Para quem estava aguardando para fuçar (ou criticar), a ferramenta que traz imagens da perspectiva do pedestre – o Google Street - já está disponível com imagens do Brasil. No Google Maps, é só digitar o endereço, clicar no link confirmando o local do lado esquerdo e depois clicar em “vista da rua” (veja as imagem abaixo).
Diogo Ruic (twitter: @diogoruic)
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Geralzão do NR #1
Cultura de graça!
Alô, educadores, Ongs e pessoal ligado na área de educação, saúde e meio ambiente. O espetáculo de Ivaldo Bertazzo, Corpo Vivo-Carrosel das Espécies, convida para sessões especiais da peça. Todas as quintas-feiras, às 21h, até 14 de outubro, dá tempo de ver, lá no Sesc Pinheiros. É de graça! Só precisa reservar os ingressos. E-mail para informações é: mariana@ivaldobertazzo.com.br Se preferir, ligue: 11 3294-1755 - ramal 31. Para saber mais sobre Ivaldo Bertazzo e ver imagens, filmes e reportagens sobre o espetáculo Corpo Vivo, acesse: www.ivaldobertazzo.com
Marília Medalha
“Nadar contra a corrente sempre foi a marca registrada desta artista niteroiense. Em 1965, com apenas 20 anos, ela recusou o convite do amigo Sérgio Mendes para fazer carreira nos Estados Unidos. Ela preferiu seguir para São Paulo e, sob a batuta de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, brilhou na histórica montagem de Arena Conta Zumbi.” A Funarte produziu um programa que homenageia a carreira da artista. O programa pode ser ouvido AQUI.
Ato pelo Ficha Limpa
Sabadão, véspera da eleição, às 14h, um ato pela Lei do Ficha Limpa vai acontecer no espaço Plínio Marcos, alí na praça Benedito Calixto, Pinheiros (SP). É uma parceria do Autor na Praça e MCCE - Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. A nota de divulgação diz: “Enquanto o STF discute se a Lei vale ou não para este ano, vamos alertar aos eleitores que na verdade ele [eleitor] é o supremo juiz na hora do voto e que deve escolher bem seu representante. Estarão disponíveis para venda os livros da Lei do Ficha Limpa e Policidadania.”
PIG (Partido da Imprensa Golpista)
Izaías Almada, colunista deste NR, sugere aos leitores o vídeo a seguir. Em linhas gerais, é uma critica a mídia comercial brasileira.
Alô, educadores, Ongs e pessoal ligado na área de educação, saúde e meio ambiente. O espetáculo de Ivaldo Bertazzo, Corpo Vivo-Carrosel das Espécies, convida para sessões especiais da peça. Todas as quintas-feiras, às 21h, até 14 de outubro, dá tempo de ver, lá no Sesc Pinheiros. É de graça! Só precisa reservar os ingressos. E-mail para informações é: mariana@ivaldobertazzo.com.br Se preferir, ligue: 11 3294-1755 - ramal 31. Para saber mais sobre Ivaldo Bertazzo e ver imagens, filmes e reportagens sobre o espetáculo Corpo Vivo, acesse: www.ivaldobertazzo.com
Marília Medalha
“Nadar contra a corrente sempre foi a marca registrada desta artista niteroiense. Em 1965, com apenas 20 anos, ela recusou o convite do amigo Sérgio Mendes para fazer carreira nos Estados Unidos. Ela preferiu seguir para São Paulo e, sob a batuta de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, brilhou na histórica montagem de Arena Conta Zumbi.” A Funarte produziu um programa que homenageia a carreira da artista. O programa pode ser ouvido AQUI.
Ato pelo Ficha Limpa
Sabadão, véspera da eleição, às 14h, um ato pela Lei do Ficha Limpa vai acontecer no espaço Plínio Marcos, alí na praça Benedito Calixto, Pinheiros (SP). É uma parceria do Autor na Praça e MCCE - Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. A nota de divulgação diz: “Enquanto o STF discute se a Lei vale ou não para este ano, vamos alertar aos eleitores que na verdade ele [eleitor] é o supremo juiz na hora do voto e que deve escolher bem seu representante. Estarão disponíveis para venda os livros da Lei do Ficha Limpa e Policidadania.”
PIG (Partido da Imprensa Golpista)
Izaías Almada, colunista deste NR, sugere aos leitores o vídeo a seguir. Em linhas gerais, é uma critica a mídia comercial brasileira.
Galinhas no Horizonte
(Lisboa, 2010)
Veruscka Girio é publicitária, designer, diretora de arte, produtora multimídia, videocenarista, vj e curiosa no processo do uso do computador como ferramenta de criação e produção artística para elaboração de novos mundos. Mantém a coluna de arte multimídia e interativa Astronauta Mecanico.
Veruscka Girio é publicitária, designer, diretora de arte, produtora multimídia, videocenarista, vj e curiosa no processo do uso do computador como ferramenta de criação e produção artística para elaboração de novos mundos. Mantém a coluna de arte multimídia e interativa Astronauta Mecanico.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Gordinha do Rabecão também é do PR, mesmo partido do Tiririca
Ela não é famosa como o palhaço Tiririca ou os irmãos KLB. Tem superior incompleto, é solteira e natural de Taguatinga. Promete um crematório para o Distrito Federal. Como explica a matéria do jornal Correio Brazilense. "Em 12 anos de profissão, ela já buscou mais de 4 mil cadáveres, nos quatros cantos do DF. Dramas e comédias da impagável Ana Cristina Neves, a auxiliar de necropsia do IML que coleciona histórias e sonhos." O slogan é:
"Não seja morto. Seja vivo. Vim buscar seu voto e não você! Sem opção, Gordinha do Rabecão. Não deixe pra depois."
Também é candidata pelo PR (Partido da República), mesmo do palhaço 2222. Parece que o PR está se especializando em candidaturas cômicas, que não serão nada engraçadas caso se concretizem.
"Não seja morto. Seja vivo. Vim buscar seu voto e não você! Sem opção, Gordinha do Rabecão. Não deixe pra depois."
Também é candidata pelo PR (Partido da República), mesmo do palhaço 2222. Parece que o PR está se especializando em candidaturas cômicas, que não serão nada engraçadas caso se concretizem.
Calle 13 conseguiu se comunicar em um festival sem identidade
Residente, o cantor do grupo porto-riquenho Calle 13, pulou do palco para as caixas de som e delas para o chão. Passou pelos seguranças, subiu na grade que separava o público dos músicos, e começou a gritar:
- Estamos vivos? Ei! Estamos vivos?
(vídeo de Residente acordando público em São Paulo)
Calle 13 é, provavelmente, o grupo mais popular da América Latina na atualidade. Em menos de cinco anos, eles (René Perez, o Residente, e Eduardo José Cabra, o Visitante) se tornaram os maiores vencedores de prêmios musicais do continente (10 Grammys latinos e 2 Prêmios Grammy). Da Argentina ao México, uma apresentação dos porto-riquenhos é um acontecimento concorrido e esperado. (Euforia com a apresentação de Calle 13 na Argentina)
No sábado, dia 25, Calle 13 finalmente tocou no Brasil, no Jockey Club, em São Paulo. Terminada a primeira música, René Perez se meteu no meio da plateia para provocá-la. Deve ter estranhado a uma reação contida durante o começo do show – está acostumado a um público mais participativo. Aos poucos, cantando e dançando, o Calle 13 conseguiu levantar o público. Os excelentes músicos que acompanham a dupla fizeram com que os hits ganhassem ainda mais força. Com metal e percussão de sobra, até quem estava “morto” se mexeu.
“Eles são de Cuba? De onde eles são?”, me perguntou uma garota que não parou um segundo de dançar durante o show. Não conhecia Calle 13, mas parece ter gostado. Como ela, muita gente deve ter ido ao festival para ver um tal Pitbull (enlatado da pior espécie) e Monobloco (que matou a pau ao fechar o evento). Levaram, de graça, o cartão de visita desses porto-riquenhos que, como eles próprio dizem, são a “fucking moda” latina.
As letras de René e Eduardo trazem muita ironia, protesto e piada, e perdem força quando cantadas para um público pouco acostumado com espanhol. Durante o show, o Residente tentou se comunicar em português, espanhol e inglês. Falou por meio da música e no final deixou seu recado: “Sempre represente seu país. O povo manda e o governo obedece. Viva Porto Rico livre”, disse. “Viva Mercedes, viva Allende, viva Bolívar, viva toda América Latina”.
Nem mesmo a dificuldade de comunicação, nem o relativo desconhecimento da plateia em relação ao Calle 13, impediram que o grupo fizesse um show marcante em sua primeira vinda ao Brasil. Na música Fiesta de Loco, Residente diz: “Eu não entendo essa canção, mas danço como você quiser”. Foi o que aconteceu em São Paulo com muita gente.
O festival sem identidade
Promover um festival de música latino-americana no Brasil é mais do que colocar no mesmo palco um par de bandas que cantam em espanhol intercalados a músicos locais. Os organizadores do Telefônica Mundo Latino devem ter percebido isso. Em termos de infra-estrutura, tudo estava perfeito. Segurança, sinalização, banheiros (até papel higiênico tinha) etc. Mas o local onde o evento foi realizado já deixa dúvida de se foi uma boa escolha. Foi como fazer uma despedida de solteiro no salão de festas da igreja. O resultado foi que sobrou espaço.
Na entrada, um “lounge” da cervejaria Bohemia tocava, claro, música “lounge”. O espaço onde foram realizados os show de Fito Paez, Calle 13, entre outros, se chamava “Pop Urban”. Como a mocinha que dançava na minha frente, nem todos tinham total conhecimento dos artistas que se apresentariam – eu, por exemplo, não conhecia Pitbull (e não pretendo voltar a escutar). Que tal colocar alguém para interagir com o público e “explicar” quem se apresentaria? Que tal usar os telões ao lado do palco para “apresentar” as bandas?
E se, por se tratar de um festival latino, usassem o espaço que a Telefônica tinha para divulgar seus produtos para falar da América Latina? Panfletário demais? Não sei, mas acho que as televisões que passavam o UFC 119 podiam ter tido uma utilidade melhor. No site do festival falava-se em comida típica dos países latino-americanos. Só vi gente comendo pizza.
Também não vi uma interação tão grande entre músicos brasileiros e os estrangeiros. Vi Nando Reis penando para ler, no chão do palco, a letra de uma das músicas de Fito Paez – que fez um show impecável. Também vi Monobloco e Calle 13 fazerem duas apresentações eletrizantes, mas não vi harmonia (nem identificação) quando tocaram juntos.
Quem venham outros festivais latinos! E que aprendamos com os erros e acertos desse primeiro.
Para quem quiser saber mais sobre Calle 13, recomendo nossa coluna sobre a banda e esta matéria, muito bem escrita, do El País da Espanha.
Por questões de tempo e dinheiro, não estive nos shows realizados no outro palco, mais voltado para o jazz e MPB. Por isso, não opino sobre. Quem esteve e quiser contar como foi, o espaço está aberto.
Ricardo Viel, jornalista e colunista do NR (Conexsom Latina) Twitter: @rviel
- Estamos vivos? Ei! Estamos vivos?
(vídeo de Residente acordando público em São Paulo)
Calle 13 é, provavelmente, o grupo mais popular da América Latina na atualidade. Em menos de cinco anos, eles (René Perez, o Residente, e Eduardo José Cabra, o Visitante) se tornaram os maiores vencedores de prêmios musicais do continente (10 Grammys latinos e 2 Prêmios Grammy). Da Argentina ao México, uma apresentação dos porto-riquenhos é um acontecimento concorrido e esperado. (Euforia com a apresentação de Calle 13 na Argentina)
No sábado, dia 25, Calle 13 finalmente tocou no Brasil, no Jockey Club, em São Paulo. Terminada a primeira música, René Perez se meteu no meio da plateia para provocá-la. Deve ter estranhado a uma reação contida durante o começo do show – está acostumado a um público mais participativo. Aos poucos, cantando e dançando, o Calle 13 conseguiu levantar o público. Os excelentes músicos que acompanham a dupla fizeram com que os hits ganhassem ainda mais força. Com metal e percussão de sobra, até quem estava “morto” se mexeu.
“Eles são de Cuba? De onde eles são?”, me perguntou uma garota que não parou um segundo de dançar durante o show. Não conhecia Calle 13, mas parece ter gostado. Como ela, muita gente deve ter ido ao festival para ver um tal Pitbull (enlatado da pior espécie) e Monobloco (que matou a pau ao fechar o evento). Levaram, de graça, o cartão de visita desses porto-riquenhos que, como eles próprio dizem, são a “fucking moda” latina.
As letras de René e Eduardo trazem muita ironia, protesto e piada, e perdem força quando cantadas para um público pouco acostumado com espanhol. Durante o show, o Residente tentou se comunicar em português, espanhol e inglês. Falou por meio da música e no final deixou seu recado: “Sempre represente seu país. O povo manda e o governo obedece. Viva Porto Rico livre”, disse. “Viva Mercedes, viva Allende, viva Bolívar, viva toda América Latina”.
Nem mesmo a dificuldade de comunicação, nem o relativo desconhecimento da plateia em relação ao Calle 13, impediram que o grupo fizesse um show marcante em sua primeira vinda ao Brasil. Na música Fiesta de Loco, Residente diz: “Eu não entendo essa canção, mas danço como você quiser”. Foi o que aconteceu em São Paulo com muita gente.
O festival sem identidade
Promover um festival de música latino-americana no Brasil é mais do que colocar no mesmo palco um par de bandas que cantam em espanhol intercalados a músicos locais. Os organizadores do Telefônica Mundo Latino devem ter percebido isso. Em termos de infra-estrutura, tudo estava perfeito. Segurança, sinalização, banheiros (até papel higiênico tinha) etc. Mas o local onde o evento foi realizado já deixa dúvida de se foi uma boa escolha. Foi como fazer uma despedida de solteiro no salão de festas da igreja. O resultado foi que sobrou espaço.
