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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Farofa de tanajura salva planeta da fome e do efeito estufa

No mês passado o planeta passou da marca de 7 bilhões de bocas para alimentar. O fantasma malthusiano, segundo o qual a população cresceria mais rapidamente que a capacidade de produzir alimento, não assusta mais tanta gente desde que a tecnologia e as ciências agrícolas progrediram espetacularmente nos dois século passado. Mas agora aparece uma ameaça pior. Maior produção de alimento para mais gente para comer exerce uma pressão tremenda no meio ambiente, agravando a praga do aquecimento global. Isso, por sua vez, muda o clima e pode produzir quebras catastróficas na agricultura atual. O fantasma malthusiano está de volta. Se todo chinês, indiano ou africano em geral resolver comer como o americano vai ser o fim de tudo.
O preparo da Tanajura
(Foto: Lalo de Almeida/The New York Times)
Rebanhos crescentes de bovinos e suínos para alimentar os novos não-miseráveis podem por tudo a perder. Porcos e bois são grandes produtores de gases do efeito estufa, como o CO2 e metano. Pelo menos 20% de toda a carga de gases estufa são produzidos por rebanhos, segundo dados da FAO, a organização de comida e agricultura da ONU.
O blog ScienceNow da revista Science, da Associação Americana pelo Progresso da Ciência, acaba de divulgar um estudo que promete atenuar ambos os problemas: dar mais comida à humanidade e diminuir o efeito estufa. Como? Substituindo a alimentação tradicional do mundo moderno por um cardápio que vem sendo saboreado há milhares de anos por povos primitivos. Comendo insetos, por mais nojento que isso possa parecer.

 - Receita de Farofa de Tanajura 

Dennis Oonincx, entomologista da Universidade de Wageningen University, na Holanda, contabilizou que insetos ganham peso protéico mais rápido e eficientemente que os mamíferos e também emitem muito menos gases estufa. O vermes de farinha, que viram pequenos besouros, por exemplo, produzem apenas 1% do valor emitido em gases estufas para igual quantidade de proteínas, exaladas por bovinos. O estudo, publicado na edição de 29 de dezembro da PLos ONE, destaca também o valor do grilos, os quais, segundo Onnincx, além de saborosos são naturalmente crocantes. A ideia, se aceita, pode ganhar popularidade. Na semana passada um repórter do New York Times produziu um vídeo em cidades do interior do Brasil que deliciam farofa de tanajura, uma iguaria que faz parte do cardápio indígena há seculos.



Flávio de Carvalho Serpa, jornalista, especial para o Nota de Rodapé

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