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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um leilão imoral no futebol

Hoje vou falar de futebol, assunto para o qual não me sinto vocacionado, apesar de gostar muito do esporte, tendo sido um emérito jogador de ‘peladas’ quando mais jovem.
Começo por dizer que, apesar de meu time de infância ser o América de Minas Gerais, pois nasci em Belo Horizonte, tornei-me um palmeirense apaixonado desde o ano de 1951 quando o verdão, disputando um octogonal internacional, vingou a derrota da seleção no mundial do ano anterior em pleno Maracanã.
Mal sabia eu que me tornaria um paulistano por adoção e que viria acompanhar o Palmeiras em gloriosas jornadas no Parque Antártica, no Pacaembu e no Morumbi.
O Palmeiras de Jair da Rosa Pinto, de Julinho, de Humberto, Mazzola, Vavá, Djalma Santos, Dudu, Ademir da Guia, Leivinha, Luiz Pereira, Pedrinho, Leão, Jorge Mendonça, Cesar Maluco, Roberto Carlos, Marcos, Evair e tantos e tantos outros craques que, além de bons de bola – como outros companheiros de outros clubes – se tornaram exemplos dentro e fora dos gramados. Arrisco, inclusive, dizer que qualquer um deles é tão bom ou melhor que os Ronaldos que apareceram nos últimos anos.
Não cabe na cabeça de ninguém que um time brasileiro faça propostas de pagar um milhão e trezentos mil reais por mês para um jogador de futebol que, além de não mostrar mais qualidade para isso, carrega a incômoda marca de ser um jogador de noitadas e farras na Europa. Para quê?
Um clube tradicional como o Palmeiras não precisa cometer essa loucura em nome de uma modernidade chamada ‘plano de marketing’. Ou para apagar a mediocridade das últimas campanhas, como a vergonhosa derrota para o Goiás no final do ano passado.
Nem mesmo o Grêmio, o Flamengo ou o Corinthians, pela história que têm no futebol brasileiro, deveriam participar desse que já se torna um leilão imoral, onde a mídia esportiva – na falta de coisa melhor para fazer – alimenta o noticiário fantasioso e irresponsável.
Confesso que sinto um grande desconforto por ver o meu Palmeiras participando dessa pantomima para repatriar um jogador que não faz por merecer a fama no momento, nem dentro do campo, nem fora dele.
Um milhão e trezentos mil reais por mês para o Ronaldinho Gaúcho?
Só rindo... Sai dessa verdão.

Izaías Almada é escritor, dramaturgo, colunista do NR e do Escrevinhador, além de torcedor do Palmeiras

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