Durante a semana que passou, uma repórter da rádio Jovem Pan, em São Paulo, reproduziu o que foi escrito em um falso perfil criado no twitter (cujo símbolo é uma baleia) em nome da apresentadora do SBT, Hebe Camargo, fato que levantou uma série de discussões sobre o uso do microblog como fonte de informação. Na reportagem, a jornalista contou, entre outras coisas, que Hebe se divertia correndo pelo hospital de cadeira de rodas.
Estava trabalhando na redação do Portal Terra no momento em que a informação foi veiculada pela rádio Jovem Pan o que casou entreolhares silenciosos. Imediatamente a jornalista do Terra que cobria o ‘caso Hebe’ quebrou o silêncio e disparou: “isso não pode ser real, eu não vou dar”. E ela estava certa.
É preciso lembrar que os ‘erros da imprensa’ já existiam antes da Internet, como o caso Escola Base, em 1994, por exemplo. O twitter continuará sendo importante fonte de informação para todos os comunicadores. Foi assim com o blecaute em grande parte do País em novembro de 2009 e assim é em relação ao recente terremoto no Haiti. Além do jornalismo, empresas têm feito uso do microblog para se relacionar com clientes e obter algum tipo de feedback.
Já em 2003, segundo pesquisa do Guia do Webjornalista, realizada com seus utilizadores, cerca de 41% dos participantes apontaram que a instantaneidade é o que mais caracteriza o webjornalismo. A interatividade apareceu em segundo lugar, com 28,11%. Assim é o twitter, instantâneo e interativo. Em 2006, a pesquisadora Lúcia Lemos lembrou a todos que os usuários do twitter ‘furaram’ veículos como a “BBC” e o “The New York Times”, quando o terremoto da China ainda estava acontecendo. Quem seguia estes utilizadores ficou sabendo em tempo (mais do que real).
O jornalista pode e deve ter algum tipo de contato com o twitter e manter com uma relação amigável. Uma pesquisa realizada pela S2 Comunicação Integrada, entre julho e setembro de 2009, apontou que 48,77% dos jornalistas usam o Twitter como rede social preferida. No entanto, checagem, apuração e investigação não devem ser palavras de ordem, mas pratica diária da imprensa. Na terra da baleia, o peixe também morre pela boca.
Paulo Rodrigo Ranieri é mestre em jornalismo, pesquisador da comunicação no contexto digital, membro do grupo Atopos - ligado a USP - e colunista do Nota de Rodapé; mantém também o espaço Do Analógico ao Digital.
Um comentário:
As redes sociais podem ser boas ferramentas de comunicação, mas, na minha opinião, há dois problemas crônicos: se transformam mais em "centrais de boatarias e fofocas" e menos de informações, e, por vezes, aumentam a crescente preguiça mental de muitos jornalistas, que não são lá muito chegados a um bom processo de apuração. E, se os filtros são ruins, não são os Twitters e Orkuts da vida que vão melhorá-los.
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