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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Robôs recuperam empregos mais rápido que humanóides

Como os humanos, os robôs são fortemente vulneráveis às crises financeiras, talvez até mais. Em 2009, por exemplo, a crise mundial ceifou o nascimento de 47% de robôs, em relação a 2008 – quase 60 mil unidades deixaram de ser produzidas, segundo o relatório da World Robotics. Como a indústria automobilística é a principal compradora de robôs, a queda foi inevitável.
A indústria automobilística
é a principal compradora de robôs
Mas a recuperação foi mais rápida do que a destruição de empregos entre humanóides no mesmo período. Nos primeiros 9 meses de 2010 as vendas de robôs industriais já havia dobrado em relação ao mesmo período de 2009 (que foi um ano ruim). Essa é uma faceta histórica da grande empresa. Elas têm sistematicamente usado os períodos de recessão para investimentos em automação, e essa tendência não só vai continuar, como provavelmente se acelerar, devido às pressões contínuas por inovações que precisam ser despejadas no mercado num ritmo cada vez mais veloz. Nas fábricas highTech, os escravos mecânicos já escorraçaram irreversivelmente seus competidores humanos. Segundo o World Robotics, um relatório anual produzido pela Federação Internacional de Robótica (dirigida por humanos, ainda) já existem 8,6 milhoes de robôs grandes em todo mundo. E as vítimas não serão apenas as pessoas com trabalhos repetitivos que não exigem muito raciocínio. Com o avanço paralelo da Inteligência Artificial, até os mais altos escalões das empresas poderão ser substituidos com vantagens por robôs frios e calculistas, que não cedem a paixões transitórias. Outro ponto a favor dos fabricantes de robôs é que a vida útil deles varia entre 12 e 15 anos. O mercado cativo de substituições é estável. Segundo a Federação Mundial de Robótica, a competição pela produtividade vai tornar inevitável a decolagem dos robôs em todos os ramos industriais, não apenas na indústria automobilística. Eles calculam que o ritmo de crescimento de 10% ao ano vai se consolidar entre 2011 e 2013. Propelido, é claro, pela China, talvez a Índia e EUA. A demanda por robôs desde os mergulhadores para plataformas petrolíferas marítmas até as máquinas ordenhadoras de vacas vão disparar. Robôs pessoais para cuidar de idosos, fazer a faxina em casa, podar a grama e nas salas de cirurgias para operações delicadas estão numa lista infindável dos fabricantes. “Essas coisas vão atingir a maturidade por volta de 2020”, calcula o relatório annual do Robotic World.
Robô que encenou peça de teatro na Suiça,
no musical Robots
O Brasil, evidentemente, não pode nem sonhar em fazer parte da produção dessas máquinas, por falta de todas as infraestruturas básicas, da mecânica fina, eletrônica e mão de obra. Mas pode apostar na importação de mais robôs para enfrentar a competição de preços e rapidez de produção em todas as áreas de manufatura.
Mas, ironicamente, devido à indefinição dos modelos de negócio na robótica, os brasileiros podem pegar uma carona. Robôs, mesmo com produção em escala, sempre vão ser caros e pode ser inviável um aposentado rico comprar um. É mais provável que provedoras de serviços (como as de telefonia celular) subsidiem os robôs, que ficariam em consignação, mesmo porque a vida útil deles é curta. Nesse caso, talentos de negócios e softwares brasileiros teriam uma chance considerável no desenvolvimento de aplicativos originais. É uma aposta que parece valer a pena, se o sistema educacional do país encarar o desafio.

Flávio de Carvalho Serpa, jornalista, especial para o Nota de Rodapé

Um comentário:

Anônimo disse...

Skynet vai existir mesmo?

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