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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O melhor lugar da casa # 1


O pão é cultura


Nem polegar opositor, nem a capacidade de produzir sitcoms ou a mania de destruir o meio ambiente. O que separa os seres humanos de todos os outros animais da Terra é o pão. O pão é o símbolo máximo e, ao mesmo tempo, mais primordial da capacidade de transformar a natureza. Ou seja, de produzir cultura – ainda que, provavelmente, alguém vá me xingar por essa definição tosquíssima de cultura. Em se tratando de pão estamos falando da necessidade básica de nos alimentarmos.
Comida é muito mais do que coisas que ingerimos para sobreviver – só para ressaltar o óbvio. Todos os nossos hábitos alimentares, os nossos protocolos comportamentais, os nossos rituais à mesa, ao balcão ou à sarjeta têm raízes profundas na forma como o ser humano desenvolveu o hábito de comer, e explicam muito mais da nossa sociedade do que nos permite ver a nossa percepção naturalizada e amortecida.
Mas minha pretensão nem passa perto de falar sobre esses aspectos, já que não sou especialista no assunto – apesar de um estudioso amador e curioso. Quero falar sobre o que acontece na cozinha, também conhecido (por mim, pelo menos) como o lugar mais gostoso da casa.
Pois o meu sonho é morar num lugar que a vida gire em torno da cozinha, onde as pessoas possam sentar à vontade, descansar, fazer um “chill out” como dizem os descolados, tudo ali naquele ambiente sagrado. E não em volta da televisão, como a maioria das casas – apesar que, de vez em quando, adoraria ter uma TV na cozinha, pra cozinhar, beber cerveja e ver o futebol, tudo ao mesmo tempo.

A ideia dessa coluna que se inicia aqui e, espero, tenha longa vida, é tratar da comida como algo gostoso e um componente fundamental das nossas vidas, não só pelos aspectos biológicos, fisiológicos e nutritivos, mas pelo que ela representa na nossa vida. Sem afetação nem deslumbramento.

Iron Chef

 

Programas de TV sobre culinária são ótimos, não perco. Mas por que os estadunidenses têm essa irritante mania de transformar TUDO em uma acirrada competição até a morte? Quer dizer, até culinária, dança, tudo?
Fugindo um pouco disso, um imperdível programa é o japonês Iron Chef. Começando pelo visual breguíssimo, típico da TV japonesa – em comum com a italiana, estranho -, o espírito épico da abertura, com o “host”, um milionário de capa (!) e cabelo de príncipe Valente, dono do programa, experimentando um pimentão (!) e fazendo cara de epifania, enquanto a câmera dá um close, focando melhor esse momento mágico. Um dos três chefs da casa é escolhido, semanalmente, e desafiado para uma competição, montando uma refeição completa, de quatro ou cinco pratos, para um corpo de jurados formado por famosos (imagino) japoneses. O programa passa na Sony e não deve deixar de ser visto nem por quem não liga para culinária. Mas quem liga, não pode perder. Semana que vem tem mais.

Rodrigo Mendes é jornalista, estreando sua coluna no Blog Rodapé e chef de cozinha sem diploma; alçado ao posto pelos amigos que curtem suas misturebas gastronômicas

sábado, 29 de agosto de 2009

Linha na pipa # 1

O blog Rodapé tem crescido em colaborações em 2009 o que é muito gratificante. Como todo blog, precisa de divulgação dos amigos e dos visitantes que o acompanham e gostam. Na terca-feira estreia outra coluna: "O melhor lugar da casa" do jornalista Rodrigo Mendes. Falará de gastronomia de um jeito descontraído. Como diz o próprio: "tratar da comida como algo gostoso e um componente fundamental das nossas vidas, não só pelos aspectos biológicos, fisiológicos e nutritivos, mas pelo que ela representa na nossa vida. Sem afetação nem deslumbramento."
Outra novidade para a semana é a estreia da jornalista Mariana Santos. De coluna intitulada "Repórter Clown" ela escreverá sobre mundo do palhaços de hospital, palhaços que levam a linguagem do clown para crianças hospitalizadas. A repórter Mariana é a palhaça Maritaca. É só o começo de um blog que já afirmei desejo que vire um coletivo de ideias, eclético e sem ser piegas e chato. Que agrede amigos e apaixonados de várias áreas e vertendes. Daí que os amigos dos amigos conhecam e participem, comentem, pois o espaço de troca de ideias e informações e essencial.
Afora o blog, a repórter e amiga Marina Amaral publicou reportagem ótima na revista Retratos do Brasil desse mês de agosto. O título é "Olho no olho" e reporta histórias e traça um quadro dos adolescentes das periferias de nossas grandes cidades que vivem um dilema: precisam cada vez mais da escola, mas permanecem distantes dela. Reportagem altamente recomendável.
Daí que puxando a sardinha pro meu lado e não menos importante a reportagem da capa de agosto da Revista do Brasil "Justiça para todos" sobre a defensoria pública já pode ser lida na íntegra aqui. Tenho baita orgulho de vê-la disponível na rede por se tratar de tema tão relevante para os Direitos Humanos.
Para a edição de setembro outra reportagem saindo do forno sobre Telefonia com o viés do problemático cenário da internet banda larga no país e o caso Speedy da Telefônica. O título é "Cara, lenta e falha" e traz depoimentos de usuários de Teresina, Piauí, São Paulo e de teleatendentes que revelam bastidores "quentes" da Atento, empresa de call center com 73 mil funcionários - a subsidiária espanhola da Telefónica S/A. É isso, linha na pipa.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

