por Fernanda Pompeu Imagem Régine Ferrandis*
Todo mundo já ouviu falar - mesmo que de filme - de aceleradores de partículas. Máquinas que chocalham e fazem colidir em velocidades impressionantes átomos, fótons, elétrons, moléculas. Objetivo: saber mais.
A vedete entre eles é o LHC - Large Hadron Collider. Trata-se do maior acelerador de partículas do mundo, com 27 km de circunferência. Ele foi construído em um laboratório subterrâneo na fronteira franco-suíça.
O LHC, batizado informalmente de Máquina do Big Bang, alimenta o desejo de muitos cientistas em recriar as supostas condições ambientais logo após a grande explosão do Big Bang e da consequente expansão do universo.
Confesso que de física entendo uma cesta básica, mas ao ver um documentário na TV sobre esse acelerador de partículas, comecei a imaginar como seria um acelerador de emoções. Uma máquina que, acima da velocidade da luz, expandisse nossas emoções.
Que tal fazer a alegria se tornar supersônica? Aumentar as sensações de prazer e júbilo? Levar a paixão até a altura das nuvens? Melhor ainda, à altura das estrelas? Ou, mais modestamente, alongar a invasão da paz no território da nossa intimidade.
Conseguir assim reproduzir as condições ideais da felicidade. Esta que é a rainha das emoções. Plena e rara. Algumas vezes fui tão feliz que o planeta poderia ter parado, o jardim virado deserto, o mar secado e nenhuma dessas alterações haveria me perturbado.
Mas logo percebi que a ideia de um acelerador de emoções não era só ruim. Era péssima, sofrível, nota zero. Um autêntico projeto de parvo. Pois nem todas as emoções são dança, festa, regozijo. Há aquelas doídas, navalhas afiadas na alma.
Que horrível seria acelerar a nostalgia, o pranto, o luto. Já imaginou um nó na garganta se chocando com uma pontada no peito? Um soco no estômago colidindo com uma montanha de tristeza? Mais apropriado deixar os aceleradores nos laboratórios.
É menos arriscado bulir com matérias do universo. Uma vez que só o que está fora de nós, é passível de ser mensurado e etiquetado. O que colecionamos dentro é inclassificável.
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