Você, leitor desta coluna, deve ter estranhado o fato de eu não me pronunciar durante o principal evento esportivo do mundo (podem reclamar, mas para mim, a Copa mexe mais com as emoções do que a Olimpíada, que também é fascinante). Não foi por desprezo nem por preguiça. Queria esperar a chegada das quarta-de-final para analisar as equipes. É lógico que muita coisa boa já aconteceu na África do Sul, como o vexame da França e as belas torcedoras holandesas que invadiram os estádios e, injustamente, foram punidas pela Fifa. Vale destacar ainda a evolução do futebol japonês, que hoje colhe os frutos plantados por Zico. Outros episódios, como os erros de arbitragem e a guerra de Dunga com a imprensa brasileira (como se os jornalistas fossem o grande adversário do time), desagradam. Sinceramente, lamentei a eliminação precoce da Itália, mas a Azzurra pagou caro por não promover uma reciclagem no time campeão de 2006, que na época já era apontado como um time velho.
Com a bola rolando, a Alemanha renovada (na idade e no jeito de jogar) mostrou força ao passar pela remendada Inglaterra. A Holanda e a Espanha avançaram, mas ainda estão abaixo das expectativas criadas pelos grandes jogadores que têm. O Brasil continua pragmático e dependente da inspiração de Kaká, que ainda não está 100% fisicamente, de Robinho, que está com vontade de brilhar, e Luís Fabiano, que quando recebe a bola define. Contra o Chile, sem Felipe Mello no time, a seleção se apresentou melhor, com mais movimentação e até o futebol de Gilberto Silva cresceu. Pena que Ramires está suspenso e o brucutu do Dunga voltará entre os titulares.
Pois bem, agora, já sem aqueles times chatos, retrancados e desconhecidos, finalmente, a Copa começa. Como disse nosso editor Thiago Domenici recentemente, eu também prefiro pegar os tubarões. E a partir de sexta-feira o Brasil vai ser realmente testado. A Holanda é um adversário tradicional em Copas. Em 1947, tomamos um baile, mas nos dois últimos confrontos levamos a melhor. Acho que o vencedor deste confronto vai fazer a final contra quem passar de Argentina e Alemanha, que é mais equilibrada em todos os setores do que os sul-americanos.
Aliás, eu ainda não falei da Argentina, que tem Maradona como principal estrela na África. Mesmo com terno e sapato, El Pibe ainda desfila talento e mostra habilidade ao matar a bola na lateral do gramado. Dieguito também tem sido polêmico, provocativo e, às vezes, simpático e bem humorado nas coletivas. O time dele é muito bom a partir da linha de volantes, com Mascherano e Verón, mas a defesa é frágil, o que pode comprometer o tri dos hermanos. Messi ainda não brilhou, mas também não se omitiu, como fez C. Ronaldo (Ronaldo só tem um...), e tem contribuído com o time.
Para não ser injusto, o Uruguai volta a figurar entre os melhores do mundo após muitos anos, mas acho que o time comandado por Forlán e Lugano morre nas semifinais. É isso, preparem as bandeiras, o amendoim e a cerveja!
Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos", editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes e colunista do Nota de Rodapé.
2 comentários:
Eu democraticamente discordo de você, acho que a Copa já começou a muito muito... Abordo de forma mais ampla nesse post:
http://osentidoeoverbo.blogspot.com/2010/06/copa-e-do-mundo.html
Boa Barba! Análise criteriosa. E vamos torcer para que não termine para nós na sexta-feira, que não é 13!
Abração,
Dedé Gomes (O Verdadeiro)
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