30 anos da Anistia no Brasil

Hoje faz 30 anos da Lei da Anistia assinada em 1979. Posto esse vídeo que é reportagem da tevê Cultura à época dos 20 anos e que dá rapidão um contexto do que foi e o significado do tema para a história do país. Lá na Rede Brasil Atual a gente está preparando uma matéria especial com muitos depoimentos sobre o tema a ser publicado na segunda. Vale ficar ligado, tem gente muito boa falando; músicos, políticos, militantes, jornalistas, intelectuais etc.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Curtas Banais #4

do sono (e da culpa)

aí que passei metade da noite acordada, depois de algumas cervejas em plena segunda-feira. dormi cedo, coloquei despertador pra um horário decente, mas eis que às 4h da manhã os zóião se abriram e nada de fecharem até às 6h.  e aí vem a culpa: quem mandou beber em plena segunda-feira? o álcool está me fazendo mal. preciso ter uma vida saudável. preciso me matricular na academia. e quanto mais culpa, mais insônia, é claro.

e aí que às 10h da manhã acordo desnorteada com a campainha tocando loucamente. perdi a hora, é lógico. ai meu deus, o que será que eu esqueci? quem está tocando? grito um  rouco “já vai” e enfio as calças do pijama já no corredor.

o quintal da minha casa fica acima do nível da rua – pra chegar ao portão é preciso descer uma escadinha. corro até o muro do quintal pra ver quem é antes de chegar à porta. uma van de equipe de filmagem está descarregando na porta de casa. a jovem produtora olha pra cima e me aponta um enorme boom. bem pra minha cara. e sorri.

desespero total. conheço essa mina? esqueci de algum trabalho? a equipe veio me buscar? combinei de ceder a minha casa pra alguma locação? que dia é hoje? que horas são? onde estou? quem sou? fecho o zíper do casaco numa tentativa de parecer um pouco mais apresentável, apesar de amassada, despenteada e com desenhos de cãezinhos dorminhocos nas minhas calças. desço a escada num esforço imenso de lembrar o que aquela equipe faz ali.

-       bom dia, o sr. fulano?

era o carteiro. um simples, belo, impávido carteiro com um sedex na mão. quase dei um beijo no homem. encaro, ainda incrédula, a menina que descarrega a van. ela sorri condescendente, como quem diz: “é, somos da televisão”.

ufa. ainda bem que, por hoje, eu não.

Sofia Amaral é roteirista e produtora

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Penetra Oficial # 5

No dia a dia do show business nos deparamos com situações esquisitas e inusitadas como em qualquer outra empresa.

Exemplo 1:

Uma funcionaria da produtora liga para empresa em Juazeiro do Norte a fim de fazer um orçamento para abastecimento de camarim:

Direto de Juazeiro: - Alô?
Produtora: - É da empresa de Buffet?
Direto de Juazeiro: - Isso mesmo.
Produtora: - Com quem falo?
Direto de Juazeiro: - Com a menina que trabalha no Buffet.

Exemplar atendimento!

Exemplo 2:

Tentando falar com um dos meus fornecedores:

- Alô?
- Oi, por favor, o Carlos está?
- Quem quer falar com o Carlos?
- É a Fabiana da produtora.
- Com quem você quer falar?
- ÃÃÃ, com o Carlos?
- Ele não está não.

Das duas uma: pegadinha ou ele não queria me atender. Qual a sua opção?

Exemplo 3:

Pior que isso só quando um artista é obrigado a ensinar uma jornalista a trabalhar; muito pior quando ela não aceita a critica e resolve discutir com o artista via torpedo. Incrível!

Jornalista – Liga por favor  para “fulana” do veiculo “x”  fone “x”
Artista - Esse é meu telefone pessoal. Não sei quem te deu, mas não deve ser usado. Para compromissos profissionais, favor ligar para meu escritório. Já adianto que estarei ocupado amanhã e sexta. Obrigado.
Jornalista - Sua ass tb nao atende vc poderia falar comigo por favor  

Artista - Atende sim. 

Jornalista - Que pena achei q vc fosse acessível boa sorte
Artista - Eu sou, mas também sou profissional, ao contrário de você. 

Jornalista - Sugestao: terapia
Artista - Como eu disse: total falta de profissionalismo. Sugestão: estudo.

Sinceramente não passaria por isso em nome de um grande veículo de comunicação. A jornalista, depois que seu editor soube dessa troca de “afagos”, perdeu o trabalho.

Exemplo 4:

O numero telefônico dos ramais do meu departamento são muito parecidos com o de um hospital da região. 90% das ligações diretas que caem no meu ramal são para o hospital:

- Alô?
- É do hospital?
- Não, aqui é uma produtora
- Tem certeza?

(espero que sim. imagine se descubro que após sete anos de empresa ela é na verdade um hospital?)