Na entrada, um “lounge” da cervejaria Bohemia tocava, claro, música “lounge”. O espaço onde foram realizados os show de Fito Paez, Calle 13, entre outros, se chamava “Pop Urban”. Como a mocinha que dançava na minha frente, nem todos tinham total conhecimento dos artistas que se apresentariam – eu, por exemplo, não conhecia Pitbull (e não pretendo voltar a escutar). Que tal colocar alguém para interagir com o público e “explicar” quem se apresentaria? Que tal usar os telões ao lado do palco para “apresentar” as bandas?
E se, por se tratar de um festival latino, usassem o espaço que a Telefônica tinha para divulgar seus produtos para falar da América Latina? Panfletário demais? Não sei, mas acho que as televisões que passavam o UFC 119 podiam ter tido uma utilidade melhor. No site do festival falava-se em comida típica dos países latino-americanos. Só vi gente comendo pizza.
Também não vi uma interação tão grande entre músicos brasileiros e os estrangeiros. Vi Nando Reis penando para ler, no chão do palco, a letra de uma das músicas de Fito Paez – que fez um show impecável. Também vi Monobloco e Calle 13 fazerem duas apresentações eletrizantes, mas não vi harmonia (nem identificação) quando tocaram juntos.
- veja o album de fotos de todos os shows.Talvez falte, a todos nós, aprender mais sobre a música dos nossos vizinhos. Calle 13 tocou até uma bossa nova. Fito Paez há décadas namora Caetano, Paralamas e outros.
Quem venham outros festivais latinos! E que aprendamos com os erros e acertos desse primeiro.
Para quem quiser saber mais sobre Calle 13, recomendo nossa coluna sobre a banda e esta matéria, muito bem escrita, do El País da Espanha.
Por questões de tempo e dinheiro, não estive nos shows realizados no outro palco, mais voltado para o jazz e MPB. Por isso, não opino sobre. Quem esteve e quiser contar como foi, o espaço está aberto.
Ricardo Viel, jornalista e colunista do NR (Conexsom Latina) Twitter: @rviel
Queria ver outra Dilma no palanque. Meu voto é Marina
Concordo com o argumento de quem defende o voto em Dilma com base na continuação de um projeto para o país, que sem dúvida tem mostrado resultados, colocando o Brasil em outro patamar. Essa transformação é fato. Tudo isso fruto do crescimento interno, baseado na redução da pobreza por meio do aumento da renda – seja gerando empregos ou de maneira assistencial, como com o Bolsa Família. Um cenário realmente favorável construído, sobretudo, por Lula, que alterou prioridades e fez o que fez. Muito provavelmente o melhor presidente brasileiro da história.
O que pega é que, sabendo aproveitar uma onda favorável em seus dois mandatos, o petista é – e sabe que é - um mito político, personificando anseios coletivos e características arcaicas indiscutíveis para tal. E, por isso, o que se passa agora é seu poder de transferência de votos, colando sua imagem a de Dilma, que além de não ter as mesmas características é vazia de discurso próprio.
O mito político, que se vê como intermediário entre o eleitor e o projeto social esperado pela sociedade, tem na palavra uma de suas principais bases de sustentação. E isso lhe falta. O que vejo é que tudo isso ainda pertence a Lula, o mito arcaico que narra as origens e discorre sobre um “futuro fabuloso”, a chamada “continuação” narrada na propaganda política.
Mas não é só isso. Embora tenha feito o melhor governo, Lula e o PT erraram em diversas situações, em situações ideológicas - e isso me fere enquanto eleitor. Não consigo me imaginar comemorando a vitória em 2002 na Paulista se soubesse que veria a defesa de Sarney no Congresso e a parceria com o PMDB do jeito que ela se deu. Neste aspecto talvez seja idealista demais, mas isso não pode ser considerado um defeito quando falamos sobre política, certo? Votei em Lula para que, entre outras coisas, fosse proposta uma nova forma de se fazer política.
Queria ver outra Dilma no palanque, mais idealista, menos continuadora de um projeto que não é perfeito. Por isso meu voto vai para Marina. Uma pessoa que vi e vejo lutando por um desenvolvimento mais lento, embora sustentável – ambientalmente e políticamente falando.
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR (Twitter: @diogoruic)
O que pega é que, sabendo aproveitar uma onda favorável em seus dois mandatos, o petista é – e sabe que é - um mito político, personificando anseios coletivos e características arcaicas indiscutíveis para tal. E, por isso, o que se passa agora é seu poder de transferência de votos, colando sua imagem a de Dilma, que além de não ter as mesmas características é vazia de discurso próprio.
O mito político, que se vê como intermediário entre o eleitor e o projeto social esperado pela sociedade, tem na palavra uma de suas principais bases de sustentação. E isso lhe falta. O que vejo é que tudo isso ainda pertence a Lula, o mito arcaico que narra as origens e discorre sobre um “futuro fabuloso”, a chamada “continuação” narrada na propaganda política.
Mas não é só isso. Embora tenha feito o melhor governo, Lula e o PT erraram em diversas situações, em situações ideológicas - e isso me fere enquanto eleitor. Não consigo me imaginar comemorando a vitória em 2002 na Paulista se soubesse que veria a defesa de Sarney no Congresso e a parceria com o PMDB do jeito que ela se deu. Neste aspecto talvez seja idealista demais, mas isso não pode ser considerado um defeito quando falamos sobre política, certo? Votei em Lula para que, entre outras coisas, fosse proposta uma nova forma de se fazer política.
Queria ver outra Dilma no palanque, mais idealista, menos continuadora de um projeto que não é perfeito. Por isso meu voto vai para Marina. Uma pessoa que vi e vejo lutando por um desenvolvimento mais lento, embora sustentável – ambientalmente e políticamente falando.
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR (Twitter: @diogoruic)
Perguntar não ofende
Já que perguntar não ofende, pergunto: Por que, no dia 28 de setembro, o Uol primeiro anunciou que a mais recente pesquisa do DataFolha indicava que Dilma tinha caído, mas ainda ganharia no primeiro turno, e depois mudou para dizer que a pesquisa indicava que poderia haver segundo turno? Ambas as informações parecem corretas, mas por que a hesitação entre uma e outra?
Renato Pompeu, jornalista e escritor, especial para o NR. Conheça seu blog.
Renato Pompeu, jornalista e escritor, especial para o NR. Conheça seu blog.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Pelo avanço das transformações, voto em Dilma
Acredito na Revolução. Aos 12 anos, em 1985, li – sem tudo entender – livro da coleção Primeiros Passos, da editora Brasiliense, intitulado “O que é Revolução?”. Escrito por ninguém mais do que o magnífico sociólogo Florestan Fernandes, o libreto é um resumo das etapas para chegar ao sistema comunista. Tornou-se a obra que me introduziu no interesse pela política e, consequentemente, pelo jornalismo. Por essa e outras inspirações, em síntese, voto em Dilma Rousseff para presidente da República.
Entendo como revolucionário um governo que, como o de Lula, entre conquistas simbólicas e concretas, baseou-se no desenvolvimento calcado na economia real, em que a produção e o trabalho passaram a travar diálogo com setores reacionários da sociedade brasileira, quando se construiu uma cidadania internacional, fortaleceu-se o setor público, diluindo o poder da especulação da banca financeira e dos fundos de investimentos, o que evitou, por exemplo, a bancarrota numa crise mundial de proporções astronômicas.
Então, voto em Dilma Rousseff, principalmente porque o Brasil mudou. Não vou estender nenhum rol de números, não sou especialista em estatísticas. Contudo, minha assertiva parte da premissa de que o país mudou porque elevou a autoestima do seu povo, retirando grande parte das pessoas da situação de miséria absoluta, gerando emprego e renda, promovendo mobilidade social e ciclos virtuosos em locais antes abandonados.
Voto em Dilma, pois é um quadro político que tem histórico de convicção ideológica firme, o que a levou ser presa e torturada pelo regime militar. Apesar disso, nas posturas que assume, busca ser racional e mostra domínio sobre a gestão pública, como no caso do Programa de Aceleração do Crescimento, essencial para o aprofundamento das mudanças. (além disso, qual o problema de ter Lula ao seu lado? Nenhum. Ao contrário, pois “o cara” é um fenômeno quando o assunto é a condução do processo político).
Repito: acredito na Revolução. Isso, num país em que as pessoas, hoje, comem mais e se sentem participantes do conjunto social. O velho Marx já dizia que, para criar-se ambiente revolucionário, são necessárias condições objetivas e subjetivas. Como revolucionar sem comer, sem se sentir cidadão? Revolução é uma grande transformação. Atendo-nos a condição humana, que tanto rechaça movimentos abruptos, as transformações devem ser graduais, fornecendo as ferramentas para que as mudanças ocorram a partir do subjetivo e do objetivo.
O governo do PT é, desde a posse no primeiro mandato, em 2002, revolucionário, com a chegada de um operário ao poder. E o será ainda mais com a eleição da primeira mulher à Presidência da República, com o adendo de que foi guerrilheira em um período ditatorial encerrado há poucos 25 anos e que, até a atualidade, mantém resquícios contaminando nosso cotidiano.
Ah, sim. Não é a baixaria nem a manipulação de pesquisas ou edição de entrevistas e debates que me faz optar por Dilma, mas isso fortalece minha convicção. Fora as tendenciosas e pseudo-neutras coberturas da velha mídia, os emeios que têm circulado na rede são torpes, de dar nojo, indo desde boataria de que a candidata teria cometido assassinato até questionamentos sobre a sexualidade dela.
Sobre tais boatos repassados sobre Dilma Rousseff, sugiro este link: http://www.luizalberto1303.com.br/site/todos-os-emails-falsos-sobre-dilma-rousseff-desmentidos-num-unico-post/
Moriti Neto é jornalista e colunista do Nota de Rodapé.
Entendo como revolucionário um governo que, como o de Lula, entre conquistas simbólicas e concretas, baseou-se no desenvolvimento calcado na economia real, em que a produção e o trabalho passaram a travar diálogo com setores reacionários da sociedade brasileira, quando se construiu uma cidadania internacional, fortaleceu-se o setor público, diluindo o poder da especulação da banca financeira e dos fundos de investimentos, o que evitou, por exemplo, a bancarrota numa crise mundial de proporções astronômicas.
Então, voto em Dilma Rousseff, principalmente porque o Brasil mudou. Não vou estender nenhum rol de números, não sou especialista em estatísticas. Contudo, minha assertiva parte da premissa de que o país mudou porque elevou a autoestima do seu povo, retirando grande parte das pessoas da situação de miséria absoluta, gerando emprego e renda, promovendo mobilidade social e ciclos virtuosos em locais antes abandonados.
Voto em Dilma, pois é um quadro político que tem histórico de convicção ideológica firme, o que a levou ser presa e torturada pelo regime militar. Apesar disso, nas posturas que assume, busca ser racional e mostra domínio sobre a gestão pública, como no caso do Programa de Aceleração do Crescimento, essencial para o aprofundamento das mudanças. (além disso, qual o problema de ter Lula ao seu lado? Nenhum. Ao contrário, pois “o cara” é um fenômeno quando o assunto é a condução do processo político).
Repito: acredito na Revolução. Isso, num país em que as pessoas, hoje, comem mais e se sentem participantes do conjunto social. O velho Marx já dizia que, para criar-se ambiente revolucionário, são necessárias condições objetivas e subjetivas. Como revolucionar sem comer, sem se sentir cidadão? Revolução é uma grande transformação. Atendo-nos a condição humana, que tanto rechaça movimentos abruptos, as transformações devem ser graduais, fornecendo as ferramentas para que as mudanças ocorram a partir do subjetivo e do objetivo.
O governo do PT é, desde a posse no primeiro mandato, em 2002, revolucionário, com a chegada de um operário ao poder. E o será ainda mais com a eleição da primeira mulher à Presidência da República, com o adendo de que foi guerrilheira em um período ditatorial encerrado há poucos 25 anos e que, até a atualidade, mantém resquícios contaminando nosso cotidiano.
Ah, sim. Não é a baixaria nem a manipulação de pesquisas ou edição de entrevistas e debates que me faz optar por Dilma, mas isso fortalece minha convicção. Fora as tendenciosas e pseudo-neutras coberturas da velha mídia, os emeios que têm circulado na rede são torpes, de dar nojo, indo desde boataria de que a candidata teria cometido assassinato até questionamentos sobre a sexualidade dela.
Sobre tais boatos repassados sobre Dilma Rousseff, sugiro este link: http://www.luizalberto1303.com.br/site/todos-os-emails-falsos-sobre-dilma-rousseff-desmentidos-num-unico-post/
Moriti Neto é jornalista e colunista do Nota de Rodapé.
Voto Dilma. Quem fica em cima do muro é passarinho
Quero ter a oportunidade e a honra de explicitar o meu voto. É para Dilma Roussef, candidata da coligação encabeçada pelo PT. A oposição feita a ela jamais se pautou pelo debate das ideias, mas pela crítica exacerbada ao seu passado, pelo viés do descrédito ao governo do presidente Lula, pelas denúncias em sua maioria sem provas, pela calúnia e pela difamação, pelo terrorismo mediático.
Com esse tipo de campanha feita por seus adversários, pela qualidade dos “argumentos” apresentados, pela falta de um programa de governo que possa minimamente ser cotejado com o programa da candidata Dilma Roussef, não há que ter dúvidas, nem ficar em cima do muro.
Fica difícil imaginar outro governo para os próximos quatro anos, pois há um projeto de país em andamento. Um projeto de maior inclusão social, soberania nacional e crescimento econômico. O atual momento brasileiro não é para saltos no escuro. Dilma presidente.
Um abraço a todos e viva a democracia!
