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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vou torcer por Dilma! Mas meu voto não será dela

O mundo mudou muito nos últimos oito anos. E com ele, nosso país. O presidente Lula fez do Brasil algo melhor. Disso ninguém duvida, mesmo os que são contrários ao operário no poder. Sua popularidade atual não é fruto apenas de seus dois mandatos. É, sobretudo, o reconhecimento de uma história de luta política e atuação em prol de um país melhor. Votei nele duas vezes. Votaria novamente. É o político brasileiro que mais tem identificação com o povo em toda a história.
Neste domingo, dia 3, desde 1989, é a primeira vez que Lula votará sem ver seu nome na disputa do cargo mais importante da nação. Sua escolhida, aquela a quem beijou a testa, Dilma Rousselff, deve – apontam as pesquisas, menos o Datafolha – ser a primeira mulher eleita no país e em primeiro turno. Vou torcer por Dilma quando ela chegar lá, mas meu voto não será dela neste domingo.
Não faço coro aos que louvam o PT e sua candidata de forma cega ou como um mantra. Dilma não foi bem nos debates. Mas debates dependem muito mais de uma boa oratória. Não defino meu voto por debate, mas por conceitos, ideias e propostas programáticas.
Eu nunca votaria em José Serra, por exemplo, um conservador de direita, com propostas e posições diametralmente opostas as coisas que acredito, em especial, e não só, no que concerne a minha profissão, a qual Serra vê com olhos de repressão.
Em Marina Silva, com história reconhecidamente ligada ao PT e ao Meio Ambiente, faltou mais! É uma candidatura bamba que se apresenta como um meio termo, ancorada em grandes empresários. Não me desce algumas de suas posições como em relação ao aborto, por exemplo. Ou da autonomia para o Banco Central brasileiro, uma espécie de legislador não eleito democraticamente, mas que manda nas questões financeiras do país.
Meu voto, com todo o significado particular que tem, busca, dessa forma, contribuir para a elevação do nível de consciência, organização e bem-estar material e cultural das pessoas. Nesse sentido, votarei em Plínio de Arruda Sampaio, a quem tive a oportunidade de conhecer em entrevista para a capa da revista Caros Amigos, em 2007, se não me engano. Ele acabara de sair do PT e ingressava no PSOL. Foi uma entrevista marcante em minha carreira. Era um entrevistado comprometido com a Reforma Agrária e com uma nação mais justa.
No discurso de ontem, finalizando o último debate antes do pleito (no vídeo abaixo), Plínio se despediu de forma muito convincente. Ele candidatou-se para chamar a atenção. Veio para propor alternativas ao modelo capitalista. Caso eleito, o que não vai acontecer, não teria base de apoio suficiente. O voto útil em Dilma, sinceramente, não é necessário, ao contrário do que escreveu aqui o amigo e colunista de NR, João Peres. A força dela é evidente – calcada na figura de Lula. Não acho que a “velha mídia” - que anda precisando de botox - tenha qualquer condição de mudar esse cenário com uma “bala de prata”. Essa mídia perdeu espaço. Os patrões e articulistas direitosos hoje sabem da força do fator “blogosfera” que fez, com muita competência, o contraponto ao noticiário do establishment. A via de mão única acabou.

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Plínio e suas propostas generosas, como a de atacar o absurdo grau de concentração de propriedade da terra e a de cobrar uma auditoria nas contas do endividamento público, por exemplo, são fundamentais. Sua posição de sinceridade, um homem que foi cassado e exilado durante a ditatura e que não se envergonha de defender o socialismo - e milita para explicá-lo para a juventude - me dá esperança.
A mesma esperança que Lula me deu em 2002. Seu partido, o PSOL, está em crescimento e precisa buscar maior apoio popular para as propostas que um dia pretende implementar. O PSOL, caso não se debulhe internamente, tem chances de ser um partido de “esperança” para essa juventude que tanto precisa entender o país.
Está aí há tempos esse nosso regime político baseado no sistema de concentração da propriedade industrial e fundiária, um dos mais injustos do mundo. Será que teremos sempre que engolir, pela governabilidade, apoios como os de Collor, Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Roberto Jefferson e José Roberto Arruda?
A necessidade da construção de uma democracia nova é atual e gritante. Por isso voto nas ideias de Plínio. Lula fez sua parte. Como o próprio presidente disse um dia. “Nunca os ricos ganharam tanto e nunca os pobres melhoraram tanto de vida”. É verdade. Mas os ricos precisam de mais?

Thiago Domenici é jornalista

2 comentários:

Mastrandéa disse...

Esse Thiago tomou um ácido pra escrever esse lixo.

Thiago Domenici disse...

Mastrandéa, nem tomei ácido, viu. Queria saber que parte do texto achou um lixo. Vamos aos pontos que discorda.

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