Exemplo 5:

E o mundo do show business vai te deixando tão maluca que você acaba trocando os nomes, sobrenome e paga micos sensacionais. Essa é da nossa ex-recepcionista:

- “Agência”. Boa tarde!
- Por favor, o cicrano.
- Quem quer falar?
- É a Marjorie
- Marjorie, você aguarda só um Estiano, por favor?

(Como é?)

Exemplo 6:

Existem palavras que são auto-explicativas, concordam? Pior quando ela tem uma função muito importante no ramo. Um produtor pode não saber tudo de produção, mas isso é básico e de fácil compreensão.

- Fulano, vi agora o contrato que você fez e o número de carregadores está errado.
- Vocês pedem 15 e eu coloquei 20, tem até a mais...
- Eu sei, mas isso pode dar problema!
- Como assim dar problema? Quanto mais carregador mais rápido terminará o trabalho. Se o contratante pedir pra retirar a gente retira.
- Não, mas a gente não pode fazer isso.
- Por que não? “Fulano”, você sabe o que é carregador?
- Não.

(PS: carregadores são homens responsáveis por transportar o equipamento da banda de forma a agilizar a montagem e desmontagem do palco).

A gente se diverte um pouco à custa de nós mesmos.

Fabiana Cardoso é jornalista, produtora e colunista do Blog Rodapé.

Moradores de rua: revista Veja queimada



sábado, 22 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Lucas, uma história que não é qualquer

“O crime cobra e não dá retorno”

Condenado na década de 80 por extorsão e assalto a banco, Lucas (nome fictício) me recebeu próximo a um metrô na zona sul para contar sua história. Ele obteve ajuda da defensoria pública criminal de São Paulo para redução da condenação, que chegava perto de sua idade, 45 anos, para 25; cumpriu 16 entre o regime fechado e o semiaberto até a liberdade condicional em 2002.

“Só de pensar que daqui a dois anos vou conseguir minha tão sonhada liberdade total... foi muito gratificante. Considero que o papel da defensoria no meu caso foi fundamental. Se não fossem eles estaria com meus 41 anos de pena e teria de esperar até 2026 para acabar essa história”, diz.

Quando Lucas procurou a defensora Franciane Fátima Marques, Coordenadora da Área de Execução Penal da Capital da Defensoria Pública de São Paulo, o apoio foi imediato, principalmente quando ele revelou à defensora os detalhes de sua história.

Aos 21 anos, Lucas conheceu a realidade do Pavilhão 9 na extinta casa de detenção do Carandiru. “Entrei em 86. Me vi no meio de assassinos, estupradores. Não que eu fosse inocente, mas foi um choque pra mim. Estava no meio de adultos e ali tinha de ser um deles”, relembra.

“Olha a ideia desses caras aqui”

Durante o período na detenção, fez amizade com o “encarregado do patronato”, detento que atuava como “síndico” de várias celas, conhecedor das nuances e macetes do sistema e que acompanhou sua “caminhada” dando as dicas de como viver sem confusão. “Um dia ele me falou: Você quer aprender? Então ouça e observe”, recorda.

Se quisesse retomar a vida fora dali teria de ter paciência. “Não podia fugir desse empirismo da audição e da visão que ia me manter vivo. Percebi que era em cima da desgraça dos outros que eu aprendia, porque via o que não devia fazer.”

Em 1992 veio o “bonde” (gíria usada para mudança); o período mais complicado na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau, há 700 quilômetros da capital. “Lá tive a dimensão real do que tinha feito com a minha vida. Distante de tudo e de todos”, diz.

Com o passar dos dias, o bom comportamento o levou à função de bibliotecário de Venceslau. Por ter acesso a todos os pavilhões poderia ser usado como “ponte” por outros detentos para conseguir “as mercadorias”. “Explicava aos companheiros que se eu vacilasse não conseguiria sair pra ver minha família, que sempre me apoiou. Todos entenderam”, confessa.

O contato com os livros de filosofia foi um divisor de águas. “Não tinha hábito de leitura e descobri autores como Diderot, Rousseau, Marx... pensava: ‘olha a ideia desses caras aqui’, e comecei a devorar todos”, afirma.

“E a minha vida?”

Lucas deixou a filha de seis meses para ser criada pela mãe e irmã. Encarcerado se questionava: “E a minha vida? Se minha filha de repente me pergunta ‘pai, o que é isso?’, não vou poder falar nada pra ela.” Decidiu estudar. “Fiz o ensino fundamental, que a penitenciária fornecia, e o médio por conta própria.”

Concluiu o segundo grau e durante os três anos como bibliotecário teve a certeza que tentaria a faculdade saindo dali. De Venceslau veio a “prisão-colônia” e o regime semiaberto na região de Itirapina, há 220 km da capital. Quase “escorregou” para o crime novamente. Resistiu. “Estaria decepcionando a mim, à família e a todos os que acreditaram na minha recuperação”, confessa.

Em 2003, a mudança real. Fez curso vestibular e conseguiu aprovação na primeira chamada de Ciências Sociais da PUC, São Paulo. “Fui com a cara e a coragem, expliquei minha história e foram solidários. Precisava me reintegrar à sociedade e consegui”, desabafa, sabedor do preconceito que sofreria se revelasse sua história aos colegas de universidade. “Poucos conhecem o que vivi”, conta.

