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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

domingo, 25 de maio de 2014

Real e Atlético de Madrid na Liga dos Campeões

por Pedro Mox*

Sete quilômetros separam, em Madri, o estádio Santiago Bernabéu do Vicente Calderón. O primeiro é casa do Real Madrid Club de Fútbol: time recheado de estrelas, mais vezes campeão continental, elenco mais caro do mundo. O segundo, casa do Club Atlético de Madrid: atual campeão nacional, rival citadino do Real, “primo pobre” da capital espanhola. Quis o destino que a primeira final da Liga dos Campeões da Uefa entre clubes da mesma cidade colocasse frente a frente os rivais madrilenhos.

595 quilômetros separarou a terra dos finalistas do palco do jogo, Lisboa. O Estádio da Luz, casa do Benfica, foi o escolhido para receber a final da temporada 2013/2014. Ao Atlético seria a glória, a confirmação de uma temporada perfeita. Treinado desde 2011 pelo argentino Diego Simeone, seria o ápice após levantar, nos últimos anos, La Liga, Copa do Rei e Liga Europa. Ao Real, a salvação após péssima campanha no nacional. Coube ao experiente Carlo Ancelotti arrumar os vestiários e tentar dar rumo ao galáctico plantel madridista.

Com a bola rolando, a estratégia do argentino parecia funcionar – a despeito da substituição de Diego Costa com menos de dez minutos. Consistente marcação no meio de campo, aliada a ataques rápidos pelos lados, encontravam um adversário perdido, apesar da qualidade de seus delanteros. O gol do uruguaio Godín, aos 36 minutos do primeiro tempo, era o que os atleticanos precisavam para manter a tática e erguer a taça “orelhuda”. O segundo tempo não trouxe muitas mudanças, até a entrada de Marcelo e Isco.

Mantivesse sua linha de quatro homens marcando no meio campo, e eventualmente estocando o gol de Iker Casillas, porventura o resultado seria outro. Mas o Atlético, com o passar do tempo, parecia sentir cada vez mas a troféu em suas mãos; e tal ansiedade em campo significou chamar o Real para sua área. E na desorganização ofensiva dos merengues versus nervosismo defensivo colchonero, a primeira levou a melhor.

Cinco minutos separavam os atletis da consagração. Entretanto, é difícil segurar Di Maria, Cristiano Ronaldo e cia. E foi num chute do argentino que Bale aproveitou o rebote, empatando o derby nos acréscimos da etapa final. O resultado improvável, tão próximo aos comandados de Simeone, começava a ruir. O gol, àquela altura, no placar representava apenas o empate; porém, na alma, era uma derrota.

Na prorrogação apenas uma equipe jogou. O peso da desgastante temporada era nítido nas pernas do reduzido grupo rojiblanco. A luta, a entrega, a dedicação que propiciou épicas vitórias sucumbiu ante o vigor e a qualidade do Real – o gol de Marcelo é prova disso. A torcida que passou todo o tempo quieta agora vibrava; a que cantou durante 90 minutos calou.

Nem de longe o futebol é um esporte justo, e fosse minha torcida o caneco teria ido para o Vicente Calderón. Quiseram os deuses do futebol que, em vez de um inédito vencedor, essa temporada da Liga se transformasse em la décima, o décimo título do Real Madrid. Entretanto, há de ser reconhecido, e muito, o vice campeão. O placar de 4x1 não representa em nada a história da partida, na qual o 11 espartano do atlético lutou como pode contra os persas madridistas.

O reconhecimento da torcida colchonera, que ao final da partida aplaudiu seus heróis, demonstra o quanto a equipe conquistou. A taça não veio, mas para mim, nada separa esse Atlético de um time que fez história.

***

Em tempo: Note-se a bela organização pré-jogo da Uefa. Tanto a cerimônia no gramado quanto as opções fora do estádio aos torcedores. Tornam o entretenimento maior que os 90 (nesse caso, 120) minutos de bola rolando; o ideal é chegar com duas horas de antecedência para sentir o clima, passear pelos estandes, comprar um souvenir. Da ideia do quanto a Conmebol poderia aprender.

* * * * * * *

*Pedro Mox, jornalista e fotógrafo, especial para o NR

3 comentários:

Anônimo disse...

É por isso que o futebol é tão espetacular e fascinante; Quem apostaria neste placar de 4 x1? Aos 48 minutos do segundo tempo, o Atlético estava vencendo. Que jogo! Ótima análise, Pedro Mox. Teus textos são sempre muito bons e envolventes. abraços, Fernando

Gê César disse...

Pedro Mox, se faz necessário uma correção. O gol de empate foi o do Sérgio Ramos, após uma cobrança de escanteio aos 47 do segundo tempo. O gol que você se refere foi o segundo do Real, já na prorrogação.
Abç.

Anônimo disse...

Verdade César, misturei as bolas.
Obrigado pela lembrança,
abs.

Mox

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