Izaías Almada, escritor e dramaturgo, é colunista do Nota de Rodapé
Com esse tipo de campanha feita por seus adversários, pela qualidade dos “argumentos” apresentados, pela falta de um programa de governo que possa minimamente ser cotejado com o programa da candidata Dilma Roussef, não há que ter dúvidas, nem ficar em cima do muro.
Fica difícil imaginar outro governo para os próximos quatro anos, pois há um projeto de país em andamento. Um projeto de maior inclusão social, soberania nacional e crescimento econômico. O atual momento brasileiro não é para saltos no escuro. Dilma presidente.
Um abraço a todos e viva a democracia!
Izaías Almada, escritor e dramaturgo, é colunista do Nota de Rodapé
Voto Dilma. Pra mostrar que nóis num semo tatu
Estava decidido, desde sempre, quando o PSOL pretendia lançar Heloísa Helena, a votar no 50. Quando foi Plínio o candidato, pareceu-me ainda melhor: este senhor não tem ganas e ilusões de vencer. Quer entrar na campanha para propor, para mostrar os problemas alheios e debater a possibilidade de um novo modelo de desenvolvimento.
Até domingo, na conversa de bar com um amigo, afirmei que votaria no PSOL. Parecia-me importante que uma faixa do eleitorado mostrasse que quer um governo mais à esquerda, que discuta abertamente a reforma agrária e a mudança nas estruturas dos meios de comunicação.
Mas, agora, hoje, agorinha pela manhã, mudei. Nada contra, Plínio, mas terei de migrar. Lamentavelmente, fui empurrado à turma do voto útil. Explico. A Folha de S. Paulo traz nesta terça-feira pesquisa de seu próprio instituto, o quase-sempre-errado Datafolha, que mostra que há possibilidade de haver segundo turno. A julgar pelo levantamento, o eleitorado brasileiro é um dos mais malucos do mundo. Dilma caiu em tudo quanto é lugar, vertiginosamente – 3,6 milhões de votos entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos. A Folha atribui a queda aos sucessivos “escândalos”. Ao analisarmos o viés mostrado pelo levantamento, vemos que, se tivéssemos mais quinze dias de disputa, Marina Silva chegaria a 49% dos votos, superada apenas por José Serra, com emocionantes 51% - Dilma, desmascarada, iria a zero.
Ô, Folha, nóis num semo tatu. Parece que há momentos da vida política em que é preciso escolher um lado. Não me sinto no direito de me furtar a essa escolha agora. O que vem sendo feito nas últimas semanas, com falsas denúncias, ridicularização de uma candidata e pedidos para que os militares saiam da caserna, é um desrespeito não só à democracia, mas à inteligência das pessoas.
Reproduzo palavras mais serenas e mais insuspeitas. São de Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo e quadro antigo do DEM, que já foi PFL, que já foi Arena. “Não se conforma, a direita, em perder privilégios e constatar que a sociedade, desde a democratização, movimentou-se e avançou para tornar os brasileiros mais iguais, apesar das imensas diferenças ainda existentes. Aqui, como em toda a parte, a direita sempre se mostra irracional, perversa e sem nítidos posicionamentos. Quer uma ordem sem espaços para a vida. Uma lei sem possibilidades iguais para todos.”
Não preciso dizer mais.
Um pouquinho de tanta verdade
A Colômbia, exemplo de democracia para José Serra, acaba de cassar todos os direitos políticos da senadora Piedad Córdoba até 2028. Acusa o Judiciário colombiano, este insuspeito poder que nada tem de ligação com o Estado paramilitar, que a parlamentar tem conexões com as Farc. Bem, parece-me óbvio, já que ela mediou a libertação de dezenas de reféns ao longo dos últimos anos. Aparentemente, o Judiciário colombiano tem outro peso e outra medida, pois não cassou os direitos políticos de Álvaro Uribe, que tem ligações muitíssimo próximas com gente armada, muito mais armada. Há bastante gente na Colômbia interessada em manter a polarização da sociedade. Deve ser esse pessoal que Lembo andou citando.
Steinbruch não sabe a diferença
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, mostrou-se assustado com os reajustes salariais obtidos por algumas categorias, superando a casa de 10%. Para ele, é suficiente que se reponha a inflação. Acima disso, alega ele, o Brasil perde competitividade, deixa de atrair investidores. Melhor que tenhamos uma classe trabalhadora ao estilo chinês. Ao que parece, Steinbruch não sabe que existe uma diferença entre viver com R$ 550 e viver com R$ 600. Para ele, que vive na casa dos bilhões, é difícil imaginar o que se pode fazer com cinquentinha a mais. Já que a regra é apenas repor a inflação, senhor Steinbruch, permita-me apresentar uma proposta: toda vez que sua empresa crescer acima do PIB nacional, essa graninha extra será doada para programas sociais. Vamos fazer isso? Em nome da competitividade. Não a dos empresários, mas a da sociedade, que cansou de ser tão desigual.
Não deu
Um repórter de um veículo da velha mídia recebeu missão especial na cobertura do comício de segunda-feira em São Paulo. Precisava encontrar gente que tinha comparecido ao evento mediante pagamento ou que tivesse sido dispensada de repartição pública com a função de ir ao comício. Voltou pra casa sem pauta.
João Peres é jornalista, escreve a coluna Extremo Ocidente
Até domingo, na conversa de bar com um amigo, afirmei que votaria no PSOL. Parecia-me importante que uma faixa do eleitorado mostrasse que quer um governo mais à esquerda, que discuta abertamente a reforma agrária e a mudança nas estruturas dos meios de comunicação.
Mas, agora, hoje, agorinha pela manhã, mudei. Nada contra, Plínio, mas terei de migrar. Lamentavelmente, fui empurrado à turma do voto útil. Explico. A Folha de S. Paulo traz nesta terça-feira pesquisa de seu próprio instituto, o quase-sempre-errado Datafolha, que mostra que há possibilidade de haver segundo turno. A julgar pelo levantamento, o eleitorado brasileiro é um dos mais malucos do mundo. Dilma caiu em tudo quanto é lugar, vertiginosamente – 3,6 milhões de votos entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos. A Folha atribui a queda aos sucessivos “escândalos”. Ao analisarmos o viés mostrado pelo levantamento, vemos que, se tivéssemos mais quinze dias de disputa, Marina Silva chegaria a 49% dos votos, superada apenas por José Serra, com emocionantes 51% - Dilma, desmascarada, iria a zero.
Ô, Folha, nóis num semo tatu. Parece que há momentos da vida política em que é preciso escolher um lado. Não me sinto no direito de me furtar a essa escolha agora. O que vem sendo feito nas últimas semanas, com falsas denúncias, ridicularização de uma candidata e pedidos para que os militares saiam da caserna, é um desrespeito não só à democracia, mas à inteligência das pessoas.
Reproduzo palavras mais serenas e mais insuspeitas. São de Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo e quadro antigo do DEM, que já foi PFL, que já foi Arena. “Não se conforma, a direita, em perder privilégios e constatar que a sociedade, desde a democratização, movimentou-se e avançou para tornar os brasileiros mais iguais, apesar das imensas diferenças ainda existentes. Aqui, como em toda a parte, a direita sempre se mostra irracional, perversa e sem nítidos posicionamentos. Quer uma ordem sem espaços para a vida. Uma lei sem possibilidades iguais para todos.”
Não preciso dizer mais.
Um pouquinho de tanta verdade
A Colômbia, exemplo de democracia para José Serra, acaba de cassar todos os direitos políticos da senadora Piedad Córdoba até 2028. Acusa o Judiciário colombiano, este insuspeito poder que nada tem de ligação com o Estado paramilitar, que a parlamentar tem conexões com as Farc. Bem, parece-me óbvio, já que ela mediou a libertação de dezenas de reféns ao longo dos últimos anos. Aparentemente, o Judiciário colombiano tem outro peso e outra medida, pois não cassou os direitos políticos de Álvaro Uribe, que tem ligações muitíssimo próximas com gente armada, muito mais armada. Há bastante gente na Colômbia interessada em manter a polarização da sociedade. Deve ser esse pessoal que Lembo andou citando.
Steinbruch não sabe a diferença
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, mostrou-se assustado com os reajustes salariais obtidos por algumas categorias, superando a casa de 10%. Para ele, é suficiente que se reponha a inflação. Acima disso, alega ele, o Brasil perde competitividade, deixa de atrair investidores. Melhor que tenhamos uma classe trabalhadora ao estilo chinês. Ao que parece, Steinbruch não sabe que existe uma diferença entre viver com R$ 550 e viver com R$ 600. Para ele, que vive na casa dos bilhões, é difícil imaginar o que se pode fazer com cinquentinha a mais. Já que a regra é apenas repor a inflação, senhor Steinbruch, permita-me apresentar uma proposta: toda vez que sua empresa crescer acima do PIB nacional, essa graninha extra será doada para programas sociais. Vamos fazer isso? Em nome da competitividade. Não a dos empresários, mas a da sociedade, que cansou de ser tão desigual.
Não deu
Um repórter de um veículo da velha mídia recebeu missão especial na cobertura do comício de segunda-feira em São Paulo. Precisava encontrar gente que tinha comparecido ao evento mediante pagamento ou que tivesse sido dispensada de repartição pública com a função de ir ao comício. Voltou pra casa sem pauta.
João Peres é jornalista, escreve a coluna Extremo Ocidente
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
As opções de quem faz o NR para essas eleições
Como havia postado no último domingo, os participantes do Nota de Rodapé aceitaram a ideia sugerida de abrir seu voto. É uma forma, como escrevi no e-mail que enviei a todos, de que um veículo de comunicação - por menor que seja - deve se posicionar sempre; ao menos, divulgar as preferências de um modo geral. É honesto com o leitor. Aqui, divulgo o resultado. E como podem ver, é uma pequena amostra da pluralidade de opiniões e posições existente neste espaço. Somos em 15 no total.
5 optaram pelo candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio;
5 pela candidata do PT, Dilma Rousseff;
3 pela candidata do PV, Marina Silva;
1 pelo candidato do PSDB, José Serra;
1 ainda não decidiu seu voto.
Alguns pediram para abrir voto e nome com um texto de argumentação.
Em breve, assim que os textos chegarem para mim. Ao lado, uma enquete em que você leitor do NR pode deixar seu registro de preferência.
Thiago Domenici, editor e coordenador do NR
5 optaram pelo candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio;
5 pela candidata do PT, Dilma Rousseff;
3 pela candidata do PV, Marina Silva;
1 pelo candidato do PSDB, José Serra;
1 ainda não decidiu seu voto.
Alguns pediram para abrir voto e nome com um texto de argumentação.
Em breve, assim que os textos chegarem para mim. Ao lado, uma enquete em que você leitor do NR pode deixar seu registro de preferência.
Thiago Domenici, editor e coordenador do NR
O outro lado da jaula
A 29ª Bienal de SP termina dia 12 de dezembro e até lá, de 2ª a 4ª feira: das 9 às 19h; 5ª e 6ª feira: das 9 às 22h e sábado e domingo: das 9 às 19h, é possível visitá-la de graça, no parque do Ibirapuera. No texto abaixo, especialmente para o NR, o jornalista André Bertolucci escreve a respeito.
A incômoda sensação de estar sendo observado e não apenas observar é recorrente nesta 29ª Bienal, que tanto estardalhaço já vem causando, por motivos outros. E não é uma mera inversão de sujeito e objeto com fins puramente estéticos e/ou lúdicos. É como o assombro de estar sendo seguido, solicitado, assaltado, perseguido. É o saber-se presa e não predador.
Os urubus-rei da polêmica obra Bandeira Branca, de Nuno Ramos, que ocupa o átrio central dos três andares do pavilhão - para além do protesto dos ambientalistas com o confinamento de seres vivos e da relação de amor e ódio entre curadoria e pichadores – talvez sejam a expressão mais óbvia desta sensação nada alentadora.
Os três urubus estão ali prostrados sobre as esculturas sonoras que constituem a instalação e o significado de tais aves pairando no alto de nossas cabeças todos podemos pressentir. É o mal agourento sentido da rapina, da sobrevivência sobre nossos restos mortais. Por mais que acusem (os ambientalistas) a morte por inanição dos bichos, sabemos que a tocaia é sobre nossas carcaças. Eles sobreviverão a nós e de nós. Quem está observando e esperando na serenidade que prenuncia nossa inexistência?
Outra obra na mesma chave é a instalação intitulada Beggars (literalmente: mendigos) do artista turco Kutlug Ataman: onde seis pedintes em primeiro plano são projetados simultaneamente em tamanho gigante numa sala escura. A expressão em seus rostos é agonizante e terrivelmente conhecida. São os parias de nosso dia-a-dia. A sensação de sobreviver de nossos restos é novamente esfregada em nossas caras, desta vez, em outra leitura.
Para não deixar de citar outras obras consagradas como a tela Língua Apunhalada, de 1968, de Lygia Pape que já choca o incauto visitante logo na entrada do pavilhão e o famoso manto Seja Marginal, Seja Herói de Hélio Oiticica, novamente nos convida à reflexão sobre os excessos da sociedade e sua cerca de arame-farpado que separa centro e periferia.
Tudo parece nos anunciar que é chegada a hora do levante! Quem observa e quem é observado nesta separação perversa de incluídos e excluídos? Quem será que há de navegar o copo de mar negado para uns, conforme prediz o verso de Jorge de Lima, utilizado como lema desta Bienal sobre “arte e política”?
Sensibilizemo-nos antes de sermos devorados!
André Bertolucci é jornalista (twitter: @cafepequeno)
Liquidificador destaca: 12 anos de Google e sabe o Pimenta Neves?
Imagine a turbulência mental ao ler detalhadamente todas as notícias mais “importantes” do dia veiculadas no jornal do dia seguinte. S.A.T.U.R.A.Ç.Ã.O é o que penso sempre que pego o jornal, qualquer deles. “Não quero saber, mas preciso”. Liquidificador da informação é um apanhado. Nada mais. Aqui, somente, apenas, a informação menor. O que batemos o olho. De ontem, não te importa hoje. Respire e vá de um fôlego.
