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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Evasão de privacidade!



por Cidinha da Silva*

Gostou do título? Chamou sua atenção, não foi? Achou criativo. Uma sacada inteligente, não é? Também achei, mas não é meu, não! É de José Wilker. Foi ele quem definiu de maneira ferina e feliz a prática das celebridades de fazerem de sua intimidade um reality show.

Aquele negócio de chamar os paparazzi para fotografar um encontro secreto com o novo affair, mas pautá-los antes, explicando que o casamento antigo ainda não acabou, mas há uma crise e, a expectativa da fotografada é que a publicização de uma nova possibilidade afetiva via veículos especializados em devassar a vida alheia, sensibilize o parceiro antigo para devotar a ela mais atenção e presentes. Aviso importante: é só para insinuar, criar um clima, pois a celebridade é mulher de família e quer manter o casamento.

Tem também o esquecido garotão musculoso, que sai da água do mar quase abandonado pela sunga e faz poses de halterofilista displicente, tudo previamente acordado com um paparazzi. O objetivo da performance é se mostrar para o autor da novela. Se der certo o fotógrafo ainda leva um troco e mais do que isso, ganha prioridade para clicar os novos centímetros de bíceps e adutores acrescidos ao corpitcho depois de dedicada malhação.

O problema agora é forçarem a barra para que as mulheres que amam mulheres e têm declarado isso publicamente também o façam. Será um tal de perguntar com microfone aberto o que duas lésbicas fazem na cama... mas quanto a isso é fácil adiantar a resposta, sugerida como padrão. Elas lêem, suspendem as pernas para tonificar a panturrilha e ajudar o retorno venoso, vêem TV, uma opera o smartphone enquanto a outra faz tricô. Brigam com as crianças que pulam na cama delas com os pés sujos, conversam, trocam carinho, namoram também, como fazem por toda a casa.

Invasão de privacidade nem sempre é evitável, mas a evasão o é, e evitá-la, doravante, fará parte das guerras a vencer para conquistar um pouco de paz.

*escritora, Cidinha da Silva mantém a coluna quinzenal Dublê de Ogum.
(Imagem: La dolce vita do cineasta Federico Fellini)

Um comentário:

Anônimo disse...

Cidinha, é legal dar créditos nas fotos

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