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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Penetra Oficial # 7

O trabalho e a vida frenética do show business me deixaram um pouco neurótica. Talvez eu tenha tendência para isso por ser ansiosa, agitada e um tanto “sr. Saraiva”, o personagem “tolerância zero” da tevê. Fujo um pouco dos hábitos profissionais nesta coluna para falar das neuroses cotidianos que muitos vão se identificar.

Como o nome já diz a escada é rolante
A – Será que os casais não aprenderam que escada rolante não é ponto de namoro? Por que eles cismam em ficar no meio do degrau, abraçados, trocando beijos estalados? E vai pedir licença pra passar que ainda te chamam de mal amada.

B – Um coisa é certa: siga em frente se você não sabe qual destino tomar ao sair da escada rolante. Coisa chata aquela pessoa que desce da escada e vira estátua sem mais nem menos. Lembrem-se, estátuas, atrás vem gente e a escada continua rolando.

C – Já viram as novas campanhas que avisam “deixe o lado esquerdo livre”. Não existe segredo, é só deixar o lado esquerdo livre e você não vai atrapalhar o tempo de ninguém. Fica parado quem quer, anda quem quer.

Hábitos alimentares
Comer é uma delícia, e os 10 mandamentos que me perdoem, mas o pecado da gula é algo que pratico quase que diariamente. Porém, esse momento tão prazeroso da vida pode se tornar um martírio. Vamos aos exemplos:

A – Um dos primeiros ensinamentos de nossas mamães: - Filhinho, não come de boca aberta. Por que tem tanta gente que resolve virar rebelde sem causa e contrariar essa máxima da educação? Eu não sou obrigada a saber o que meu amigo do lado está comendo. Desculpe, mas olhar pra minha comida já é o bastante.

B – Esse mesmo ensinamento vale para o chiclete. Não tem coisa pior que o som de gado mastigando grama no pasto, e do mesmo jeito que ninguém quer saber qual é a comida que fulaninho está mastigando, o mesmo acontece com o chiclete e seu barulhinho irritante.

C – Agora pára tudo: limpar os dentes em público não, mil vezes não. Banheiro foi feito pra isso. E quanto aos acessórios, todos são substituídos por algo chamado “fio dental”. Palitinho? Pelo amor de Deus, não! E o modo sucção (aquele barulhinho, sabe?). Também não! Pior que a gente enxergar a comida na boca da pessoa, é depois saber que o pedaço de frango ficou enroscado entre os dentes.

Fones de ouvido sim. Viva voz não!
Já faz algum tempo que inventaram o fone de ouvido. Sábia invenção. Pena que neste século algumas pessoas não perceberam sua eficiência. É como costumam dizer “som alto, música ruim”. Desculpem, não pretendo ofender, mas vamos aos exemplos.

A – Metrô de manhã. Você está com sono, quer dar aquele cochilo antes de ser arremessado na estação da Sé, mas o fulaninho insiste em colocar o celular dele no “viva voz” em alto e bom som para ouvir aquele “funk pancadão”. As pessoas olham torto, fazem cara feia, mas o fulano não se toca. Ele acha o som dele o máximo. Me desculpe quem ouve pancadão, mas às 7 horas da manhã não dá não.

B – Nextel é bom, prático, econômico e pensando nisso eu também tenho um. Só que, o fato dele ter um viva voz não quer dizer que todo mundo que circula ao seu redor precisa ouvir sua conversa. Certo dia, tive uma aula de informática dentro do ônibus. Não é que o técnico foi explicando ao cliente passo a passo tudo o que deveria ser feito? E tudo no alto falante, não apenas eu, mas os outros 20 passageiros também aproveitaram o momento “aprenda a trocar o hardware”.

C – Pior que esses exemplos acima é o cidadão que adora discutir o relacionamento em local público. Não tenho tendência para confessionário. No trajeto ao trabalho lá estava eu tentando meu soninho matinal e uma matraca insistente atrás. Achei que ela falava com a amiga. Não. Reclamava ao fiel amigo gay? Não. Falava com ele de um modo diferente, dos problemas com o marido, sobre o modo como ele a tratava mal e aos filhos. A voz de choro ao contar que o marido não se lembrou do seu aniversário e nem dos filhos terminou melosa e decifrei que o amante era a voz por traz do celular. E eu ali como uma ouvinte de programa de fofoca.

As pessoas dirigem da mesma forma como elas andam?
E pra terminar, prestem atenção em como andamos na rua.

A – Pessoas que andam de mãos dadas, e ocupam a calçada de ponta a ponta. Se você tenta ultrapassar ainda te olha de cara feia e diz: “Tá com pressa? Passa por cima!”

B – Fulaninha andando pela calçada em ritmo acelerado e de repente pára com tudo só para contemplar a vitrine. Não deu seta, não acendeu a luz de freio, não deu sinal nenhum. É óbvio que você acaba chutando a canela da fulana que diz indignada: “Ai, você me chutou”. Dane-se é o que dá vontade de responder.

C – Tem o dono da rua, o restante de pedestres é composto por meros figurantes. O cara gesticula e acerta o dedo no seu sorvete, risca a lente do óculos, é um horror. Ele faz que vai atravessar a rua e dá uma ré repentina, pisa no seu pé e não pede desculpas. E pra piorar também não anda em linha reta. Já aconteceu com você? Quanto mais você tenta ultrapassar, mais ele se joga na mesma direção. Se você vai pra esquerda ele também, você corre pra direita ele também.

O ruim é encontrar todos esses personagens num mesmo dia e descobrir que o pior de tudo é que a gente pode ser um deles...

Fabiana Cardoso é jornalista, produtora e colunista do Blog Rodapé.

4 comentários:

Natalia disse...

adorei o texto! mas adorei mais ainda saber que não sou a única que pensa essas coisas hehe

Fabiana Cardoso | Canción Comunicação disse...

Que bom, vamos aumentar essa lista, quem sabe o povo não se toca?

Roger disse...

Pode crer! Muito bom! Odeio gente que pensa que está sozinha no mundo!:-)
Beijo!

Juliana disse...

Adorei o blog!!
E este post 'e muito bom!!! isso realmente acontece!! pena q este tipo de pessoa nao percebe o quanto atrapalha os outros

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