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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sábado, 26 de novembro de 2011

Centenário das muitas artes de Mário Lago

Mário Lago completaria 100 anos hoje. Boêmio e comunista assumido, Lago se destacou como poeta, escritor, dramaturgo, ator e torcedor do Fluminense. 

Mas o que que muita gente não sabe é que Lago, para além desse ecletismo, tinha uma inquietude social, desaguada na sua vertende de ativista político, o que o levou a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro. Foi detido sete vezes ao longo da vida, a primeira vez, em 1932.

Muito há que se escrever sobre ele. No entanto, pego carona no projeto de seu centenário, “Homem do Século XX”, organizado por sua família. Em www.mariolago.com.br estão previstos documentário, exposição, um selo pelos Correios, uma estátua na praça Mario Lago, no Centro do Rio, e mais dois CDs – um de canções inéditas e poemas musicados por compositores como, por exemplo, Caetano Veloso, Lenine, Jards Macalé e Arnaldo Antunes.

O site também permite baixar o livro “O povo escreve a história nas paredes”, escrito por ele em 1948, que é curtinho, 31 páginas, o qual li e destaco A BANHA DOS OPORTUNISTAS – paródia de “Ai que saudades da Amélia", outra canção famosa, um tanto polêmica, acusada de ser machista. 

Nunca vi fazer tanta promessa
como em véspera de eleição.
Até a banha que é escassa anda à bessa
em troca de votos pra reação.

Palavras mil gasta a imprensa sadia
pra o povo nos demagogos ter fé.
Falando muito em democracia
que é coisa que ela não sabe o que é

Mas hoje o povo não é mais Amélia
que achava bonito não ter que comer.
Sabe o valor do seu voto e já sabe
quem seus problemas irá resolver.
É inútil a banha dos oportunistas.
O voto do povo é dos comunistas.

Para fechar, num especial sobre músicas carnavalescas, apresentado na década de 90 na TV Cultura, por outro notável, Paulinho da Viola, Lago fala da camaradagem entre os compositores e, no fim, entre um trago de cigarro e outro, dá uma palhinha de uma de suas marchinhas mais famosas, parceria com Roberto Roberti, “Aurora” (“Se você fosse sincera/ veja só que bom que era”) que estourou no carnaval de 1941.

Mario Lago faleceu em casa em 2002 aos 90 anos. Leia a cronologia resumida de sua vida e o ótimo especial multimídia do Estadão. 



Thiago Domenici

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