em clara mensagem à administração de Obama e ao centro financeiro.
Até a noite desta segunda, 19, a intenção dos Adbusters era permanecer no local até que o governo ouça todas as demandas do movimento. Entre as organizações que se juntaram à manifestação está o Anonymous, a comunidade mundial de hacktivismo.

A mídia corporativa brasileira seguiu os passos dos veículos internacionais conservadores. Poucas linhas em um ou outro portal e quase nada na TV, rádios e impressos. Sem surpresa. Afinal, as manifestações no Oriente lutam contra ditaduras “visíveis” aos olhos das grandes corporações, mas os protestos em solo estadunidense, no templo maior do sistema financeiro mundial, abriga um tipo de “regime ditatorial” que sustenta muitas das produções jornalísticas planeta afora.

Presos na “América”
Na manhã de ontem, barreiras de segurança cercavam a Bolsa de Nova York. A polícia da cidade informou que prendeu pelo menos sete pessoas que protestavam no local. Segundo informações da Bloomberg, duas foram presas por tentarem entrar no prédio ocupado pelo Bank of América e outra por ultrapassar a barreira policial. Outros quatro foram detidos por usarem máscaras, infringindo a lei estadunidense que proíbe uso por dois ou mais participantes de uma manifestação.

O esforço da polícia novaiorquina ocorreu num evidente empenho para evitar que a mobilização crescesse e chegasse com força à mídia. A maioria dos acessos à Bolsa de Valores foi fechada com o intuito de encurralar os manifestantes e diminuir o tamanho do ato.

Eixo
Em 6 de outubro foram programadas novas manifestações
O movimento, declaradamente, se inspirou na Primavera Árabe, ocorrida em vários países do Oriente neste ano, e na Porta do Sol, mobilização promovida pelos jovens “indignados” da Espanha, entre maio e junho passados. Em comum, a organização via rede, sem contar com o apoio da repercussão midiática tradicional, e a direção contra crises (políticas e econômicas) geradas por sistemas políticos corruptos e excessos do capitalismo.

Claro que o Ocupar Wall Street não teve a dimensão física do que ocorreu nas nações árabes ou mesmo em Madri, mas, consideradas as condições sócio-históricas dos EUA, o ato mereceria muito mais do que a cobertura discreta que lhe foi feita.

Agora, os manifestantes prometem voltar à carga em 6 de outubro próximo, com manifestações programadas para a capital do poder político estadunidense, Washington. Por enquanto, pode-se acompanhar as ações pelas redes sociais por meio da hashtag #OcuppyWallStreet ou pelo canal da rede http://www.livestream.com/globalrevolution

Moriti Neto é jornalista e colunista do Nota de Rodapé

Com informações da Telesur.

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