27 de outubro. Estadão apóia Serra em editorial de domingo. Folha, em editorial de domingo, não apoia ninguém. É “apartidária”. Hãhã. No debate de ontem à noite, na rede Record, Plínio, Marina, Serra e Dilma elevaram o tom. Marina atacou Dilma e Serra de olho no segundo turno. “Não está indo bem”, afirmou Indio, o vice do tucano. “Estão fazendo pesquisa qualitativa. Na hora em que ele fala, dizem: ‘O filho da p...não responde’”, emendou, contrariado. “Vou tomar Gatorade adoidado para ficar forte”, disse Plínio sobre reta final da campanha.
Pouco antes, no sábado, resultado do Ibope: Dilma (50%), Serra (28%), Marina (12%). Para o governo de SP, Alckmin (48%), Mercadante (26%), Russomano (8%). Em Minas, Anastasia (46%), Hélio Costa (33%). Com o 5 x 5 no STF, Roriz desistiu e indicou a mulher, Weslian Roriz para substituí-lo no pleito. Mais de dez anos depois de ter assassinado a tiros a jornalista Sandra Gomide, o também jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves está prestes a ser condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) a pagar uma indenização de R$ 300 mil à família da ex-namorada, informa a coluna de Mônica Bergamo.
Do mundão: inundações na Nigéria, tufão na China, eleições na Venezuela. Chávez sobre Dilma. “Ela levará o Brasil a libertação do nosso povo”. Em Cuba, governo lança novas medidas sobre comércio privado no país. Anatel divulgou uma pesquisa sobre as Tvs pagas no Brasil (já é vista por quase 30 milhões de brasileiros). Ministério das Relações Exteriores divulgou no sábado que a brasileirada no exterior são 3 milhões e que dois terços está irregular. O Google comemora nesta segunda-feira 12 anos de atividade com o título de site de buscas mais popular do mundo. Ele fundado em 1997 nos EUA por Sergey Brin e Larry Page. Fluminense do tricampeão Muricy Ramalho é líder do campeonato brasileiro. Triste: fechou as portas na noite deste domingo o Gemini, tradicional cinema de rua da Avenida Paulista. Para fechar: um mapa da censura aos meios de comunicação no Brasil foi organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas enquanto as eleições no país se aproximam. O objetivo do mapa é revelar uma série de decisões judiciais, artigos da legislação e atos de instituições governamentais contra a divulgação plena de informações sobre o processo eleitoral.
Até amanhã!
domingo, 26 de setembro de 2010
Jornalistas da Folha e Estadão: que tal assumirem também?
Já que neste domingo, 26 de setembro, a Folha de S. Paulo em editorial de primeira página diz manter uma "linha independente" e "apartidária" e o Estadão diz que seu apoio é pela candidatura José Serra por um "mal a evitar" proponho algumas linhas para consideração. Da mesma forma, vale lembrar, Carta Capital se posiciou a favor de Dilma, e onde trabalho, na Revista Retrato do Brasil, a mesma linha a favor de Dilma foi seguida. Em todos os casos é honesto com o leitor se posicionar e dar a ele a oportunidade de entender o que pensa realmente o jornal ou revista que lê em seu cotidiano. Na França e nos EUA esse posicionamento existe há algum tempo. Aqui, há uma semana das eleições do dia 3 de outubro, é hora de aproveitar a onda para dizer o que se acha dentro das baias de trabalho jornalístico. Repórteres, editores, redatores, fotógrafos, estagiários e afins, o que vocês querem para o Brasil? Concordam com a posição assumida pelo veículo em que trabalham?
Partindo do pressuposto de que um jornal é feito por jornalistas com sua linha editorial ditada por seus donos. Partindo do pressuposto que, segundo os próprios, "independência e transparência" são parte do dia a dia da cobertura dos jornais citados, não seria problema, ao contrário, que fosse dada a oportunidade de seus jornalistas e funcionários se posicionarem também. Que tal uma votação interna, auditada, a ser divulgada em primeira página sobre as prefências de seus funcionários e jornalistas diante do próximo pleito?
Este blogue, humildemente, fará essa votação durante a semana e divulgará aos seus leitores. Todos, sem excessão, poderiam fazer o mesmo, se assim julgarem prudente. Seria, da mesma forma, honesto com seus leitores que consomem informação de web ou não. Seria digno e louvável que seus jornalistas - aos que assim quiserem - divulgassem, sem nomes, se assim preferirem, a sua preferência política. Afinal, a posição dos patrões não é, necessariamente, a mesma de seus funcionários. Se vivemos numa democracia tal qual é propalada e discutida com afinco nos últimas dias - liberdades daqui e dali - seria fundamental, repito, fundamental, tal posicionamento. Fica o apelo. E aí, jornalistas da Folha e Estadão (e, claro, todos os outros veículos), vamos assumir também?
Thiago Domenici é jornalista e, em breve, trará aos leitores deste NR o posicionamento de seus colunistas e dele próprio.
Partindo do pressuposto de que um jornal é feito por jornalistas com sua linha editorial ditada por seus donos. Partindo do pressuposto que, segundo os próprios, "independência e transparência" são parte do dia a dia da cobertura dos jornais citados, não seria problema, ao contrário, que fosse dada a oportunidade de seus jornalistas e funcionários se posicionarem também. Que tal uma votação interna, auditada, a ser divulgada em primeira página sobre as prefências de seus funcionários e jornalistas diante do próximo pleito?
Este blogue, humildemente, fará essa votação durante a semana e divulgará aos seus leitores. Todos, sem excessão, poderiam fazer o mesmo, se assim julgarem prudente. Seria, da mesma forma, honesto com seus leitores que consomem informação de web ou não. Seria digno e louvável que seus jornalistas - aos que assim quiserem - divulgassem, sem nomes, se assim preferirem, a sua preferência política. Afinal, a posição dos patrões não é, necessariamente, a mesma de seus funcionários. Se vivemos numa democracia tal qual é propalada e discutida com afinco nos últimas dias - liberdades daqui e dali - seria fundamental, repito, fundamental, tal posicionamento. Fica o apelo. E aí, jornalistas da Folha e Estadão (e, claro, todos os outros veículos), vamos assumir também?
Thiago Domenici é jornalista e, em breve, trará aos leitores deste NR o posicionamento de seus colunistas e dele próprio.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Ato pela legalização do aborto
"A Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto vai novamente às ruas, no próximo dia 28 de setembro, para reivindicar o direito ao aborto legal e seguro. A data vem sendo marcada nos últimos 20 anos por manifestações de mulheres em toda América Latina e Caribe, conhecida como Dia Latino-americano e Caribenho de Luta pela Legalização do Aborto. Atualmente, são realizado mais de 1 milhão de abortos ilegais por ano no Brasil, o que coloca a prática como a terceira causa de morte materna no País, segundo o Dossiê do Aborto Seguro, lançado pelo instituto IPAS, em maio deste ano. O aborto ilegal e inseguro também é causa da violência institucional e discriminação das mulheres no sistema de saúde."
Para ler:
- Aborto Inseguro no Brasil e no Peru, Thiago Domenici
- Repulsa ao sexo, Maria Rita Kehl
"Além da defesa da legalização do aborto no Brasil, a Frente Nacional volta às ruas este ano para denunciar o processo de criminalização que as mulheres vem enfrentando no último período, como o caso da clínica do Mato Grosso do Sul que supostamente fazia abortos. Cerca de 10 mil mulheres tiveram suas fichas médicas violadas e outras 2 mil ficaram sob ameaça de indiciamento. No início de abril deste ano, as profissionais que trabalhavam na clínica - três auxiliares de enfermagem e uma psicóloga - foram levadas a juri popular, sendo condenadas sem nenhuma prova. Foram condenadas ainda, também sem provas, a trabalho comunitário, outras mulheres que supostamente praticaram aborto nesta clínica.
Acreditando que a saúde da mulher necessita ser discutida de forma séria, respaldada na realidade e em uma política coerente, principalmente em ano eleitoral. A plataforma aponta as necessidades não apenas relacionadas a discussão do aborto legal e seguro, como ao atendimento da saúde da mulher pelo SUS, a garantia de uma saúde pública e à maternidade plena."
Quando e onde
Ato da Frente Contra a Criminalização de Mulheres e pela Legalização do Aborto
Dia 28 de setembro às 16h na Pça do Patriarca, São Paulo, SP.
Para ler:
- Aborto Inseguro no Brasil e no Peru, Thiago Domenici
- Repulsa ao sexo, Maria Rita Kehl
"Além da defesa da legalização do aborto no Brasil, a Frente Nacional volta às ruas este ano para denunciar o processo de criminalização que as mulheres vem enfrentando no último período, como o caso da clínica do Mato Grosso do Sul que supostamente fazia abortos. Cerca de 10 mil mulheres tiveram suas fichas médicas violadas e outras 2 mil ficaram sob ameaça de indiciamento. No início de abril deste ano, as profissionais que trabalhavam na clínica - três auxiliares de enfermagem e uma psicóloga - foram levadas a juri popular, sendo condenadas sem nenhuma prova. Foram condenadas ainda, também sem provas, a trabalho comunitário, outras mulheres que supostamente praticaram aborto nesta clínica.
Acreditando que a saúde da mulher necessita ser discutida de forma séria, respaldada na realidade e em uma política coerente, principalmente em ano eleitoral. A plataforma aponta as necessidades não apenas relacionadas a discussão do aborto legal e seguro, como ao atendimento da saúde da mulher pelo SUS, a garantia de uma saúde pública e à maternidade plena."
Quando e onde
Ato da Frente Contra a Criminalização de Mulheres e pela Legalização do Aborto
Dia 28 de setembro às 16h na Pça do Patriarca, São Paulo, SP.
Coleção Descobrindo, promoção do NR em parceria com a MCD
Nota de Rodapé e a gravadora MCD vão sortear dois kits da Coleção Descobrindo, voltada para a criançada de até 5 anos. Os sorteios serão no dia 12 de outubro, Dia das Crianças!
A gravadora MCD oferece 2 (dois) Kits da Coleção “Descobrindo o Mundo” e 2 (dois) do “Descobrindo em Inglês”. Cada kit é composto de um CD e um DVD. Abaixo, mais informação sobre as coleções.
Para participar é fácil, tem dois jeitos:
Pelo Twitter
É só seguir o @notaderodape e retuitar a seguinte mensagem:
#Promoção de Dia das Crianças: Siga @notaderodape dê RT e concorra a kits da “Coleção Descobrindo” da @gravadoramcd: http://kingo.to/eAU.
Dois dos kits, um de cada (Descobrindo o Mundo e Descobrindo em Inglês) serão sorteados pelo Twitter no dia 12 de outubro.
Pelo Blog
Participam os leitores cadastrados no “Boletim Rodapé” ou os que deixarem nome, cidade e e-mail nos comentários desta postagem. Também serão sorteados dois dos kits, um de cada (Descobrindo o Mundo e Descobrindo em Inglês) no dia 12 de outubro.
Qualquer dúvida escreva para promocao@notaderodape.com.br
Boa sorte!
Das coleções Descobrindo...
Desperta nas crianças a vontade de aprender e interagir com a música. Com elementos lúdicos e canções educativas, os títulos da coleção possibilitam um aprendizado natural e espontâneo. A coleção é representada por Bubba e seus amigos, animais criados de acordo com as preferências visuais das crianças. Segundo o psicólogo italiano René Spitz — que estudou o desenvolvimento humano na infância — as crianças são naturalmente atraídas para formas complexas como o rosto humano, especialmente os olhos e boca. Os personagens da Coleção têm olhos e boca grandes, que são os elementos que mais chamam a atenção das crianças menores. Essas características propiciam um vínculo emocional dos pequenos com as personagens, despertando a criatividade nos processos da comunicação e da linguagem.
… e Descobrindo em Inglês
Apresenta às crianças a língua inglesa do jeito mais divertido, com números,
cores, partes do corpo, climas, animais e membros da família. O CD e o DVD Descobrindo em Inglês, foram elaborados com base no reconhecido método de ensino da abordagem comunicativa. As situações apresentadas por fantoches, crianças, música clássica e canções inéditas interpretadas por nativos da língua inglesa, convidam as crianças a dançar, cantar e memorizar em inglês.
Pesquisas realizadas na Universidade de Washington pela Dra. P. Khul provaram que aprender uma
segunda língua nos primeiros anos de vida enriquece o desenvolvimento cerebral, potencializando as capacidades da criança para todo o tipo de aprendizado. Até os cinco anos de idade as crianças são capazes de incorporar facilmente outro idioma com uma pronúncia similar a de um falante nativo.
Nossa mídia é menos global
“A nossa mídia é menos global a cada dia”, dispara Ethan Zuckerman, blogueiro e tecnólogo norte-americano. Ela faz parte do grupo Global Voices, uma rede internacional de blogueiros que traduzem, reportam e defendem blogs e mídia cidadã de todo o mundo. Na palestra que deu ao TED (no vídeo de 19 minutos abaixo e com legendas em português) ela trata de questões importantes tais como o ativismo pelo Twitter, a visão distorcida que temos do mundo e a importância de reconectarmos os sistemas que temos a nossa disposição.
Na verdade, Zuckerman quer ajudar a compartilhar as histórias escondidas. Dar acesso às informações de lugares que não são parte da cobertura da mídia tradicional.
Para tanto, cita exemplos e estratégias inteligentes para ler notícias em línguas que você não conhece. Dá o exemplo Chinês do grupo Yeeyan, em que 150 mil voluntários traduzem diariamente mais de 100 artigos com conteúdo interessante do inglês para o chinês e disponibilizam tudo de graça.