Formou-se em 2007 - com licenciatura em Geografia - e deseja trabalhar na área de educação. “Vou ser professor de escola pública”, planeja. “O mais gratificante é que minha filha fez faculdade comigo, só que pedagogia. Íamos e voltávamos juntos, consegui servir de exemplo”, diz orgulhoso.

Atualmente vivendo de “bicos” até o término da pena, pede que o repórter registre a informação: “A defensoria ajudou muito. Mas é importante dizer que me ajudou porque o crime não deu retorno pra mim e não dá pra ninguém. No entanto, cobra muito da vida dos que entram nele. A liberdade é tudo”, finaliza.

Publicado originalmente no site www.redebrasilatual.com.br

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Curtas Banais #3

das mãos atadas

chuva em são paulo. a chuva em são paulo é o caos, vocês sabem. acho que seria bom cenário pra qualquer tipo de filme futurista caótico: chuva, cinza, frio, carros se degladiando no asfalto, pedestres disputando os pedacinhos cobertos nos pontos de ônibus. ônibus, esses, que vão lotados, com os vidros embaçados e o vírus da suína se divertindo entre os passageiros úmidos.

estou eu no meio desse caos, capa de chuva, botas, malha de lã, cachecol, kit completo pra enfrentar esse átipico inverno paulistano desse ano, cheio de chuva. sim, nós estamos acostumados com a chuva – não somos como os cariocas, que se perdem como baratas tontas quando chove, batendo as sombrinhas e pisando nas poças. mas ninguém esperava tanta chuva no em julho, mês que costuma dar à cidade um ar europeu, com céu azul brilhante, sol amarelinho e morno, muito frio na sombra, pessoas de cashemeres vermelhos e sobretudos pretos caminhando sorridentes nas ruas.

encontro meu espaço coberto no ponto de ônibus e fico aguardando o coletivo. carrego a mochila, o guarda-chuva e, no bolso da capa que dificulta meus movimentos, o mp3 player cujos fones se enrolam no resto da roupa e se prendem precariamente aos meus ouvidos.

- ei!

aguardo o coletivo, a música toca.

- ei! ei!
- ?

olho pra trás e lá está ela. guarda-chuva numa mão, bebê na outra. um monte de sacolas penduradas nos dois braços. e o gorrinho da criança caído no chão.

- me ajuda aqui, moça!

a mãe, paralisada. não pode largar a criança, não pode largar o guarda-chuva. as sacolas, então, nem se fala.

- coloca na cabecinha dela?

ela sorri mas não agradece: vira as costas e vai embora. tudo bem, penso, não fiz mais que a obrigação mesmo.

o mp3 toca racionais: hey são paulo, terra de arranha-céu/ a garoa rasga a carne, é a torre de babel.

Sofia Amaral é roteirista, produtora, colunista do blog Rodapé e até jornalista se faltar trampo.

Manchetes Rejeitadas # 6

Tietê Campos me saiu com essa sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalistas exercerem a profissão.

Carreira de jornalista agora só de pó

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O petróleo tem que ser nosso

Alertado pelo amigo Izaías Almada indico aqui o documentário "O petróleo tem que ser nosso". Segundo diz o site de divulgação: "o filme tenta responder a uma inquietante questão: diante das gigantescas reservas do pré-sal, que caminho o Brasil vai tomar? Políticos, intelectuais, sindicalistas, estudantes, representantes da igreja, artistas e militares estão entre os 34 depoimentos, de diferentes matizes, que abordam o tema sob perspectiva histórica, geopolítica, ambiental, econômica e social." O filme foi produzido pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e pela Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) com direção de Peter Cordenonsi. Pode ser visto na internet, clique no banner.

sábado, 15 de agosto de 2009

Hendrix, Joplin, Woodstock

1969. Woodstock. Faz 40 anos. 500 mil pessoas. Três dias. Queria ter visto. Hendrix, Janis Joplin, a maior e melhor voz feminina do Rock. Vocês gostariam de ter nascido nos anos 60? Album de fotos bem bacana da Revista Rolling Stone.


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Leonard Horowitz fala sobre Vírus A (H1N1)

Mais um vídeo com teor crítico sobre o vírus da gripe A. Dessa vez é o Dr. Leonard Horowitz que fala do vírus "fabricado em laboratório", segundo o próprio. Outro dia postei aqui o Operação Pandemia; muito bom por sinal.

