Aterciopelados (Aveludados, em espanhol) já vai pelo décimo álbum, com direito a parada para Andrea virar mãe e lançar um disco solo. A um som leve e livre, como a filosofia pregada pela hippie cantora, se somam letras críticas ao estilo de vida consumista (imagem no lugar do conteúdo), contra o machismo e que exalta a natureza. Tudo bem cuidado, honesto e original.
Em El Estuche (o estojo), o grupo flerta com sons regionais colombianos e fala da aparência e do conteúdo. Ou esse.
Não é um mandamento ser a diva do momentoEm Don Dinero, o assunto é o consumo
Para que trabalhar por um corpo escultural
Por acaso você quer sentir em você todos os olhos
E desencadear assobios ao passar
Olha a essência, não as aparências
O corpo é só um estojo, e os olhos a janela
Da nossa alma aprisionada
Ou:
Don Dinero
Dom Dinheiro, como te queroO trabalho solo de Andrea, que é de 2006, segue o mesmo estilo de música, mas traz ainda mais latente o tema do amor. Mãe havia pouco tempo, a cantora colocou nas letras o carinho e a descoberta da nova experiência. Na música A Eme O, a filha recebe uma bonita homenagem.
Se queres ser rainha, te compro um castelo
Se estas enrolada, te compro um pente
Se queres casar, te compro um anel
Compro uma chave de fenda, se te falta um parafuso Dom Dinheiro, você é mero mero
Vou comprar se estou deprimida
Se estou muito gorda, programo uma cirurgia [...]
Se não tenho dinheiro, roubarei um beijo
Com o carinho verdadeiro
A Eme O
Desde que você nasceu sou melhor amanteA eme o erre ce i te o [amorzinho]
Como se você tivesse destapados meus dutos
Me cresceram os seios, o ventre e as cadeiras
Meu corpo expandido encontrou seu motivo
Você circulou por mim, fez o caminho divino
Abriu um túnel, destapou meu destino
Você me deu o sopro da criação
É energia, luz do sol
Você me soletrou a palavra AMOR
Contam amigos de Bogotá que nos anos 90, em meio a atentados, bombas e muita violência, os moradores da cidade se negavam a ficar em casa. Não aceitavam o toque de recolher extraoficial que vigorava na capital. Mesmo com medo, saiam a noite, iam a bares, discotecas e shows. Aterciopelados transmitiu esperança e amor aos jovens naqueles duros anos.
Ricardo Viel é jornalista e colunista do Nota de Rodapé
Um comentário:
Solo me gustó el nombre!
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