Ethan pergunta. “Onde está o Yeeyan da língua inglesa?”. Eu pergunto. E o da portuguesa? Aliás, quando abre a sua palestra cita o exemplo do “Cala a boca Galvão” que ficou dias e dias, durante a última Copa do Mundo, no Trend Topics do Twitter (espécie de ranking dos assuntos mais falados no microblog). À época, o hashtag #calabocagalvão foi retuitado por milhares de pessoas fora do país. Surgiram inúmeras versões do fato. Foi notícia do El País espalhol. Um vídeo no Youtube, por exemplo, dizia que “Cala Boca Galvão” era uma campanha para salvar os pássaros “Galvão”. Outro dizia que o termo era o nome da nova música de trabalho da cantora Lady Gaga e um vídeoclipe com uma canção da americana foi postado no YouTube e teve 50 mil acessos em pouco tempo. Outro – com 200 mil acessos – afirmava que um suposto Instituto Galvão arrecadaria 0,10 centavos de real a cada tweet com a frase “Cala boca Galvão”. Isso tudo, explica ele, foi uma forma de ativismo que adquiriu proporções que, se utilizadas para outros fins, pode ajudar de maneira mais objetiva a jogar luz sobre fatos, pessoas e informações de interesse global. Para finalizar, já que o importante aqui é a dica da palestra, vale agradecer o tradutor dela, o brasileiro Rafael Tourinho Raymundo. Não fosse ele, pessoas como eu, que não consegue acompanhar um papo em inglês de forma decente, não teria visto o vídeo e escrito sobre ele neste blogue. (Thiago Domenici)
Na verdade, Zuckerman quer ajudar a compartilhar as histórias escondidas. Dar acesso às informações de lugares que não são parte da cobertura da mídia tradicional.
Para tanto, cita exemplos e estratégias inteligentes para ler notícias em línguas que você não conhece. Dá o exemplo Chinês do grupo Yeeyan, em que 150 mil voluntários traduzem diariamente mais de 100 artigos com conteúdo interessante do inglês para o chinês e disponibilizam tudo de graça.
Ethan pergunta. “Onde está o Yeeyan da língua inglesa?”. Eu pergunto. E o da portuguesa? Aliás, quando abre a sua palestra cita o exemplo do “Cala a boca Galvão” que ficou dias e dias, durante a última Copa do Mundo, no Trend Topics do Twitter (espécie de ranking dos assuntos mais falados no microblog). À época, o hashtag #calabocagalvão foi retuitado por milhares de pessoas fora do país. Surgiram inúmeras versões do fato. Foi notícia do El País espalhol. Um vídeo no Youtube, por exemplo, dizia que “Cala Boca Galvão” era uma campanha para salvar os pássaros “Galvão”. Outro dizia que o termo era o nome da nova música de trabalho da cantora Lady Gaga e um vídeoclipe com uma canção da americana foi postado no YouTube e teve 50 mil acessos em pouco tempo. Outro – com 200 mil acessos – afirmava que um suposto Instituto Galvão arrecadaria 0,10 centavos de real a cada tweet com a frase “Cala boca Galvão”. Isso tudo, explica ele, foi uma forma de ativismo que adquiriu proporções que, se utilizadas para outros fins, pode ajudar de maneira mais objetiva a jogar luz sobre fatos, pessoas e informações de interesse global. Para finalizar, já que o importante aqui é a dica da palestra, vale agradecer o tradutor dela, o brasileiro Rafael Tourinho Raymundo. Não fosse ele, pessoas como eu, que não consegue acompanhar um papo em inglês de forma decente, não teria visto o vídeo e escrito sobre ele neste blogue. (Thiago Domenici)
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
A farsa da democracia perfeita
Izaías Almada, colunista deste NR, faz uma análise critica do Manifesto em Defesa da Democracia. O que se quer, argumenta, é criar um clima de apreensão e instabilidade política, sob a falsa alegação de que a imprensa, um dos pilares da democracia, está sob a ameaça de um governo e de um partido.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, um manifesto foi lido à nação no Centro Acadêmico XI de Agosto nesta quarta-feira, 22 de setembro. O documento vem assinado por várias personalidades do mundo jurídico, intelectual e artístico. Entre elas, para surpresa de muitos, por Hélio Bicudo e Dom Paulo Evaristo Arns. Vamos ao documento.
O manifesto
"Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia, mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.”
Ponto por ponto
Uma leitura atenta ao manifesto faz saltar, em primeiro lugar, que seu enunciado não condiz com a qualificação intelectual e o espírito democrático de muitos dos seus signatários. Defende-se a democracia por meio da intolerância. Mas isso é o de menos... O que se quer, na verdade, é desqualificar o presidente do melhor governo do Brasil nos últimos anos. O que se quer é criar um clima de apreensão e instabilidade política, sob a falsa alegação de que a imprensa, um dos pilares da democracia, está sob a ameaça de um governo e de um partido. Vamos pinçar algumas das colocações do documento e tentar entendê-las e refutá-las à luz desse novo Brasil que encerra a primeira década do século 21.
“Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.” De fato: em uma democracia o poder soberano é do povo. “Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo." Falácia: uma Constituição nem sempre abrange os direitos e deveres de todos os cidadãos de um país. Por suas falhas, muitas delas são refeitas por meio de Assembleias Constituintes. “Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático." Não existe uma forma ideal e acabada de democracia. Enquanto governo do povo, a democracia deverá atender aos interesses da maioria sem anular os interesses das minorias e poderá ser direta, como na Antiga Grécia onde nasceu, representativa ou mesmo participativa. Engessar a democracia num único conceito é, no mínimo, um estelionato intelectual. Mas prossigamos...
Esgotados em três breves parágrafos aquilo que os autores consideram os valores que sustentam a sua democracia representativa, o documento descamba de sua frágil defesa de princípios para as mesmas acusações de vários órgãos de imprensa, hoje transformados em partidos políticos, revelando assim a fonte “ideológica” de seu patriotismo e fervor democrático. Senão, vejamos. “É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.” e “É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.” A partir da falsa premissa de que só existe um tipo de democracia o manifesto apela para o uso indiscriminado e intencional de adjetivos com o objetivo de dramatizar uma realidade criada por manchetes de jornais, revistas e telejornais: é intolerável, lamentável, inaceitável, inconcebível, constrangedor, aviltante, repugnante, insultuoso...
É a adjetivação da intolerância, adjetivação dos que defendem o pensamento único, tão recorrente aos espíritos antidemocráticos, o que só faz revelar o paradoxo do documento, ou melhor, revelar as suas reais intenções de um documento de apoio eleitoral a um candidato comprometido com o atraso, com o denuncismo gratuito, com uma política econômica neoliberal, entreguista e na contramão de um país que vai se transformando em um país soberano e dono do seu nariz.
E por último, desnudando a verdadeira intenção, o manifesto faz a apologia do golpe de estado. “Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.” e “Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.”
Reparem na construção: “supõe que o poder conquistado nas urnas” (mas não é esse o princípio da democracia?) confere ao presidente “licença para rasgar a Constituição e as leis” (Quando? Como? Onde?). “É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo” (sic) De que maneira? “E erguer a voz em defesa da LEGALIDADE!” A legalidade que escorre pelo esgoto dos jornais, das revistas e televisões?
Querem fazer pouco da inteligência do povo brasileiro. Documentos e manifestos como esse deram voz e pretexto para o golpe de 1964. Não insultem a memória daqueles que lutaram contra a ditadura, porque dessa vez NÃO PASSARÃO!
Izaías Almada é escritor, dramaturgo colunista deste NR e do site Escrivinhador
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O baixo nível de Serra e sua turma do PSDB
O blogue do Noblat informa pelo twitter que "Saíram do forno alguns comerciais da campanha de Serra que só serão veiculados na internet." Num único vídeo, abaixo, os ataques ao PT são cruéis. São, obviamente, ataques desesperados e de mau gosto. Me sinto, sinceramente, em meio a uma baixaria ensandecida. Não sou petista. Nem tucano. Portanto, fosse o PT a fazer algo do gênero criticaria da mesma forma. O slogan que está circulando é: "O Brasil não é vermelho. O Brasil é verde, amarelo, azul e branco. O Brasil não é do PT. O Brasil é dos brasileiros! Grite com a gente!" Grito com vocês coisa nenhuma, grito sim, às pessoas de bom senso, que não se deixem levar por imbecilidades deste tipo. Ou melhor, eu grito: Parem com a baixaria! Isso aí é terrorismo eleitoral!
Thiago Domenici é jornalista e está enojado com o que viu acima
Thiago Domenici é jornalista e está enojado com o que viu acima
“Você suja minha cidade, eu sujo sua cara”
Gosta da lei que proíbe a publicidade desregulada na cidade? Não gosta que os políticos tenham recebido aval para fazer sua publicidade nas ruas durante o período pré-eleitoral? Tem visto cavaletes caídos nas ruas, folhetos entupindo bueiros e faixas, muitas faixas, sujando as calçadas? O site http://sujosuacara.tumblr.com/ tem o lema “Você suja minha cidade, eu sujo sua cara”. Vale uma visita para ver as fotos. Vou passar a andar com um pincel atomico na mochila...
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR
Festival Sonidos faz ponte entre Brasil e vizinhos da latino américa
Por alguns dias, a distância entre o Brasil e o resto da América Latina, pelo menos em termos musicais, será menor. Desde ontem (terça-feira) e até sábado, nomes de peso da música do continente estarão em São Paulo para o Festival Mundo Latino, patrocinado pela Telefônica. Gente da velha guarda, como o cubano Pablo Milanés e o argentino Fito Paez, e outros da nova geração, como os porto-riquenhos do Calle 13 e o pianista cubano Alfredo Rodriguez, dividem palco com artistas brasileiros. Milanés com Maria Rita. Fito com Ana Cañas e Nando Reis. Calle 13 com Monobloco. Yamandu e Alfredo Rodriguez. Parcerias que prometem bom som para quem tiver interesse, tempo e dinheiro para se deslocar até o Jockey.
Segue a página do festival com local, horário dos shows e postos de venda de ingressos.
O Nota de Rodapé tentou contato (em três oportunidades) com a organização do evento e sua assessoria para saber de onde partiu a ideia de juntar os artistas, escolha dos nomes e outros temas de interesse da coluna e de seus leitores. Não houve resposta.Esperamos que a conexão entre brazucas e hermanos no palco seja mais exitosa. Abaixo alguns vídeos das atrações do festival e link de colunas em que falamos de Calle 13 e Fito Paez. Aqui, Fito e Milanês cantam Yo vengo a ofrecer mi corazón
Pedro Aznar, que há tempos faz boas versões de músicas brasileiras, canta A Paz, de Gil
Yamandú Costa toca Taquito Militar
Maria Rita canta Mal Intento
Ricardo Viel é jornalista e mantém a coluna Conexsom Latina.
Segue a página do festival com local, horário dos shows e postos de venda de ingressos.
O Nota de Rodapé tentou contato (em três oportunidades) com a organização do evento e sua assessoria para saber de onde partiu a ideia de juntar os artistas, escolha dos nomes e outros temas de interesse da coluna e de seus leitores. Não houve resposta.Esperamos que a conexão entre brazucas e hermanos no palco seja mais exitosa. Abaixo alguns vídeos das atrações do festival e link de colunas em que falamos de Calle 13 e Fito Paez. Aqui, Fito e Milanês cantam Yo vengo a ofrecer mi corazón
Pedro Aznar, que há tempos faz boas versões de músicas brasileiras, canta A Paz, de Gil
Yamandú Costa toca Taquito Militar
Maria Rita canta Mal Intento
Ricardo Viel é jornalista e mantém a coluna Conexsom Latina.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Estado de Direito no Brasil
No dia 25, próximo sábado, o auditório da Unesp, na Praça da Sé, número 108, sétimo andar, em São Paulo, recebe o Seminário de Altos Estudos Contemporâneos intitulado “O Estado de Direito no Brasil”. Estarão presentes, a partir das 14 horas e até às 18h, Aton Fon Filho, Claudinei de Melo, Fábio Konder Comparato, Maria Victoria Benevides com moderação de Heloisa Fernandes.O Seminário de Altos Estudos Contemporâneos, promovido pela Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes, a Cátedra Unesco de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial da Unesp e o Departamento de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. As inscrições poderão ser feitas pelo e-mail seminario@amigosenff.org.br
Liderança manipulada: jornal altera foto com ditador
A publicação egípicia Al Ahram alterou uma foto de encontros de presidentes que aconteceu no início do mês no país para colocar o ditador Hosni Mubarak à frente de Obama, dos EUA. A intenção declarada do jornal foi mostrar a liderança de Hosni. Quem sabe, a liderança diante do próprio jornal. Está mais do que na hora da imprensa colocar na discussão a questão das alterações de imagens jornalísticas. A foto traz além do ditador egípicio e o presidente dos EUA, o líder da Jordania, o presidente Palestino e o primeiro ministro israelense.
Original
Alterada
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR
Original
Alterada
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Tortura nas prisões
Reportagem de Roberto Jordão publicada originalmente na Revista Retrato do Brasil de setembro, edição 38.
Ao longo dos treze anos de existência da lei 9.455/97, que tipifica o crime de tortura, a Pastoral Carcerária Nacional relatou à Justiça e aos órgãos de governos estaduais - incluindo corregedorias e ouvidorias do sistema penitenciário - 211 casos de tortura de presos no País. Em nenhum deles houve condenação de um agente do Estado. Constantes em um relatório inédito divulgado pela ONG ligada à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), da Igreja Católica, lançado no começo de agosto em São Paulo, os números apontam que o tratamento indigno dispensado a quem cumpre pena no País por envolvimento com o crime representa uma perversa e secular continuidade.
O “Relatório sobre tortura – Uma experiência de monitoramento dos locais de detenção para prevenção da tortura” é uma reunião de todos os casos de alegação de tortura obtidos por agentes da Pastoral Carcerária em visitas a presídios para prestação de serviço religioso, pelo próprio detento ou pelos seus familiares. Segundo o advogado José de Jesus Filho, um dos autores do estudo, o banco de dados da ONG sobre violação dos direitos humanos da população carcerária traz ao menos outros 90 casos de tortura que foram excluídos do relatório por não terem sido obtidos “em primeira mão” pela entidade, o que impossibilitou o acompanhamento do desdobramento jurídico de cada denúncia.