Curta com Selton Mello e Seu Jorge

O curta nem é tão novo, mas como só vi agora e achei bom pra cacete indico aqui. É muito doido a parada das teorias do Quentin Tarantino e as ligações entre os personagens dos seus filmes.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Curtas Banais #2


do trabalho


seis horas da manhã, travessa da heitor penteado. dirijo sonada em direção à produtora. como profissional responsável que sou, chegarei meia hora antes da equipe pra garantir que está tudo certo. como maconheira véia que sou, lembro que esqueci de pedir três-tabelas e de checar se o kit de luz vem completinho, com uns acessórios de nomes estranhos pra vocês mas que não passam de coisas que os seres humanos normais chamam de tomadas e extensões (ou algo muito parecido com isso). tudo bem, a diária caiu no meu colo ontem às dez horas da noite – diria que não tive muito tempo pra pensar em tudo – mas que sei que o eletricista (ou, pior, o fotógrafo) irá me xingar se não estiver tudo lá. afinal as pessoas me pagam para, entre outras coisas, conseguir fechar eficientemente diárias às dez horas da noite da véspera.

me desespero momentaneamente e disco o número da locadora de equipamentos. tudo ok. respiro aliviada. minha reputação profissional está a salvo por meia dúzia de cabos e uns caixotes de madeira.

estou distraída ainda pensando em acessórios de luz, olhando pra fora da janela com o carro parado num farol vermelho e vazio. sem perceber, estava observando um gari que trabalha varrendo a calçada. ele me desperta do transe:

- essa aqui não dá não!

- oi?

- a vassoura. olha só! - ele mostra a vassoura careca, rindo - não dá pra trabalhar assim não!

- nossa, é verdade.

- o fiscal disse que vai trazer outra ainda hoje. mas vai saber né? ruim é ter que depender dos outros pra poder trabalhar.

ruim mesmo é depender de objetos que os outros nos provém, eu penso.

- pois é. também acho.

- dá não, fia! ó, o farol abriu! tchau!

- tchau.

Sofia Amaral é roteirista, produtora, colunista do blog Rodapé e até jornalista se faltar trampo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Penetra Oficial # 4


Um glossário do Show Business

Pra quem não está acostumado com o dia-a-dia do show business abaixo um guia de expressões usadas com a visão particular dessa que vos escreve. Complementos são bem-vindos.

Backstage – As pessoas adoram usar esse termo. Poderiam usar bastidores, mas a maioria gosta mesmo é de dizer “Estive no backstage”, “trabalhei no backstage”, tive acesso ao “backstage”. É chique e dá status para um local que nada mais é que: “atrás dos palcos”.

Staff – Huuuum, para que falar “equipe”? Traduzindo ao bom português, nada mais é que um grupo de pessoas que trabalham em conjunto ou para uma mesma organização. Você viu o fulaninho do meu staff por aí?

Jaz – Deu problema no show? Então o correto é dizer: “Deu jaz”. Deve ser uma alusão para a frase “Aqui jaz”.

Caiu! – Se além de trabalhar problemas, o show foi literalmente cancelado, meu amigão, o correto é dizer: “O show caiu”. Um evento cancelado também se usa “A data caiu”.

“Toca Tinta” e “Manda Bala” – Expressões de motivação usadas pelos meu diretores (ops... será que eles vão ler?)

Gig – “Os caras da minha gig”, “Eu toco numa gig”, “sou produtor da gig x e y”. Sim, Gig não é uma pessoa, muito menos o nome próprio de um artista, é uma denominação que foi criada sabe-se lá por quem, derivada sabe-se lá de onde, usada para denominar turnês, equipe (Staff!) ou algo do tipo.

Camarim – Lugar dos sonhos de muitos fãs. Certa vez estava num show em Campos do Jordão (lugar alto nível, né?) e o máximo que encontrei foram três cadeiras e uma mesa. Em cima da mesa garrafinhas de água. Ao contratante:
- Senhor, onde estão os sucos, refrigerantes e demais itens da lista?
- Olha só, uns 100 metros daqui, do outro lado da rua tem um mercadinho. Fique a vontade, lá você encontra.
É mole?

E pra finalizar a campeã de audiência:

Credencial – Feche os olhos;
Volte ao tempo e lembre-se do dia que ganhou as chaves de casa;
Vá um pouco adiante, se veja casada com o Rodrigo Santoro, ou, no caso da ala masculina imagine alguma ex-BBB, capa de playboy ou algo do tipo;
Conseguiu sentir a sensação?
É essa a sensação que algumas pessoas sentem quando colocam seu crachá de acesso pendurado no pescoço e desfilam pelo backstage como se estivessem na passarela do São Paulo Fashion Week, o momento de colocar em execução o pequeno poder, usar e abusar dele.
No final das contas, enjoy!

