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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Grande desafio das massagens: Parte 2



por Thiago Domenici    ilustração Ligia Morresi*

Tomas Chiaverini não gosta de ganhar massagem. Dá pra entender? Ele diz que não gosta e ponto. E o fato de ele não gostar acometeu esse texto e o dele, depois de um papo virtual despretensioso.

Faz tempo quero falar desse assunto. Faz tempo: digamos que há 5 mil anos existem registros de desenhos do uso de técnicas de massagem na China, Japão, Egito, Pérsia – atual Irã. Massagem, veja você, é a manipulação do corpo do outro por meio do toque o que nos traz muitas vantagens terapêuticas.

Minha experiência mostra que os pés são templos de sentidos. É um universo. As costas, talvez uma preferência nacional, são minha segunda opção. Apesar que o seguinte: minhas panturrilhas tem se destacado nos últimos anos como minhas preferidas zonas de dor e prazer. Ficar sentado muito tempo dá nisso. E dá noutras coisas também, mas deixa pra lá.

Massagem exige muita técnica e estudo. E a técnica somada a mais ou menos força gera prazer, libera endorfina – a substância do bem-estar. E o prazer, ao gosto do freguês, ora vem com ou sem dor. Muita atenção: não é só maçarocar o sujeito de qualquer maneira que tudo se resolve. Não, não, não.

Tem de tudo na massoterapia: da anti-celulite a ayurvédica; da anti-stress a holística; da massagem com velas a quick massage; da aromaterapêutica a biodinâmica; do shiatsu a tibetana; da sueca à redutora; da pedras quentes a tailandesa etc

Digo de brincadeira mas é muito sério: todo ser humano devia ter direito a massagem. E essa coisa toda tem base científica. Não é piração. Os gregos da antiguidade e chineses de séculos passados já praticavam massagem em seus atletas depois de exercícios.

E uma turma de cientistas no Canadá demonstrou que os gregos e chineses entendem do negócio. O estudo mostra que a massagem facilita a recuperação após danos musculares. Dez minutos de massagem reduziram os sinais de inflamação nas células. E, algo que vai merecer mais estudo, o "resultado foi parecido ao produzido por analgésicos”.

Bom, é preciso também ver o lado do massagista – “doador” –, profissão das mais nobres e difíceis. Há que se ter uma empatia entre massagista e massageado. Ele pode, oras, até negar a massagem. Seria justo caso o sujeito não se apresente em condições adequadas ou com ideias erradas na cabeça.

Pense bem: não é tão culturalmente natural deitar numa maca com parte do corpo despida diante de um desconhecido. E o massagista, por azar, pode pegar cheiros e texturas pouco ortodoxas durante sua jornada profissional. Massagista amiga minha é da tese que todo mundo devia tomar banho antes da sessão. Eu topo. Mas o Tomas não. Cada um na sua. Não tô aqui para provocar ninguém.

Como tudo que é bom – ou quase tudo – não é barato, penso que a popularização da massagem ia ter impacto econômico-social positivo na sociedade. Mas a felicidade, nesses casos, tem preço – e no caso em questão varia bem e não tem muito a ver com a inflação.

Para dar rumo final a essa prosa, não se pode negar que a questão prazer-dor tem uma vertente sexual – veja bem, sexual não é sexo. O ato de dar e receber massagem tem uma ligação de corpos, de sentidos e sensações. Portanto, a ver com doar e sensibilizar.

A melhor massagem da minha vida será sempre a próxima. Ao fim, aquele sono que me dá e um relaxamento gigantesco é o que todo corpo precisa para vencer o dia seguinte. Entendeu, Tomás?

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Thiago Domenici, jornalista, editor e coordenador do NR. Ilustração especial para o texto de Ligia Morresi, designer e ilustradora

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