De acordo com Jesus Filho, o documento “é o único relatório que mostra que a tortura é algo presente, atual e não tema do passado, e que o Brasil precisa tomar medidas para erradicá-la”. Segundo ele, o estudo aborda “a continuidade de um histórico de autoritarismo” no País. “Infelizmente, há uma espécie de ralé estrutural brasileira que é torturável. Assim como no período colonial os presos podiam apanhar, o preso hoje pode apanhar.”
Segundo o relatório, um preso começa a ser torturado no Brasil, hoje, na rua, em casa ou em estabelecimentos comerciais em que é abordado por policiais militares. Neste momento, a agressão é perpetrada com o fim de obter informação ou para castigá-lo. Na delegacia, a tortura feita por investigadores e/ou delegados é, no mais das vezes, parte da investigação: a vítima apanha ou para confessar a suspeita de um crime ou para apontar o nome de supostos criminosos envolvidos em algum delito do qual ela tenha participado ou possua informações a respeito. Já nos presídios, a tortura parte de carcereiros e/ou diretores em caso de castigos e de PMs em situações de contenção de rebelião, fuga e realização de revista.
Pelo relatório, as polícias militares são responsáveis por 46 dos 165 casos de alegação de tortura nos quais a Pastoral Carcerária conseguiu apontar a suspeita de que um agente de Estado tenha sido o responsável. Em seguida, vêm os agentes de segurança penitenciária, com 44 casos, e, por último, os policiais civis, com 12 casos. Em outras 46 denúncias, os agentes da Pastoral Carcerária não conseguiram identificar o autor da tortura e em 44 casos a violência foi praticada conjuntamente por diferentes agentes de Estado.
Um terço dos casos de alegação de tortura foi levado por agentes da Pastoral para promotorias de Justiça estaduais com o objetivo de que inquéritos policiais fossem instaurados para apurar as denúncias. Uma parcela um pouco menor das ocorrências foi encaminhada a corregedorias e a ouvidorias das polícias e das pastas de Estado que administram o sistema carcerário. Em alguns estados, como São Paulo, existe uma Secretaria de Administração Penitenciária; em outros, como Acre e Rio Grande do Norte, a administração dos presídios cabe às Secretarias de Justiça.
No ranking por estados, São Paulo encabeça a lista de casos de tortura, com 71 das 211 ocorrências, seguido por Maranhão, com 30, Goiás, com 25, e Rio Grande do Norte, com 12. Segundo os autores do relatório, entretanto, as diferenças quanto aos números de denúncias por região ocorrem porque “em alguns locais a tradição de denunciar casos de tortura está bem sedimentada”. “Em São Paulo há um advogado contratado pela Pastoral e quatro estagiários, que vão uma vez por semana aos fóruns para atualizar os casos e protocolar eventual manifestação. O Rio Grande do Norte não conta com advogados, porém dispõe de agentes tecnicamente qualificados para o processamento dos casos.”
Em uma de suas conclusões, um trecho do relatório diz que “juízes, delegados e promotores de Justiça demonstram pouca ou nenhuma motivação em apurar, denunciar ou processar os casos de tortura”. Para o jurista Hélio Bicudo, presidente da Fundação Interamericana de Direitos Humanos, os números do relatório são “até benevolentes para a realidade do sistema prisional brasileiro”. De acordo com ele, a tortura “está institucionalizada nas polícias Civil e Militar e continua ignorada pelo Ministério Público e Judiciário, que a encaram como um mal necessário [nas investigações]”. E o desfecho judicial dos casos de tortura é sinal de um poder Judiciário “mequetrefe e divorciado da realidade”, critica Bicudo. Já o presidente do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), Sérgio Mazina Martins, diz que o quadro descrito pelo relatório “mostra a dificuldade que o Estado brasileiro encontra para investigar a si mesmo”.
Preso diz a verdade?
A percepção de que a Justiça é condescendente com agentes de Estado acusados de crime de tortura é algo já consagrado no meio acadêmico brasileiro. A pesquisadora Maria Gorete Marques de Jesus, coautora do relatório da Pastoral Carcerária, relata, em seu livro O crime de tortura e justiça criminal (IBCCRIM, 2010), o desdobramento de 51 julgamentos de tortura processados no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, entre 2000 e 2008.
A pesquisa aponta, entre outros números, que, dos 49 policiais civis acusados de tortura, 46 foram absolvidos, dois foram condenados por crime de tortura e um foi condenado por outro crime. É comum um agente de Estado ser condenado por lesão corporal ou por abuso de autoridade em casos de alegação de tortura de presos. Dos dez agentes carcerários que sofreram denúncia, cinco foram absolvidos, dois foram condenados por crime de tortura e três foram condenados por outro crime. Ao se deparar com as denúncias de tortura oferecidas pelo Ministério Público contra civis (pais, mães, padrastos e madrastas), o resultado a que Maria Gorete chegou é bem diferente: três pessoas foram absolvidas, seis foram condenadas por crime de tortura e outras três foram condenadas por outro crime.
Segundo ela, nos processos em que os agentes de Estado são os agressores, o julgamento não tem como foco o acusado de crime de tortura, como nos casos envolvendo pais, mães, padrastos ou madrastas, mas sim a vítima. O que está em avaliação é se a vítima está realmente falando a verdade. “A sua fala é frequentemente contraposta à de seu agressor, que sempre afirma ser inocente das acusações. A condição da vítima, geralmente pessoa presa, detida ou suspeita de algum crime, a coloca no centro do julgamento. Não é mais o crime de tortura que é julgado, mas a própria vítima”, escreveu a pesquisadora em um trecho de suas conclusões.
Ainda de acordo com Maria Gorete, polícia, órgãos do Judiciário e imprensa, em geral, costumam escancarar casos de tortura ocorridos em um ambiente privado (onde os algozes costumam maltratar familiares) e, por outro lado, fazer vista grossa ante alegações de maus-tratos feitas por presos.
Um exemplo recente de repercussão nacional de um caso de tortura ocorrida em um ambiente privado é o da procuradora de Justiça aposentada Vera Lúcia de Sant'anna Gomes, de 66 anos, acusada de torturar com frieza e fúria uma menina de 2 anos que estava sob sua guarda. Capa da revista Veja com chamada “A confissão da bruxa” e principal entrevistada de uma edição do Fantástico, da TV Globo, Vera Lúcia encabeçou o noticiário nacional entre o fim de abril e meados de maio deste ano. Menos de dois meses depois, a acusada acabou condenada a 8 anos e 2 meses de prisão com pena a ser cumprida inicialmente em regime fechado. Tornou-se, em seguida, a presa de número 323 010 do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro.
Os casos envolvendo a tortura perpetrada contra presos resultam em processos que correm sob segredo de Justiça (a Pastoral Carcerária, mesmo na condição de denunciante, não consegue ter acesso ao andamento de 24 dos 71 casos denunciados entre 1997 e 2009 no Estado de São Paulo) e ganham, em um caso extremo, o pé de uma página interna de jornal.
“Se a procuradora aposentada [Vera Lúcia de Sant'anna Gomes] tivesse torturado um preso na condição de servidora do Estado, certamente ninguém a conheceria e ela não seria condenada”, diz Jesus Filho.
O caso Matosão
Em julho passado, o motorista condenado por tráfico de entorpecentes Marco Aurélio Paixão da Silva, de 36 anos, conhecido entre criminosos e policiais como “Matosão”, concedeu uma entrevista a uma emissora de TV maranhense em que embora seu rosto não aparecesse, sua voz e entonação acabaram sendo reconhecidas por colegas de cela e carcereiros. Na entrevista, Matosão delatava práticas de tortura que ele dizia ter presenciado na penitenciária de Pedrinhas, na periferia de São Luís, onde cumpria pena. Dizia, também, os pormenores de casos de homicídios, de tráfico de celulares, armas e drogas e de abuso de autoridade contra detentos da sua unidade. Segundo Matosão, o chefe do esquema criminoso que controlava não só aquele presídio, mas todo o sistema carcerário estadual, era ninguém menos que Carlos James Moreira, secretário adjunto de Administração Penitenciária do governo Roseana Sarney (PMDB).
Autoridades policiais e judiciais costumam não dar crédito ao que um preso diz. Alegam que, no mais das vezes, um detento só delata algum tipo de infração supostamente cometida por carcereiros e/ou diretores de uma unidade quando quer conseguir transferência para outro presídio para escapar de ameaças de algum colega de cela ou ficar mais próximo de familiares. Para que as denúncias feitas por Matosão resultassem em uma investigação, ONGs como a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e órgãos como o Ministério Público Estadual se mobilizaram para, antes de mais nada, tirá-lo da penitenciária de Pedrinhas e, assim, poupá-lo de já anunciadas represálias.
No dia 13 de julho, sete dias depois da entrevista, a Justiça acatou um pedido de livramento condicional em favor do motorista e a Ouvidoria de Segurança Pública solicita por duas vezes em uma semana proteção policial para ele. Os pedidos não são respondidos.
No dia 21 de julho, Matosão ingressaria no programa de proteção a testemunhas. Por volta das seis e meia da manhã desse mesmo dia, dois homens arrombaram a porta e invadiram a quitinete onde ele dormia com a mulher e os três filhos, na vila Ivar Saldanha, periferia de São Luís. Um deles efetuou dez disparos. Dois acertaram a cabeça e outros quatro atingiram o tórax de Matosão, que tentou, em vão, se esconder atrás da porta do quarto. Ele morreu na hora. Dois dias depois, Roseana Sarney, sob protesto de muitos carcereiros, demitiu Carlos James Moreira.
Menos de duas semanas depois, um novo fato ocorrido dentro de um presídio maranhense foi notícia nos jornais de São Luís: dizia o título da matéria publicada no site do jornal O Imparcial, do conglomerado Diários Associados: “Detento é executado com 25 chuçadas em Pedrinhas”. Segundo o jornal, o detento Alex dos Santos Boás foi morto após sofrer 25 perfurações, cinco delas no pescoço. Um detento, que não quis se identificar, contou ao jornal que a vítima já estava jurada de morte por outro detento e que, se alguém falasse quem tinham sido os autores do crime, seria assassinado.
11 recomendações
O relatório sobre tortura da Pastoral Carcerária traz 11 recomendações ao Estado brasileiro. A primeira e mais importante fala da “implementação do mecanismo nacional e estadual de prevenção à tortura nos locais de privação de liberdade, previsto no Protocolo Facultativo à Convenção da ONU contra a Tortura”. Segundo a ONG, hoje apenas os estados de Alagoas e Rio de Janeiro possuem um mecanismo de prevenção à tortura. Segundo o advogado José de Jesus Filho (na foto), o Brasil, por ser signatário do protocolo da ONU, já deveria ter adotado seu mecanismo por meio de projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional em 2007. “Há um estudo concluído há cerca de um ano, guardado em uma gaveta da Casa Civil da Presidência da República, que nunca foi enviado para ser discutido e, depois, aprovado pelo Congresso.”
No rol de recomendações práticas, que podem ser adotadas pelos estados, está a “criação de uma delegacia própria para apuração dos casos de tortura [como há delegacias especializadas nas investigações de homicídios, por exemplo], com independência funcional” ante às secretarias de Segurança Pública.
Ao longo dos treze anos de existência da lei 9.455/97, que tipifica o crime de tortura, a Pastoral Carcerária Nacional relatou à Justiça e aos órgãos de governos estaduais - incluindo corregedorias e ouvidorias do sistema penitenciário - 211 casos de tortura de presos no País. Em nenhum deles houve condenação de um agente do Estado. Constantes em um relatório inédito divulgado pela ONG ligada à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), da Igreja Católica, lançado no começo de agosto em São Paulo, os números apontam que o tratamento indigno dispensado a quem cumpre pena no País por envolvimento com o crime representa uma perversa e secular continuidade.
O “Relatório sobre tortura – Uma experiência de monitoramento dos locais de detenção para prevenção da tortura” é uma reunião de todos os casos de alegação de tortura obtidos por agentes da Pastoral Carcerária em visitas a presídios para prestação de serviço religioso, pelo próprio detento ou pelos seus familiares. Segundo o advogado José de Jesus Filho, um dos autores do estudo, o banco de dados da ONG sobre violação dos direitos humanos da população carcerária traz ao menos outros 90 casos de tortura que foram excluídos do relatório por não terem sido obtidos “em primeira mão” pela entidade, o que impossibilitou o acompanhamento do desdobramento jurídico de cada denúncia.
De acordo com Jesus Filho, o documento “é o único relatório que mostra que a tortura é algo presente, atual e não tema do passado, e que o Brasil precisa tomar medidas para erradicá-la”. Segundo ele, o estudo aborda “a continuidade de um histórico de autoritarismo” no País. “Infelizmente, há uma espécie de ralé estrutural brasileira que é torturável. Assim como no período colonial os presos podiam apanhar, o preso hoje pode apanhar.”
Segundo o relatório, um preso começa a ser torturado no Brasil, hoje, na rua, em casa ou em estabelecimentos comerciais em que é abordado por policiais militares. Neste momento, a agressão é perpetrada com o fim de obter informação ou para castigá-lo. Na delegacia, a tortura feita por investigadores e/ou delegados é, no mais das vezes, parte da investigação: a vítima apanha ou para confessar a suspeita de um crime ou para apontar o nome de supostos criminosos envolvidos em algum delito do qual ela tenha participado ou possua informações a respeito. Já nos presídios, a tortura parte de carcereiros e/ou diretores em caso de castigos e de PMs em situações de contenção de rebelião, fuga e realização de revista.