Fabiana Cardoso é jornalista e produtora

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Humor em pílulas # 2


Catarrinho na garganta


É muito comum no dia-a-dia médico as chamadas “consultas múltiplas”. São famílias impulsionadas por um único ente querido doente que resolve passar em consulta médica mesmo saudáveis.
-Ah, Dr.! Já aproveitamos que o Pedrinho está doente e resolvemos passar também!
Acham isso o máximo: uma consulta médica sem queixas às 23h de um domingo, no pronto-socorro! A mais pura falta de bom-senso, reprovada ferrenhamente por nós, médicos.
O paciente tem todo o direito a quantas consultas médicas preventivas quiser, desde que num ambiente adequado, com consulta agendada, e não em um pronto-socorro; o próprio nome já define os propósitos do atendimento médico nesses locais: urgências e emergências, não consultinhas de rotina. Prá não citar o famoso check-up, exemplos:
- Então Dr., viemos eu, minha esposa e meus três filhos fazer um check-up antes de ir prá praia. Estamos com as malas no carro, vamos descer agora. Vai que ficamos doentes bem no meio do feriadão, né?! Sabe como é...
- Sei... igual revisão de carro antes de pegar a estrada, né?!
E eles acham graça...
As tais consultas múltiplas variam desde um acompanhante saudável até quantos imaginarmos. Já atendi seis em uma tacada só! Vieram pai, mãe, filho, filha, avó, cunhado e vizinha. Só faltou o mascote da casa. Até perguntei por ele, se chamava Dolly, uma cadelinha vira-latas de 2 anos, a qual não pôde comparecer à consulta, uma pena... Porém, as mais comuns são as duplas, ou de irmãos, ou casais.
Certa madrugada de plantão, 4h da manhã, uma consulta tripla me acorda (sim, pasmem: médico também dorme!). Duas irmãs gêmeas e a avó. Como, do nada, no meio da madrugada, duas irmãs gêmeas e a avó ficam doentes ao mesmo tempo, necessitando de pronto atendimento médico? Nem gripe A, nem varíola, nem ebola tem uma transmissibilidade tão alta!!!
Ao levantar, sonolento, me arrastar até o elevador que me levaria ao consultório tinha uma certeza: ou descobriria uma nova doença ou perderia completamente minha paciência.
Chamo as três “doentes”, que na verdade são quatro, a mãe das gêmeas acompanhava o trio. As gêmeas vestidas cafonamente com a mesma roupa. A primeira, Gaby, 6 anos. A mãe inicia o relato dramático dos sintomas da criança:
- Ameaça de febre, Dr.!
- Ameaça de febre, senhora? O que é uma ameaça de febre?
- Então, ela parece que está com frio...
- Senhora, são 4h da manhã, está uns 10°C aí fora, eu também estaria com frio.
Examino. Obviamente normal. Receito dipirona caso a ameaça se torne realidade. A segunda do trio, Paty, 6 anos.
- E a outra, o que sente, senhora?
- Então Dr... por elas serem gêmas, tudo que faço prá uma, tenho que fazer prá outra igual, senão ficam tristes... Então como a Gaby ia passar aqui, resolvi trazer a Paty.
- Quer dizer então que a senhora acordou e trouxe sua filha ao hospital à essa hora para que não fique triste de não ter passado no médico também?
- Isso mesmo.
Minha paciência havia ficado no 3° andar, embaixo do meu travesseiro. Levanto da minha cadeira puto, muito puto, e examino a segunda mimada da prole.
- Ela está normal senhora, mas se quiser gastar dinheiro posso lhe fazer uma receita.
- Não Dr., melhor não...
É a vez da avó:
- E a senhora, dona Idalina? Veio também porque ia ficar triste se as netas passassem e a senhora não?
- Não Dr., meu caso é outro. Tenho um catarrinho na garganta que não desgruda nunca.
- Há quanto tempo?
- Uns cinco anos...
- Então a senhora tem um “catarrinho na garganta há cinco anos” e decidiu, no meio da madrugada e no pronto-socorro, resolvê-lo?
A velha notou minha impaciência e ficou muda. Apontei a cadeira de exames.
- Tudo normal senhora, como esperado. Vai fazer alguns exames em horário comercial e, com os resultados, agendará uma consulta, fora do pronto-socorro.
Rabisco a papelada e a mãe recomeça:
- Dr., qual a diferença entre Novalgina e Tylenol?
Xingá-la era o caso, mas não fiz, as frações de segundo me recordaram os sacrifícios para obter meu CRM; jogá-lo pela janela em uma situação ridícula como essa seria imperdoável. Respirei fundo.
- Senhora, Novalgina é dipirona, Tylenol é paracetamol.
- Mas e o efeito deles, são...
Sobressaltei da cadeira, interrompi a lorota e abri a porta. Entreguei os pedidos e disse rispidamente:
- São semelhantes. Boa noite.
Levantaram das cadeiras simultaneamente, as crianças zonzas de sono, sem entender, assim como eu, o que foram fazer lá. A avó desorientada e a mãe resmungando, após uma consulta médica proporcional às queixas do pacientes.

Dr. Rino é medico e colunista do Blog Rodapé; fica puto com paciente sem noção que acha que pronto-socorro é passeio no shopping.

