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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vou amarrar as trompas e já volto

Na chamada para o programa, lá estava ela: linda, sem olheiras, com os cabelos perfeitos, a pele impecável e...MAGRA! O off dizia: “Gisele Bundchen conta como é sua rotina com o filho, nascido há apenas um mês” ou algo do tipo. Dei um grito no sofá: “Um mês e ela está com essa barriga chapada? Deve ter amarrado o músculo na cesárea, igual a Angélica”. Meu namorado concordou com a cabeça, um pouco assustado. Parece que ouvindo minha indignação, o locutor continuou, só para me espinafrar: “E fala sobre a emoção de ter tido um parto natural, na banheira de casa sem anestesia”.
Eu queria que o sofá se abrisse bem debaixo de mim. Como assim? Qualquer mulher mortal usa cinta e calça de grávida por até sei lá quantos meses e boa parte delas (como eu) nunca volta ao corpo normal. Eu carrego o trunfo do parto natural, mas na banheira sem anestesia? O leitor, se ainda não for pai ou mãe pode estar achando esse papo um tanto fútil. Mas a questão é que nós mulheres já somos obrigadas pelas revistas femininas e propagandas de jeans a trabalhar, cuidar bem dos filhos, namorar, ter um corpão, ler vários livros, e tudo o que eu disse no post anterior. Mas peraí, a gravidez e o pós-parto eram zona neutra, vai?
Agora querem nos empurrar goela abaixo uma Gisele barriga tanquinho antes de acabar a quarentena? Já pensou se os pais resolvem cobrar? Se começam a te olhar feio no metrô? “Olha, com um bebê de um mês e ainda toda descabelada”. É o fim dos tempos. Peraí que vou amarrar as trompas e já volto.

Andrea Dip é jornalista, mãe do David e mantém a coluna Mãe em Surto neste Nota de Rodapé.
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