Estive no Credicard Hall, nesta sexta-feira (18), e vi uma lenda, um monstro do rock, Jerry Lee Lewis, 73 anos, que ao entrar no palco em São Paulo em curtos passos - anda com dificuldade - acenou aos aplausos e gritos - tiros de câmeras e celulares, um mundo de luzinhas acessas em substituição ao velho isqueiro dos shows de antigamente. Sentiu-se bem recebido, sem dúvida.
O que pensou nessa hora? Sentou-se ao piano como quem toma café da manhã e lê jornal. Os parceiros de banda, quatro senhores que já haviam cantado quatro músicas esperavam despretenciosamente. Acomodado, mãos em cima do piano... Jerry Lee Lewis - que de outro mundo é, sem dúvida - e sua banda - também de outro planeta - faz o público se emocionar. Um rapaz, vestido a caráter como muitos espectadores do show (estilos anos 50 e 60, rockabillies), grita "eu não acredito, ele existe". Perto do palco, casais dançam e rodopiam ao som do The Killer (O Matador), apelido carinhoso que ganhou aos 15 anos e que tem o piano como uma extensão do corpo. O show durou uma hora e deixou gosto de quero mais. Terminada a última música, levantou-se, acenou, sorriu como quem diz "acho que gostaram" e saiu. O públicou correu para a beirada do palco ovacionando a fera. Durante o show sua expressão e calma me surpreenderam, a intensidade das músicas era enorme, mas parecia não fazer esforço para cantar; como se estivesse ao telefone.
Lewis voltou ao Brasil depois de 16 anos para lançar seu último disco "Last Man Standing" (2006); amigo de Jonh Cash, Elvis Presley e muitas feras, é precursor do genuino rock and' roll, (foi um dos originadores do gênero, ao lado de Chuck Berry, Little Richard, Ike Turner e Fats Domino) dono de clássicos como "Great Balls of Fire", "Whole Lotta Shakin' Goin' On" (1957) e "Breathless" (1958). Fez uma única aula de piano na adolescência "o professor não gostou do meu jeito"; criou estilo próprio, virou lenda viva.
Em entrevista para a Estadão disse: "Sempre vivi intensamente. Se pudesse, faria tudo de novo"; "Meu estilo de música é rock and roll, boogie woogie, country, blues, tudo junto." Já para a Folha de S. Paulo, por e-mail, o repórter pergunta. "É o senhor mesmo que está teclando essas respostas, como faz com o piano?" ao que responde "Estou falando, mas não teclando. Nunca aprendi a datilografar, só a tocar piano. É a única coisa em que coloco os dedos, além de mulher bonita", disse Lewis, que casou seis vezes, lançou mais de 50 discos e só com a gravação de Great Balls of Fire, clássico dos anos 50, vendeu 6 milhões de cópias.
Vídeo do show em SP (18/09/2009):
3 comentários:
Eu vejo esses casos e penso: sou muito velha e reclamo demais da vida... que inveja de você. Queria ter visto isso de perto.
Eu vejo esses casos e penso: sou muito velha e reclamo demais da vida... que inveja de você. Queria ter visto isso de perto.
Vanessinha, eu tb reclamo e me acho velho; só fui no show por pressão do Barbieri. ainda bem, valeu muito a pena. beijos.
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