sábado, 8 de agosto de 2009

Izaías Almada # 4


Pensando Alto


O mundo segue com seus inúmeros e cada vez maiores problemas, entre eles a provável escassez de água potável, a ainda necessária obtenção e distribuição de petróleo (energia essencial pelos muitos e próximos anos) e, em consequência disto – além da destruição perversa do meio ambiente para satisfazer a ganância capitalista – a temerosa manutenção de vários focos de disputa pelo domínio e poder político/econômico: Afeganistão, Iraque, Palestina, Sudão, Colômbia, Honduras para ficarmos em alguns exemplos.
Por aqui, país do futebol, dos BBB’s televisivos, da corrupção político/empresarial e outras mais modestas do dia a dia, “divertimo-nos”, manipulados por uma mídia irresponsável e defensora de interesses, na maioria das vezes antipopulares e antinacionais, com as estripulias de jogadores e técnicos de futebol ou artistas e “celebridades” e seus astronômicos salários (a projeção do efêmero) ou com a possibilidade de aumentar o número de mortos com a gripe suína (a expectativa mediática do terror) ou ainda com a crise do senado (a tese do somos “quase” todos corruptos).
Por vezes sobra a impressão de que o Brasil, vivendo a crise da adolescência econômica (passando de país monocultor a país agroindustrial), sustentada em uma subdemocracia (onde todo mundo grita, mas ninguém tem razão), cujos três poderes constitucionais (Executivo, Legislativo e Judiciário) não passam de simulacros do chamado governo do povo, para o povo e pelo povo, sobra a impressão, repetimos, de que o Brasil vive num mundo à parte. Ou seja, o que se passa no resto do mundo não nos interessa, tanto se nos dá.
O único país que conheci em minha vida (e já conheci muitos) que sempre viveu uma espécie de autismo geopolítico e ideológico, com profundo desprezo por outras culturas que não seja a sua, chama-se Estados Unidos da América. Cultura do velho oeste baseada na invasão de territórios e grandes matanças de índios, onde os generais Colt e Winchester dão as ordens e fazem a alegria de milhares de acionistas. Único país no mundo, aliás, que até hoje usou a bomba atômica contra outro povo. Em nome da paz...
No momento em que a América Latina ou pelo menos vários de seus países se empenha para a conquista da independência e soberania de seus povos, com a defesa de suas riquezas naturais, é natural o desejo de evoluir-se para o estabelecimento de uma democracia participativa, onde o valor da consulta popular e o exercício do voto não se baseiam somente no poder econômico e na corrupção daí advinda.
Quando povos despertam em defesa de suas culturas, em defesa de um modelo econômico alternativo ao neoliberalismo, que tanto dano provocou às nações menos desenvolvidas, isso põe em alerta as mentes mais conservadoras e reacionárias do mundo. Quando se convocam Assembléias Constituintes para ajustarem as constituições às necessidades dos novos tempos, criando a possibilidade de que as leis de uma Carta Magna não atendam apenas, na prática, aos interesses de oligarquias nacionais ou regionais, isso acaba por estabelecer uma nova linha divisória naquilo que há mais de cento e cinqüenta anos, pelo menos, se conhece como luta de classes.
O Brasil tem procurado marcar presença nessa nova história latino americana com o comportamento do realismo pragmático, o que – se em muitos casos é profícuo – em outros pode se transformar em covarde egoísmo ou medo de enfrentar os desafios com maior coragem e discernimento. Batemos uma no cravo e outra na ferradura, consoante os interesses de momento. Em princípio uma política que se entende e que até proporciona atitudes coerentes, como a revisão do acordo de Itaipu com o vizinho Paraguai, por exemplo, reparando-se uma injustiça com o país irmão, vítima de um contrato selvagem de exploração de suas águas.
Outras situações, no entanto, exigem mais presença e mais firmeza do nosso país no cenário sul americano. Quando a Colômbia, ampliando os limites de sua frágil e discutível soberania, permite a instalação de mais bases norte-americanas dentro de seu território, numa evidente manobra de desestabilização da região noroeste da América do Sul e do Caribe, cabe indagar qual a posição do governo brasileiro a respeito, quando a Amazônia – uma das regiões mais ricas do mundo – fica a alguns poucos quilômetros dessas bases militares de um país estrangeiro dentro de outro país estrangeiro e limítrofe.
Alguém acredita, sinceramente, que tais bases militares são para ajudar a combater o narcotráfico? Ou para protegê-lo? Relatórios recentes da ONU indicam que o maior produtor mundial de cocaína ainda é a Colômbia e que o maior consumidor da droga são os Estados Unidos da América. Como é que fica? O país de Barack Obama já não engana ninguém há muito tempo com essa sua baboseira de defender a democracia pelo mundo. Qual democracia? Existem tantas, para tantos usos. A italiana, por exemplo, permite que o primeiro ministro Berlusconi se divirta com prostitutas e garotas menores de idade. A francesa permite a discriminação contra cidadãos estrangeiros que trabalham há anos no país. A norte-americana incorporou a tortura como forma de interrogatório. A brasileira permite que um banqueiro, Daniel Dantas, condenado pela justiça, continue lavando dinheiro e comprando jornalistas e juízes para se manter em liberdade. A chilena permite a discriminação contra grupos indígenas. A hondurenha foi substituída por um golpe de estado.
Quem nos defenderá dessas democracias?

Izaías Almada é autor entre outros do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Editora Boitempo) e colunista do Blog Rodapé.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Defensorias Públicas

Nas bancas a Revista do Brasil de agosto, com reportagem sobre Defensoria Pública de minha autoria. Fiquei contente por um assunto de tamanha importância ter tido destaque na capa da publicação; coisa rara na imprensa reportagem que fala de um direito do povão, um direito humano. Coisa viável porque ainda tem editor que saca o que importa, que tem noção de que jornalismo pode fazer - por menor que seja - alguma diferença. Isso é fundamental. A justiça para todos é essencial. As Defensorias precisam de mais estrutura e investimentos porque faz o bem para o povo carente. Os defensores tem garra, são combativos, vocacionados e capazes. No site da Rede Brasil Atual a partir de amanhã alguns textos complementares serão publicados sobre o tema. Tem a história do Lucas, por exemplo, que teve a ajuda da Defensoria Pública Criminal para redução de uma pena de 40 anos. Ele saiu em 2002 e fez faculdade de Ciência Sociais; quer ser professor de escola pública para ensinar que a vida é maior e que o crime não dá retorno, mas cobra muito. Exemplar! Um cara muito legal de conversar que adora filosofia, curte Marx, devora os livros. A profissão tem dessas, você tromba gente incrível com histórias incríveis. É o que dá ânimo pra seguir em frente. É que faz o jornalismo ter uma função pra mim essencial e que se perde no dia a dia: a de contar histórias humanas.

