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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Caraíva, no sul da Bahia, é destino perfeito para quem quer sossego e paraíso

Carros são proibidos de entrar nas ruas
Daqui, desta rede de balanço, vislumbra-se paradisíaco o cenário. São coqueiros aos montes, sempre bem acompanhados de diversas outras plantas. O mar, não se vê: ouve-se. Aqui, como em qualquer parte do vilarejo, constante, a estourar uma onda a cada par de segundos.
Este vilarejo de Caraíva, mais antigo do Brasil em criação, não se orgulha de ser primeiro, mas único: em beleza. A uns poucos passos desta rede está o mar, este que se ouve, e dali adiante se vê, verde, seguido por uma imensa praia, de quilômetros a se perder de vista, mas não de conta, que são doze os necessários para chegar à outra ponta, onde se aninha outro povo, o de Corumbau, igualmente belo. Pelo caminho, antes e depois de passar pela comunidade pataxó, há piscinas naturais, de verdes ainda mais verdes, e infindáveis coqueiros, além do ligeiro Paraçuaí, de 9 anos, rápido no criar coisas para vender e ainda mais rápido no criar os preços das coisas que vende.
Para a outra ponta, essa aqui colada, encontram-se o rio e o mar, amando-se o tempo todo, como costuma ocorrer em todas partes, que ao que se sabe as águas não são de ter preconceitos entre si. Há, para além do rio, um bocado de outras praias no caminho a Trancoso, Arraial d'Ajuda, Porto Seguro, enfim, a Costa do Descobrimento. Há, por exemplo, a Praia do Satu, que tem esse nome por conta de seu habitante, Satu, hoje não mais sozinho: tem a companhia de umas cinco ou dez pessoas.
De volta à rede – sendo aqui mais comum a de balanço; a de computadores praticamente ausente – tem-se aqui do lado uma rua de areia, com muitas árvores, como de areias e de árvores são todas as cinco ou seis ruas deste vilarejo que não deve guardar mais que cinco ou seis mil humanos – aqui ainda não se perdeu a humanidade, logo não é exagero chamá-los humanos. Como os carros são proibidos, brincam as crianças tranquilas nas ruas, e como brincam. E quantas são (?): aqui, como não foram recolhidas aos lares engradados, vê-se que são muitas, parece que mais que em outras partes.
Praias, um deslumbre de beleza e tranquilidade
Sendo proibidos os carros, e sendo difícil o acesso, por estrada de terra, ficam um pouco mais caros os produtos que aqui chegam. Mas não vá o leitor Cosmopolita-Rouba-mas-faz imaginar que isso constitui motivo para construir estradas, viadutos, pontes majestosas: Caraíva está assim, assim quer ficar. O único que tem direito a tapar o sol nesta praia é o chapéu-de-sol, por graça do nome, e apenas quando finda a tarde, pois quem tinha de aproveitar, aproveitou.
Acendem-se então as luzes, que faz pouco que a energia elétrica chegou a Caraíva, mas se acendem poucas e com discrição, que é pra não quebrar o clima. E para não atrapalhar a lua, que nem mesmo mil lâmpadas poderiam substituí-la em magnitude e em beleza na hora de alumiar o mar, o mesmo que se ouve de toda parte. Só não ouvem aqueles que decidiram fazer uma música na beira do rio. Porque novela, com essa lua, com essa vista, com essa companhia acolhedora, não dá audiência. Melhor ficar na rede. Daqui se ouve o mar. E só o mar.

João Peres é jornalista. Viajou a Caraíva a convite da Associação do Jornalismo de Estresse Pré-eleitoral.

Um comentário:

Natalia disse...

O que ouvi há alguns anos é que o número de habitantes de Caraíva é 900. Mas já achei informações diferentes, que variam entre 600 e 1500 habitantes. O que sei é que são cinco as famílias "originais".
Só conhecendo o lugar para entender seu encanto...
Belo texto, gostei!

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