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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Desabafo de uma repórter indignada

Telefones de apoio a mulher vítima de agressão não existem, mudaram ou são de lojas e até de uma peixaria

Peço licença para dividir minha indignação como jornalista e principalmente como mulher. Como os leitores do NR sabem, a violência contra a mulher, em todos os formatos possíveis e não imaginados só aumentam por aqui. A Lei Maria da Penha, que ajuda a intimidar parte dos agressores, é motivo de chacota para alguns juízes e juízas como a doutora Ana Paula Delduque Migueis Laviola de Freitas, do 3º Juizado de Violência Doméstica do RJ, que não puniu o goleiro Bruno na primeira denúncia de Eliza Samudio por entender que a moça não poderia se beneficiar das medidas de proteção, nem "tentar punir o agressor", sob pena de banalizar a Lei; ou ainda o doutor Edilson Rumbelsperger Rodrigues, que para não me estender muito, conto com a curiosidade do leitor e indico o site onde ele discorre sobre o assunto.
Pesquisando sobre o machismo que culpabiliza a vítima de violência para uma matéria que escrevo neste exato momento para o jornal Folha Universal, resolvi montar um guia de serviços com centros de referência e delegacias da mulher, locais onde a mulher vítima de agressão sexual poderia encontrar apoio e segurança para denunciar. Pois bem. Encontrei uma infinidade destas listas em sites de organizações feministas respeitáveis e até em páginas ligadas ao governo. Que maravilha! Mas uma pulguinha cismou pular atrás da minha orelha e decidi checar estes números - algo trabalhoso, porém necessário e básico. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que a maioria dos números fornecidos não existe, mudou e onde deveriam estar os tais locais de apoio na verdade funcionam lojas e até uma peixaria. Agora o leitor imagine: quanto tempo uma mulher demora e quantos monstros tem que vencer até resolver pegar o telefone para procurar ajuda? Quanto está em jogo? Então esta mulher disca o número fornecido e compra uma roupa nova? Encomenda um peixe?
Só faltou o telefone de uma pizzaria. Seria bem apropriado. Quando finalizar o guia, pretendo disponibilizar aqui no NR. Quem quiser e puder, compartilhe!

Andrea Dip é jornalista e mantém a coluna Mãe em Surto

2 comentários:

Nê disse...

é incrível como não dão importância! recomendo esse texto (para alimentar a indignação)"Bastidores de uma delegacia da mulher" http://viva.mulher.blog.uol.com.br/

Jéssica Santos disse...

Pois é, e na maioria das vezes quando a mulher vai até a delegacia não dá em nada. O delegado só começa a investigar se houver um homicídio, prevenir que é bom nada.

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