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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Vicentico, você não vai esquecer esta voz

Vicentico diz que durante muito tempo sua voz foi uma preocupação. Rouca, grave, às vezes um pouco desafinada. “Sei que não sou um virtuoso, mas deixei de me torturar por isso”, disse há um par de anos em uma entrevista.
Esse argentino de 45 anos fez história nos anos 80 e 90 com Los Fabulosos Cadillacs (ótima banda de rock argentina) e em 2002 decidiu seguir carreira solo – ainda que oficialmente os Cadillacs nunca acabaram (vira e mexe se reúnem para participações especiais e, em 2009, voltaram a fazer turnê).
Hoje, no terceiro trabalho solo, Vicentico já garantiu espaço na música latino-americana e deixou de lado o “sobrenome” Ex-Cadillacs. A voz, que um dia foi um problema, virou marca. É inconfundível, única. “É como todos os defeitos. Um dia, o cara que sofreu por causa do nariz, percebe que isso é exatamente seu diferencial. Tudo bem, não é uma grande virtude, mas é com isso que vim”.
Talvez tão chocante como a voz é a figura de Vicentico. Tatuagens pelo braço, cabelo espetado, ar de desleixo, bengala em mãos (já contou que a usa não por problema físico, mas por “necessidade pessoal” – “me ajuda a estar dentro de mim”).
Como um tipo assim pode cantar coisas tão doces? Talvez a imagem ajude-o a dizer coisas tão românticas sem soar brega.

Algo contigo

Preciso te dizer que morro por ter algo contigo
É que você não percebeu o quanto me custa ser teu amigo
Já não posso me aproximar da tua boca
Sem deseja-la de uma maneira louca
Necesito controlar tua vida, ver quem te beija, quem te abriga
Já me restam poucos caminhos e ainda que possa parecer um desatino.
Não queria morrer sem ter algo contigo
Baladas rock-românticas, mas com a presença sempre marcante de tambores, algo de ska, salsa, talvez. Em fotos de divulgação de CD e na maioria dos videoclips, Vicentico tira onda, coloca um terno, faz cara de galã e esconde as tatoos. Nos show, vai de óculos escuro, quase sempre vestido de preto, desarruma o cabelo e volta aos tempos dos Fabulosos Cadillacs.

Felicidad

Felicidade, me convidou a sua festa e não fui
Não me animei, cheguei até o saguão e voltei
Você foi o presente que eu não pude abrir, queimou minhas mãos e fui embora
Pensando que o tempo farias as coisas por mim
Felicidade, felicidade, parado os dois frente à frente
Quis te beijar e se foi de repente
Vicentico é uma boa trilha sonora para os apaixonados (ontem foi dia dos namorados em vários lugares do mundo, inclusive nos que falam espanhol). Bom pra quem sofre de amor não correspondido. Pra quem está em busca de um, ou já jogou a toalha e acha que nunca o encontrará. Ou seja, além de controlar a comida, fazer exercício físico, não fumar, há outra receita para cuidar do coração: ouvir essa voz inconfundível de Vicentico, cujo nome de batismo é Gabriel Julio Fernández Capello (muito mais “romántico” do que Vicentico, não é não?).

Si me dejan

Se me deixam na rua, eu me ajeito
Se me soltam no mar, eu volto
Se me botam na prisão, eu me solto
Se a noite fica escuro, eu me acendo
Contra toda a maldade, eu me acerto
O que não posso é me acertar, sem seu amor
O que não posso é arrumar meu coração
Qualquer luta que eu tenha nesta vida
Sem você não sobra nada, sem você eu não poderia
Gostou? Aí vai mais:

E esse, ao vivo, com os caras do Calle 13 (de quem já falamos por aqui). Se liga na reação do público quando Vicentico aparece no palco.



Ricardo Viel é jornalista e mantém a coluna Conexsom Latina neste Nota de Rodapé

Um comentário:

Claudia disse...

fã do blog e absoolutamente apaixonada por essa coluna. sempre uma canção deliciosa para ouvir. em grande prazer.
grata
cláudia

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