Pelo relatório, as polícias militares são responsáveis por 46 dos 165 casos de alegação de tortura nos quais a Pastoral Carcerária conseguiu apontar a suspeita de que um agente de Estado tenha sido o responsável. Em seguida, vêm os agentes de segurança penitenciária, com 44 casos, e, por último, os policiais civis, com 12 casos. Em outras 46 denúncias, os agentes da Pastoral Carcerária não conseguiram identificar o autor da tortura e em 44 casos a violência foi praticada conjuntamente por diferentes agentes de Estado.
Um terço dos casos de alegação de tortura foi levado por agentes da Pastoral para promotorias de Justiça estaduais com o objetivo de que inquéritos policiais fossem instaurados para apurar as denúncias. Uma parcela um pouco menor das ocorrências foi encaminhada a corregedorias e a ouvidorias das polícias e das pastas de Estado que administram o sistema carcerário. Em alguns estados, como São Paulo, existe uma Secretaria de Administração Penitenciária; em outros, como Acre e Rio Grande do Norte, a administração dos presídios cabe às Secretarias de Justiça.
No ranking por estados, São Paulo encabeça a lista de casos de tortura, com 71 das 211 ocorrências, seguido por Maranhão, com 30, Goiás, com 25, e Rio Grande do Norte, com 12. Segundo os autores do relatório, entretanto, as diferenças quanto aos números de denúncias por região ocorrem porque “em alguns locais a tradição de denunciar casos de tortura está bem sedimentada”. “Em São Paulo há um advogado contratado pela Pastoral e quatro estagiários, que vão uma vez por semana aos fóruns para atualizar os casos e protocolar eventual manifestação. O Rio Grande do Norte não conta com advogados, porém dispõe de agentes tecnicamente qualificados para o processamento dos casos.”
Em uma de suas conclusões, um trecho do relatório diz que “juízes, delegados e promotores de Justiça demonstram pouca ou nenhuma motivação em apurar, denunciar ou processar os casos de tortura”. Para o jurista Hélio Bicudo, presidente da Fundação Interamericana de Direitos Humanos, os números do relatório são “até benevolentes para a realidade do sistema prisional brasileiro”. De acordo com ele, a tortura “está institucionalizada nas polícias Civil e Militar e continua ignorada pelo Ministério Público e Judiciário, que a encaram como um mal necessário [nas investigações]”. E o desfecho judicial dos casos de tortura é sinal de um poder Judiciário “mequetrefe e divorciado da realidade”, critica Bicudo. Já o presidente do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), Sérgio Mazina Martins, diz que o quadro descrito pelo relatório “mostra a dificuldade que o Estado brasileiro encontra para investigar a si mesmo”.
Preso diz a verdade?
A percepção de que a Justiça é condescendente com agentes de Estado acusados de crime de tortura é algo já consagrado no meio acadêmico brasileiro. A pesquisadora Maria Gorete Marques de Jesus, coautora do relatório da Pastoral Carcerária, relata, em seu livro O crime de tortura e justiça criminal (IBCCRIM, 2010), o desdobramento de 51 julgamentos de tortura processados no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, entre 2000 e 2008.
A pesquisa aponta, entre outros números, que, dos 49 policiais civis acusados de tortura, 46 foram absolvidos, dois foram condenados por crime de tortura e um foi condenado por outro crime. É comum um agente de Estado ser condenado por lesão corporal ou por abuso de autoridade em casos de alegação de tortura de presos. Dos dez agentes carcerários que sofreram denúncia, cinco foram absolvidos, dois foram condenados por crime de tortura e três foram condenados por outro crime. Ao se deparar com as denúncias de tortura oferecidas pelo Ministério Público contra civis (pais, mães, padrastos e madrastas), o resultado a que Maria Gorete chegou é bem diferente: três pessoas foram absolvidas, seis foram condenadas por crime de tortura e outras três foram condenadas por outro crime.
Segundo ela, nos processos em que os agentes de Estado são os agressores, o julgamento não tem como foco o acusado de crime de tortura, como nos casos envolvendo pais, mães, padrastos ou madrastas, mas sim a vítima. O que está em avaliação é se a vítima está realmente falando a verdade. “A sua fala é frequentemente contraposta à de seu agressor, que sempre afirma ser inocente das acusações. A condição da vítima, geralmente pessoa presa, detida ou suspeita de algum crime, a coloca no centro do julgamento. Não é mais o crime de tortura que é julgado, mas a própria vítima”, escreveu a pesquisadora em um trecho de suas conclusões.
Ainda de acordo com Maria Gorete, polícia, órgãos do Judiciário e imprensa, em geral, costumam escancarar casos de tortura ocorridos em um ambiente privado (onde os algozes costumam maltratar familiares) e, por outro lado, fazer vista grossa ante alegações de maus-tratos feitas por presos.
Um exemplo recente de repercussão nacional de um caso de tortura ocorrida em um ambiente privado é o da procuradora de Justiça aposentada Vera Lúcia de Sant'anna Gomes, de 66 anos, acusada de torturar com frieza e fúria uma menina de 2 anos que estava sob sua guarda. Capa da revista Veja com chamada “A confissão da bruxa” e principal entrevistada de uma edição do Fantástico, da TV Globo, Vera Lúcia encabeçou o noticiário nacional entre o fim de abril e meados de maio deste ano. Menos de dois meses depois, a acusada acabou condenada a 8 anos e 2 meses de prisão com pena a ser cumprida inicialmente em regime fechado. Tornou-se, em seguida, a presa de número 323 010 do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro.
Os casos envolvendo a tortura perpetrada contra presos resultam em processos que correm sob segredo de Justiça (a Pastoral Carcerária, mesmo na condição de denunciante, não consegue ter acesso ao andamento de 24 dos 71 casos denunciados entre 1997 e 2009 no Estado de São Paulo) e ganham, em um caso extremo, o pé de uma página interna de jornal.
“Se a procuradora aposentada [Vera Lúcia de Sant'anna Gomes] tivesse torturado um preso na condição de servidora do Estado, certamente ninguém a conheceria e ela não seria condenada”, diz Jesus Filho.
O caso Matosão
Em julho passado, o motorista condenado por tráfico de entorpecentes Marco Aurélio Paixão da Silva, de 36 anos, conhecido entre criminosos e policiais como “Matosão”, concedeu uma entrevista a uma emissora de TV maranhense em que embora seu rosto não aparecesse, sua voz e entonação acabaram sendo reconhecidas por colegas de cela e carcereiros. Na entrevista, Matosão delatava práticas de tortura que ele dizia ter presenciado na penitenciária de Pedrinhas, na periferia de São Luís, onde cumpria pena. Dizia, também, os pormenores de casos de homicídios, de tráfico de celulares, armas e drogas e de abuso de autoridade contra detentos da sua unidade. Segundo Matosão, o chefe do esquema criminoso que controlava não só aquele presídio, mas todo o sistema carcerário estadual, era ninguém menos que Carlos James Moreira, secretário adjunto de Administração Penitenciária do governo Roseana Sarney (PMDB).
Autoridades policiais e judiciais costumam não dar crédito ao que um preso diz. Alegam que, no mais das vezes, um detento só delata algum tipo de infração supostamente cometida por carcereiros e/ou diretores de uma unidade quando quer conseguir transferência para outro presídio para escapar de ameaças de algum colega de cela ou ficar mais próximo de familiares. Para que as denúncias feitas por Matosão resultassem em uma investigação, ONGs como a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e órgãos como o Ministério Público Estadual se mobilizaram para, antes de mais nada, tirá-lo da penitenciária de Pedrinhas e, assim, poupá-lo de já anunciadas represálias.
No dia 13 de julho, sete dias depois da entrevista, a Justiça acatou um pedido de livramento condicional em favor do motorista e a Ouvidoria de Segurança Pública solicita por duas vezes em uma semana proteção policial para ele. Os pedidos não são respondidos.
No dia 21 de julho, Matosão ingressaria no programa de proteção a testemunhas. Por volta das seis e meia da manhã desse mesmo dia, dois homens arrombaram a porta e invadiram a quitinete onde ele dormia com a mulher e os três filhos, na vila Ivar Saldanha, periferia de São Luís. Um deles efetuou dez disparos. Dois acertaram a cabeça e outros quatro atingiram o tórax de Matosão, que tentou, em vão, se esconder atrás da porta do quarto. Ele morreu na hora. Dois dias depois, Roseana Sarney, sob protesto de muitos carcereiros, demitiu Carlos James Moreira.
Menos de duas semanas depois, um novo fato ocorrido dentro de um presídio maranhense foi notícia nos jornais de São Luís: dizia o título da matéria publicada no site do jornal O Imparcial, do conglomerado Diários Associados: “Detento é executado com 25 chuçadas em Pedrinhas”. Segundo o jornal, o detento Alex dos Santos Boás foi morto após sofrer 25 perfurações, cinco delas no pescoço. Um detento, que não quis se identificar, contou ao jornal que a vítima já estava jurada de morte por outro detento e que, se alguém falasse quem tinham sido os autores do crime, seria assassinado.
11 recomendações
O relatório sobre tortura da Pastoral Carcerária traz 11 recomendações ao Estado brasileiro. A primeira e mais importante fala da “implementação do mecanismo nacional e estadual de prevenção à tortura nos locais de privação de liberdade, previsto no Protocolo Facultativo à Convenção da ONU contra a Tortura”. Segundo a ONG, hoje apenas os estados de Alagoas e Rio de Janeiro possuem um mecanismo de prevenção à tortura. Segundo o advogado José de Jesus Filho (na foto), o Brasil, por ser signatário do protocolo da ONU, já deveria ter adotado seu mecanismo por meio de projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional em 2007. “Há um estudo concluído há cerca de um ano, guardado em uma gaveta da Casa Civil da Presidência da República, que nunca foi enviado para ser discutido e, depois, aprovado pelo Congresso.”
No rol de recomendações práticas, que podem ser adotadas pelos estados, está a “criação de uma delegacia própria para apuração dos casos de tortura [como há delegacias especializadas nas investigações de homicídios, por exemplo], com independência funcional” ante às secretarias de Segurança Pública.
domingo, 19 de setembro de 2010
Ferréz deixa a Caros Amigos
"Amigos leitores, venho por meio desse curto post dizer que pedi demissão da Revista Caros Amigos a alguns dias. Escrevi na revista durante 10 anos, e foram muitos momentos bons, tive a sorte de conviver com grandes jornalistas e profissionais de primeira linha. A maior lembrança que trago é minha amizade com Thiago Domenici, Marina Amaral e o fundador da Caros, o grande Sérgio de Souza. Sei que deixo alguns leitores órfãos, mas vou manter nesse blog todo mês um texto inédito para compensar. O motivo é bem simples, estou repensando minha carreira e nesse momento pretendo me dedicar aos meus projetos recentes. Agradeço de coração aos que me acompanharam nesse tempo, e também aos que leram ao menos um texto nesses 10 anos. A partir de agora nos vemos sempre por aqui. Grande abraço. Ferréz"
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Dois pesos e duas medidas
Aprendi com mestres e inspiradores, nas salas de aula e redações, que jornalistas atentos devem sempre apurar informações criteriosamente. Incluindo, claro, as fontes. Sejam “vivas” ou documentais.
Partindo desse raciocínio, imagina-se que veículos de comunicação e profissionais sérios utilizariam fontes confiáveis, o que deveria ser pré-requisito e não mero detalhe. No entanto, a cada edição veiculada em boa parte da imprensona, isso parece se tornar algo dispensável nas redações, ou pela busca do furo jornalístico ou por interesses diversos, na maioria das vezes, político-econômicos.
Nesta quinta-feira, destaque da Folha de S. Paulo e objeto de reportagem do grupo Globo – além de passar por várias emissoras de TV e rádio – o consultor Rubnei Quícoli declara que tentava obter financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e acusa o filho da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, de nome Israel Guerra, de fazer tráfico de influência (o famoso lobbie) e solicitar comissão como “mediador” do negócio. Ele denuncia, ainda, que a propina supostamente pedida iria para o PT, financiando a campanha da candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. Porém, seria a fonte confiável? E mesmo que suas informações se confirmem, todos os lados foram devidamente apurados?
Já em entrevista ao site de O Globo, Quícoli afirma não ter provas sobre o dinheiro que teria como destino o PT. Diz que apenas ouviu a informação do ex-diretor dos Correios, Marco Antonio Oliveira. Algo tanto estranho numa “reportagem investigativa”. Tão grave quanto ocorre com a omissão de fatos. Alguns detalhes, ao menos em princípio, não foram contados sobre a “fonte”. E, sabe-se bem, o impacto do que vem depois nunca é igual ao da “notícia bomba”.
Homem de extensa ficha criminal, em 2000, o consultor foi acusado de receptação de moeda falsa num posto de gasolina, em Campinas. No local, a polícia apreendeu com ele sete notas de R$ 50,00, todas falsificadas. Em 2003, foi denunciado, segundo a Justiça, “por ocultar em proveito próprio e alheio uma carga de dez toneladas de condimentos”, que Rubnei alegou “sabia ser produto de crime de roubo". Condenado por crimes de receptação, coação e roubo de cargas, no ano de 2007, passou cerca de dez meses na prisão.
A “fonte” declarou que foi filiada ao PSDB e que, neste ano, votará em José Serra para presidente. No mesmo dia em que foi personagem principal de veículos do que alguns já chamam de “velha mídia”, gravou depoimento para o programa do tucano.
Mostrado em fotos estouradas nas páginas de jornalões e sites, se dizendo estarrecido com a cobrança de propina, o consultor é mostrado como um sujeito impoluto, merecedor de credibilidade irrestrita.
Nestas linhas, não pretendo questionar Quícoli porque cometeu crimes e foi preso. Se assim o fizesse, seria incoerente com a postura de acreditar na reabilitação do ser humano e entraria na onda da turma que condena pessoas eternamente por deslizes passados. Tampouco quero desmerecê-lo por preferências partidárias. É da democracia que as pessoas façam escolhas, concordemos com elas ou não.