Operação Pandemia

Não dá pra dizer se é ou não é. O que posso supor, como curioso, é que o vídeo é incrivelmente interessante. Vale ver seus quase 10 minutos. Pegando informações dias depois, do blog do Sakamoto: "o documentário argentino “Operação Pandemia”, do diretor argentino Julián Alterini, produzido no mês passado e que está circulando como viral na internet, tenta mostrar quem está ganhando com a paranóia global por conta da epidemia de Influenza A(H1N1) - chamada de “gripo porcina” por nosso vizinho. Culpa fabricantes de remédios, compara com outras crises semelhantes em décadas passadas, fala da responsabilidade de Donald Rumsfeld, ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, e discute os efeitos colaterais de medicamentos como o Tamiflu, usado para tratar a doença."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Curtas Banais #1


do amor


nove horas da manhã, meu despertador toca. aproveitei o dia calmo pra acordar mais tarde, mas ainda com tempo de dar uma enrolada básica na cama com meu namorado. mas ele está de costas pra mim. sei que acordou com o despertador também e tento fazê-lo virar. nada. ele me ignora. insisto um pouco.

- hmm gata, me deixa dormir mais um pouco. - e continua de costas.

fico decepcionada e irritada. depois triste. ele não gosta mais de mim. estou gorda. ele não me quer mais. por que fui comer antes de dormir? é por essas que ele não tem mais tesão. sofia, a baleia assassina.

- hmm, hmm - ele resmunga - tive uns sonhos estranhos...

- que foi?

- ... - e continua de costas.

- conta.

ele vira e me abraça:

- sonhei que eu estava gravando um carro de fórmula 1 e quando eu voltei você estava de biquininho, toda gostosa, se esfregando nos mecânicos. e eu ficava louco de ciúme e você não parava. e no final do sonho eu te matei.

Sofia Amaral é roteirista, produtora e até jornalista se faltar trampo. Hoje estreia sua coluna Curtas Banais, mais um reforço dos bons para o blog Rodapé.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cuide de Você

Uma boa exposição está rolando no Sesc Pompéia até o dia 7 de setembro; "Cuide de Você" da artista conceitual francesa Sophie Calle, que transformou o fim de um romance em arte. Arte? Bem, ela pegou a carta de rompimento que recebeu de um ex-namorado-amante (cujo final é o que dá nome a exposição), o escritor Grégoire Bouillier e convidou 107 mulheres, das anônimas as famosas, amigas e a própria mãe para analisar, intepretar e emitir considerações sobre a carta-rompimento. Disse a artista ferida: “É mais fácil realizar um projeto quando sofremos do que quando estamos felizes. Não sei o que prefiro: se é estar feliz com um homem ou fazer uma boa exposição.” A quem for a exposição não deixe de ler as traduções das cartas nos cadernos distribuídos na entrada. Atenção especial a análise da Delegada, da Advogada, da Consultora de Etiqueta (hilária), uma escritora (com ótimas observações e contrária ao "espírito de corpo" ou "solidariedade feminina") e de uma menina que simplesmente escreveu: "Ele se acha". O conjunto ajuda a dissecar a carta, criando um panorama de respostas, sejam elas técnicas, acadêmicas, performáticas ou emocionais. Outro ponto alto da exposição são as belas fotos e um vídeo de uma mulher - psicóloga talvez - falando com a carta que está numa cadeira; como se fosse Sophie. Será isso? Não lembro bem, mas foi divertido. A exposição faz parte das comemorações do Ano da França no Brasil.

“Cuide de você”, de Sophie Calle. Sesc Pompéia
Rua Clélia, 93 – São Paulo. Até 7 de setembro; terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 20h. É de graça.

domingo, 2 de agosto de 2009

Larica Total: "culinária de guerrilha"

O Paulo de Oliveira é um figura que faz o programa que ele diz ser de culinária: o Larica Total. Como o próprio diz "culinária de guerrilha, a culinária da verdade, a culinária que eu entendo." A primeira temporada (24 episódios) passou no Canal Brasil e o site diz que a segunda começa em outubro. Tô pra ver um programa de culinária melhor e mais bem elaborado para os solteiros e lariquentos do mundão. E não precisa de papagaio do lado ou grandes maquinarias engenhosas da cozinha; é uma sátira do que tem por aí na tevê aberta das Anas Marias. Episódios como Moqueca de Ovo, Frango Total Flex, Só o Macarrão Salva, Miojão Supremo e o Yakisobra são verdadeiras aulas de como sobreviver com pouco e das sobras de geladeira. Muito engraçado e tem tudo no Youtube, outra salvação. Recomento começar por esse do Yakisobra. Cuidado com Soyo demais!

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