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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

domingo, 16 de outubro de 2011

Por uma sociedade com menos carros

Agradeço imensamente todas as pessoas que leram, curtiram e comentaram, no site ou diretamente pra mim, meu texto anterior, “Uma Reflexão e uma proposta (espero) polêmica”. Fiquei muito honrado com a “audiência” de vocês, e portanto, resolvi escrever uma continuação-resposta daquele texto.

Uma das coisas que me foram ditas é que não é tão simples assim, que o transporte público é ruim etc. Concordo. Acho que o fundamental é tentarmos nos educar e desconstruir o que temos hoje, no ritmo que nos for possível, para nos prepararmos para uma sociedade com cada vez menos carros.

Por exemplo, neste final de semana, precisava estar em um local a umas nove quadras da minha casa, às 9h da manhã. Me preparei para acordar em tempo de ir a pé para esse compromisso, mas quando acordo, bum, uma baita chuva. Despreparado como sempre, eu estava sem guarda-chuva e nove quadras na chuva é muito pé-no-saco.

Resignado, percebi que teria que ir de carro. Isso serviu para eu me preparar melhor, perceber que preciso comprar um guarda-chuva e estar psiquicamente preparado para, mesmo debaixo de chuva, andar as nove quadrinhas que, inclusive, ajudariam bastante a reduzir minha saliente pancinha.

Não gostei de ir de carro, pagar trinta mangos no estacionamento, mas aposto que, da próxima, irei a pé – já que, no caminho que eu precisaria fazer, não haveria possibilidade de ir de ônibus.

Acho que o importante é isso, que a gente vá, aos poucos, se preparando para depender menos e menos do carro. E se isso for se intensificando, é um processo que alimenta, também, a melhoria do transporte público – novamente, espero.
 
Outra coisa que me disseram é que as restrições que eu propus no outro texto eram pouco ainda, ou seja, que eu tinha sido meio “recuado”. Concordo também. Mas eu quis justamente fazer algo que, na minha cabeça, teria condição de dialogar com mais gente que as pessoas que já debatem sobre o assunto.

Às vezes, tenho a sensação de que a gente fica falando pra igrejinha, pra quem já sabe do que a gente está falando – e é natural, é mais fácil, essas pessoas entendem melhor a gente. É fácil falar que a gente precisa usar menos carro pra um monte de gente que já acha isso, que já concorda.

Então, pode até ser que a minha “estratégia” esteja errada – acho bem possível mesmo! - mas eu queria que os termos desse debate alcançassem além de quem já curte bicicletas na cidade, de quem já abriu mão de seu carro etc.

Nem sempre a gente “rebaixar” o discurso é a melhor forma de atingir mais gente. Eu também acho que o ideal seria não ter mais carro na cidade, parar a fabricação, que o governo devia parar de dar tanta facilidade pras montadoras, mas tive a sensação de que esse tipo de proposta pode criar um muro e, por mais que pegue bem com algumas pessoas, poderia ter menos capacidade de convencer mais gente.

Rodrigo Mendes de Almeida, jornalista, colunista do Nota de Rodapé

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