Contudo, é inaceitável trazer à tona “informações” de uma fonte que faz acusações, sem provas, em um momento oportunista, num cenário eleitoral. Pior é esconder do cidadão, na vertente jornalística (???) que tanto prega “que o público tem o direito de saber”, as ligações e a história da figura, de interesse tão óbvio à candidatura tucana.
São, de fato, dois pesos e duas medidas. Levanta-se tudo sobre um lado da disputa e omite-se o máximo de outro. Há, realmente, cheiro de tentativa desesperada para virada de mesa. Depois, os pretensos “ouvidores da sociedade” e “porta-vozes da opinião pública” gritam que os blogueiros é que são sujos e repudiam quem chama a velha mídia de partido golpista.
Moriti Neto é jornalista e colunista do Nota de Rodapé.
Partindo desse raciocínio, imagina-se que veículos de comunicação e profissionais sérios utilizariam fontes confiáveis, o que deveria ser pré-requisito e não mero detalhe. No entanto, a cada edição veiculada em boa parte da imprensona, isso parece se tornar algo dispensável nas redações, ou pela busca do furo jornalístico ou por interesses diversos, na maioria das vezes, político-econômicos.
Nesta quinta-feira, destaque da Folha de S. Paulo e objeto de reportagem do grupo Globo – além de passar por várias emissoras de TV e rádio – o consultor Rubnei Quícoli declara que tentava obter financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e acusa o filho da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, de nome Israel Guerra, de fazer tráfico de influência (o famoso lobbie) e solicitar comissão como “mediador” do negócio. Ele denuncia, ainda, que a propina supostamente pedida iria para o PT, financiando a campanha da candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. Porém, seria a fonte confiável? E mesmo que suas informações se confirmem, todos os lados foram devidamente apurados?
Já em entrevista ao site de O Globo, Quícoli afirma não ter provas sobre o dinheiro que teria como destino o PT. Diz que apenas ouviu a informação do ex-diretor dos Correios, Marco Antonio Oliveira. Algo tanto estranho numa “reportagem investigativa”. Tão grave quanto ocorre com a omissão de fatos. Alguns detalhes, ao menos em princípio, não foram contados sobre a “fonte”. E, sabe-se bem, o impacto do que vem depois nunca é igual ao da “notícia bomba”.
Homem de extensa ficha criminal, em 2000, o consultor foi acusado de receptação de moeda falsa num posto de gasolina, em Campinas. No local, a polícia apreendeu com ele sete notas de R$ 50,00, todas falsificadas. Em 2003, foi denunciado, segundo a Justiça, “por ocultar em proveito próprio e alheio uma carga de dez toneladas de condimentos”, que Rubnei alegou “sabia ser produto de crime de roubo". Condenado por crimes de receptação, coação e roubo de cargas, no ano de 2007, passou cerca de dez meses na prisão.
A “fonte” declarou que foi filiada ao PSDB e que, neste ano, votará em José Serra para presidente. No mesmo dia em que foi personagem principal de veículos do que alguns já chamam de “velha mídia”, gravou depoimento para o programa do tucano.
Mostrado em fotos estouradas nas páginas de jornalões e sites, se dizendo estarrecido com a cobrança de propina, o consultor é mostrado como um sujeito impoluto, merecedor de credibilidade irrestrita.
Nestas linhas, não pretendo questionar Quícoli porque cometeu crimes e foi preso. Se assim o fizesse, seria incoerente com a postura de acreditar na reabilitação do ser humano e entraria na onda da turma que condena pessoas eternamente por deslizes passados. Tampouco quero desmerecê-lo por preferências partidárias. É da democracia que as pessoas façam escolhas, concordemos com elas ou não.
Contudo, é inaceitável trazer à tona “informações” de uma fonte que faz acusações, sem provas, em um momento oportunista, num cenário eleitoral. Pior é esconder do cidadão, na vertente jornalística (???) que tanto prega “que o público tem o direito de saber”, as ligações e a história da figura, de interesse tão óbvio à candidatura tucana.
São, de fato, dois pesos e duas medidas. Levanta-se tudo sobre um lado da disputa e omite-se o máximo de outro. Há, realmente, cheiro de tentativa desesperada para virada de mesa. Depois, os pretensos “ouvidores da sociedade” e “porta-vozes da opinião pública” gritam que os blogueiros é que são sujos e repudiam quem chama a velha mídia de partido golpista.
Moriti Neto é jornalista e colunista do Nota de Rodapé.
Liquidificador: filme sobre o Facebook e polêmica na Bienal
Imagine a turbulência mental ao ler detalhadamente todas as notícias mais “importantes” do dia veiculadas no jornal do dia seguinte. S.A.T.U.R.A.Ç.Ã.O é o que penso sempre que pego o jornal, qualquer deles. “Não quero saber, mas preciso”. Liquidificador da informação é um apanhado. Nada mais. Aqui, somente, apenas, a informação menor. O que batemos o olho. De ontem, não te importa hoje. Respire e vá de um fôlego.
Dia 17 de setembro. Ontem o documentário Impasse foi lançado em Florianópolis. “Mais de 600 pessoas. E depois da exibição, o povo fechou a Beira-Mar Norte”, me escreveu um dos diretores, Fernando Evangelista. Enquanto isso, Jornal da Globo fazia ontem à noite campanha pró-Serra. Tentava, a todo o momento, colar a história de Erenice a Dilma Rousseff. Lula declarou sobre o episódio. “Quando a gente está na máquina pública não tem direito de errar. E, se errar, tem de pagar.” A imprensa é assim: agora Folha e Veja brigam para ter o mérito da queda da ministra. Diário de S. Paulo força a barra e faz chamada dizendo que Erenice Guerra é o “Zé Dirceu” de Dilma. Os metalúrgicos estão em greve. Saiu pesquisa Datafolha para os governos estaduais. Alckmin na frente em SP (51%) e em Minas, Anastasia (40%) à frente de Helio Costa (37%). Pressionado, o garoto Neymar pediu desculpas a todos em coletiva de imprensa. Esse não toma jeito: Dado Dolabella perde carteira durante blitz da Lei Seca.
Diz o jornal Extra do RJ que até um cofre de hóstias e um crucifixo foram encontrados na casa de um dos suspeitos de roubar a chácara da família do padre Marcelo Rossi, na última terça-feira, na cidade de Itupeva, no interior de São Paulo. Jornal da Tarde diz que faltam especialistas para a Aids em SP. “70% dos médidos não tem formação específica”. Notícia da Rede Brasil Atual informa que Pesquisa do Ibope divulgada ontem sobre a mobilidade urbana na capital paulista revela que o paulistano gasta em média 30 dias por ano no trânsito. O ator de Che Guevara, Benício del Toro visitou ontem a Escola Florestan Fernandes, do MST. Usou o boné do movimento e ainda visitaria Lula e Dilma. Os “reaça” vão chamá-lo de bandido por isso?
Garota, de Vargem Grande, SP, acha o sequestrador em página do Orkut – bandido foi preso em casa, na cidade de São Vicente (estaria criando uma conta no Facebook?). Aliás, um filme e um documentário com a história do Facebook serão lançados nos Estados Unidos. "Catfish", do diretor Ariel Schulman, estreia hoje. Já o “The Social Network", de David Fincher, deve ir para o cinema norte-americano no dia 1º de outubro. Segundo o site Comunique-se, “Catfish” fala dos avanços tecnológicos e do impacto das redes sociais. Já a produção “The Social Network", do mesmo diretor de “O clube da luta” e “O curioso caso de Benjamin Button”, conta o processo de criação do Facebook, maior rede social do mundo, com mais de 500 milhões de usuários ativos.” (trailer abaixo). Celebridades e personalidades que tiveram o sigilo telefônico violado a mando da direção do tabloide sensacionalista britânico News of The World ganhou 32 nomes nessa semana, informa o The Guardian. Entre eles, estão os príncipes William e Harry.
Estadão traz imagem do artista Gil Vicente que estará na Bienal (ao lado). Nelas, retrato do próprio artista “matando” FHC e Lula. No site dele, ela mata outros como Ahmadinejad do Irã. Polêmico, hem? Sarkozy diz que deportação de ciganos continuará. Polêmico também, hem? Metrô de SP teve apagão elétrico ontem. Teve gente que passou mal com a falta de ventilação. Governo federal quer distribuir camisinhas nas escolas públicas. Para finalizar, STF julga o ficha suja Joaquim Roriz na próxima quarta-feira. Até segunda-feira.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
A internet a favor da política
Na última semana, indiquei o site Voto Aberto, no qual você dá seu parecer sobre propostas que foram para votação e checa se seu candidato agiu como você gostaria. Da análise de ação, chegou a mim outro site com o mesmo mecanismo, mas com um olhar um pouco mais ideológico da coisa. O Repolítica faz 8 perguntas ao eleitor, todas relacionadas com valores e prioridades de mandato. Ao fim, o resultado te indica o político mais próximo do que você acredita. Outra indicação, no Vote na web, você seleciona um candidato e pode verificar se ele votou a favor ou contra determinado projeto, além de saber quais ele enviou para análise. Os caras mostram também como foi a votação no Senado ou na Câmara e qual é a opinião das pessoas a respeito do tema.
O Meu voto traz uma lista de 30 perguntas sobre temas relevantes e polêmicos para apontar seu grau de identificação com os candidatos. Interessante por não apontar no resultado final um resultado único, mas uma mescla aberta para análise.
Fica o desafio para visitar estes sites e ver se concorda com os resultados. Quem sabe você não conhece melhor aquele candidato que você só gostava porque “vai com a cara dele”, é surpreendido com algum figura nova ou, no pior dos casos, volta aqui pra criticar e indicar algo melhor?
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR
O Meu voto traz uma lista de 30 perguntas sobre temas relevantes e polêmicos para apontar seu grau de identificação com os candidatos. Interessante por não apontar no resultado final um resultado único, mas uma mescla aberta para análise.
Fica o desafio para visitar estes sites e ver se concorda com os resultados. Quem sabe você não conhece melhor aquele candidato que você só gostava porque “vai com a cara dele”, é surpreendido com algum figura nova ou, no pior dos casos, volta aqui pra criticar e indicar algo melhor?
Diogo Ruic é jornalista e editor assistente do NR
Liquidificador: mulher do fenômeno diz que ele não é de "ninguém"
Imagine a turbulência mental ao ler detalhadamente todas as notícias mais “importantes” do dia veiculadas no jornal do dia seguinte. S.A.T.U.R.A.Ç.Ã.O é o que penso sempre que pego o jornal, qualquer deles. “Não quero saber, mas preciso”. Liquidificador da informação é um apanhado. Nada mais. Aqui, somente, apenas, a informação menor. O que batemos o olho. De ontem, não te importa hoje. Respire e vá de um fôlego.
Dia 16 de setembro. Pesquisa Datafolha aponta Dilma (51%) à frente de Serra (27%). Ela venceria no primeiro turno. “Faz de conta que eu não vim”, diz Serra, irritado, em programa de Márcia Peltier na CNT.
Candidato se levantou para deixar entrevista dizendo que era uma montagem. Apresentadora insistiu para manter a discussão, mas Serra pediu para desligar as câmeras e só voltou depois de conversar reservadamente. Falou depois que estava com problema estomacal. Hãhã. Um apresentador de um telejornal da Eslôvenia esqueceu por um momento que estava apenas com a parte de cima do terno e, ao se afastar da bancada, deixou seu calção aparecer (no vídeo abaixo). A FSP faz denúncia contra filho de Erenice, da Casa Civil. Como diria o Capitão Nascimento, “Erenice, pede pra sair”.E saiu.
Saiu pesquisa Ibope de Alagoas e Tocantins para o Senado.A Gerdau comprou uma siderúrgica nos EUA. A Vale fechou acordo com a ArcelloMittal. Sarkozy falou na França e atacou – com apoio de Berlusconi – a União Europeia. Hamas lançou projéteis de fósforo. Japão intervêm no câmbio enquanto ministério do Meio Ambiente do Brasil anúncia medidas para conter desmatamento no Cerrado. O jornalista Fabiano Rampazzo lançará em outubro o livro "Vestida para Causar", a biografia de Geisy Arruda, pela editora Matrix, informa a coluna de Mônica Bergamo.
O coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Égon Dionísio Reck, afirmou que um grupo de 150 índios da etnia guarani-caiuá está confinado sob vigilância de homens armados na Fazenda São Luíz, em Paranhos (MS) – os índios são “diuturnamente intimidados pelos capangas do fazendeiro que disparam seguidos tiros para o alto, principalmente durante a noite”, disse o coordenador.
Boa iniciativa: ação impetrada por 3 ex-funcionárias do Goldman Sachs (EUA) contra o banco alegando que este mantém uma “cultura corporativa antiquada” que priva as funcionárias do sexo feminino de pagamentos e promoções disponíveis aos homens – a ação foi aberta por Cristina Chen-Oster, ex-vice-presidente de obrigações conversíveis, Lisa Parisi, ex-diretora-gerente de gerenciamento de ativos e por Shanna Orlich, ex-associada da área comercial.No Rio de Janeiro, carro que for rebocado poderá ser liberado via internet. Caixa terá de pagar meio milhão ao caseiro Francenildo, aquele que derrubou Palocci – violação de sigilo bancário é afronta a Constituição. E o Neymar, hem? Agora xingou o técnico Dorival Júnior que não o deixou bater um penalti. Outro técnico, René Simões, disse que “estamos criando um monstro”. Que exagero!
E essa: Bia, mulher do fenômeno, disse que Ronaldo não é dela nem de “ninguém”. “Tento fingir para mim mesma que não sou ciumenta”, afirmou para nada mais, nada menos, do que Márcia Goldschmidt. Atenção, atenção, falta um mês para o horário de verão. Até amanhã!
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